15 de abril, de 2009 | 00:00

Usiminas vira um canteiro de obras

Empresa conclui reforma de Altos-fornos e investe em novas Coqueria e Galvanização

Fotos: João Rabelo


Delson Tolentino (ao fundo), Omar Silva (C) e Francisco Amério: demonstração de confiança da Usiminas
IPATINGA – A Usina Intendente Câmara, em Ipatinga, virou um grande canteiro de obras. Três grandes projetos estão sendo tocados paralelamente, como parte do programa de expansão da Usiminas, que prevê investimentos da ordem de US$ 8 bilhões nos próximos cinco anos, não só em Ipatinga mas também nas outras unidades do Sistema Usiminas em Minas Gerais.A movimentação na área interna da Usiminas é grande. Além do efetivo da siderúrgica, mais 4.787 funcionários foram contratados pelas empresas que estão tocando as obras, sobretudo nas áreas de construção civil e montagem. A previsão é que o pique das obras ocorra até julho do ano que vem, quando o número de trabalhadores deverá passar de 5.000.Conforme o vice-presidente Industrial, Omar Silva Júnior, as obras são uma “demonstração de confiança” da empresa, apesar do cenário conturbado criado pela crise financeira mundial. Ele disse que, por meio desse conjunto de ações, a empresa “está enfrentando a crise, se movimentando, criando oportunidades dentro de suas atuais possibilidades e construindo o seu projeto de crescimento”.São três grandes obras na usina de Ipatinga mas, no total, incluindo todas as empresas do grupo, esse número chega a 46 projetos. A previsão é que todos sejam concluídos no prazo de cinco anos.

A Coqueria 3 está sendo construída com tecnologia chinesa
GalvanizaçãoA principal obra em execução na Usiminas é a construção da segunda unidade de galvanização da Unigal, com capacidade para produção de mais 550 mil toneladas/ano de produtos galvanizados, mais nobres e utilizados principalmente pela indústria automobilística.As obras da Unigal II foram iniciadas há mais tempo, ainda no ano passado, e atualmente estão em fase civil, com a fundação do edifício principal. Até agora já foram contratados 505 empregados e a previsão é que, no pico das obras, o efetivo chegue a 1.180 operários.A Unigal II – como a primeira unidade de galvanização da empresa – é resultado de uma joint venture com a Nippon Steel, com previsão de investimentos de R$ 1,08 bilhão. O prazo estipulado pela empresa para entrada em operação da nova unidade de galvanizados é para o primeiro trimestre de 2011.Conforme o engenheiro Ronalde Moreira, responsável pela área de projetos da Usiminas, a obra da Unigal II está com uns dois meses de atraso, devido a fatores como chuva e o terreno do local, que é muito arenoso, além da necessidade de retirada de cabos e redes de gases e telefônica, e derrubada de alguns prédios, que foram transferidos para outros locais. Ele garante que esse atraso, porém, será recuperado e a obra será entregue no prazo.CoqueriaOutros R$ 670 milhões estão sendo investidos na construção da Coqueria 3, que está atualmente em fase de obras civis e de montagem eletromecânica. Mais de 2,5 mil empregos foram gerados até agora. A nova unidade deverá entrar em operação já em fevereiro do ano que vem.A Coqueria 3 está sendo construída com tecnologia chinesa, diferente da usada tradicionalmente pela siderurgia mundial. Os chineses estão à frente do projeto, acompanhando cada passo da obra que foi iniciada em julho do ano passado. Após a conclusão da obra, a empresa vai paralisar a Coqueria 1 para uma reforma.Chapas grossasA outra obra que completa o pacote de investimentos na Usina Intendente Câmara, iniciada neste mês, é a do resfriamento acelerado na Laminação de Chapas Grossas (CLC). O equipamento, o único do Brasil, permitirá a produção de chapas grossas com mais qualidade.Com essa obra, a Usiminas espera atender ao mercado de tubos de aço para extração de petróleo na camada pré-sal, que atualmente são importados. Com investimento de R$ 634 milhões, o “star up” da “nova” Laminação de Chapas Grossas está previsto para agosto de 2010, com a contratação de 1.630 empregados no período de pico.

A reforma do Alto-forno 2 será concluída até o mês que vem
Altos-fornosTambém estão sendo concluídas as reformas parciais dos Altos-fornos 1 e 2 da Usiminas, que estão parados desde o ano passado. Juntos, os dois fornos produzem quase 5 mil toneladas diárias de gusa, praticamente a metade do AF 3, o único que está operando atualmente. O AF 2 deverá fazer sua primeira corrida de gusa após a reforma já no dia 22 de maio próximo, enquanto o AF 1 deverá entrar em operação novamente a partir de 9 de junho.Empresa espera economizar R$ 1,2 bilhão em 2009A crise financeira global, que desde o final do ano passado vem fazendo estragos no mundo todo, é um grande desafio para a Usiminas, que, apesar das dificuldades, confia que após a retomada do mercado siderúrgico poderá sair na frente das concorrentes no país e até mesmo no exterior. “Não sabemos ainda se a economia mundial já chegou ao fundo do poço, mas estamos nos preparando para crescer mais e aproveitar as novas oportunidades”, afirmou ontem o vice-presidente Industrial da empresa, Omar Silva Júnior.A atual crise mundial é comparada pelo vice-presidente da Usiminas ao ataque às “Torres Gêmeas” dos Estados Unidos, em 2001. Coincidentemente, ambas as crises tiveram início no mês de setembro. “Antes dos ataques terroristas, a Bolsa dos EUA estava em 13 mil pontos e caiu para 9.800, e hoje está em 7.500. A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) chegou a 70 mil pontos, baixou para 30 mil e hoje, em recuperação, está chegando aos 45 mil pontos”, comparou.CicloPara superar esse desafio, conforme Omar Júnior, além da parada provisória de vários equipamentos, a empresa tem buscado reduzir os custos operacionais. De dezembro de 2008 até o mês passado, a economia feita pela Usiminas já soma R$ 176 milhões. A meta é atingir, até o final do ano, o patamar de R$ 1,2 bilhão.“A economia sempre passa por ciclos, a diferença é que desta vez não sabemos quanto tempo vai demorar. Mas temos certeza que a crise vai passar. Por isso a Usiminas está preparando-se para o pós-crise, buscando novas oportunidades em setores como o de mineração, gás e petrolífero. Temos grande potencial, mas acreditamos que podemos melhorar muito mais e, quando a crise passar, estaremos preparados para disputar a liderança do mercado”, afirmou Omar Júnior.Jakson Goulart
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