15 de março, de 2009 | 00:00

Difícil, mas possível

Mudança política em Ipatinga pode reparar racha entre entidades após o governo Quintão

FABRICIANO – No cargo de presidente da Associação dos Municípios pelo Desenvolvimento Integrado (AMDI) desde o dia 20 de fevereiro, o prefeito de Açucena, Ademir José Siman (PT), tem pela frente o desafio de tentar afinar o discurso com a Associação dos Municípios do Vale do Aço (AMVA). Com sede em Coronel Fabriciano, a AMDI surgiu do “racha” entre prefeitos petistas que, em 2005, não aceitaram a liderança do então prefeito de Ipatinga, Sebastião Quintão (PMDB), que, ao ser eleito presidente da entidade, foi acusado de encaminhar uma proposta política pessoal dentro da AMVA.Mas a separação dos municípios em duas entidades gera preocupação com a divisão de forças e, desde o ano passado, discute-se a possibilidade da fusão entre AMDI e AMVA, e até da extinção de uma das entidades. A discussão, que ganhou força no fim do ano passado, arrefeceu com as posses dos novos prefeitos em janeiro, e cada uma das entidades tratou de empossar novas diretorias.FusãoQuestionado sobre o assunto, o presidente da AMDI, Ademir Siman, confirma que tem faltado diálogo e, enquanto não se define nada, trata de desenvolver ações que fortaleçam a Associação. O prefeito não descarta a possibilidade até de uma futura fusão. “Não se discute nada sem antes oferecer, propor uma mudança e estabelecer o objetivo dessa fusão”, observa.Siman admite que uma única associação de municípios deveria representar melhor os interesses regionais, mas pondera que o fato de existirem duas entidades não significa perda de força política ou poder de reivindicação do Vale do Aço.Mas a existência de duas entidades de municípios pode gerar impasses, como, por exemplo, na hora das reivindicações junto à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru), que tem orçamento de aproximadamente R$ 1 milhão em 2009 para fortalecer tecnicamente as associações de municípios.MudançaA cassação do prefeito Sebastião Quintão em Ipatinga é vista pelo presidente da AMDI como uma possibilidade de mudança de rumos entre as duas entidades que reúne prefeitos da Região Metropolitana e do Colar Metropolitano do Vale do Aço.Para o prefeito de Açucena, “eram claros os interesses” de Quintão dentro da entidade, mas agora que ele está fora do processo – pelo menos enquanto não houver decisão da Justiça em contrário – e, se for confirmada definitivamente nova eleição em Ipatinga, haverá sequência da discussão entre as duas entidades.“Devemos aguardar a nova eleição acontecer e, talvez, até mesmo o Chico Ferramenta assumir. Não sabemos ainda o que a Justiça Eleitoral vai decidir”, observa Ademir Siman. Apesar da opinião, ele acrescenta que seu papel é o de buscar o entendimento para uma futura fusão, mas a decisão caberá ao colegiado de prefeitos que formam a AMDI. Presidente da AMVA apoia a reunificaçãoO presidente da Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do Aço (AMVA) e prefeito de Mesquita, José Euller (PPS), tem um discurso afinado contra a separação dos municípios em duas entidades. Confirma o discurso favorável à fusão com a Associação de Municípios pelo Desenvolvimento Integrado (AMDI) e cita o exemplo da Associação de Montes Claros, que reúne 90 prefeituras administradas por prefeitos de diferentes bandeiras políticas. “Aqui estamos com uma associação com 16 e a outra com nove municípios, e isso não tem sentido algum”, pondera.No entendimento de Euller, a divisão é muito mais fomentada por alguns prefeitos que resistem à discussão sobre a fusão, com a alegação que a AMVA é corrupta, não aguenta sindicância, tem apadrinhamento e empreguismo. “É coisa que não existe depois que se chega lá”, insiste.OrçamentoJosé Euller destaca que a AMVA está sem dívidas e o orçamento é mantido com a contribuição de 12 municípios. Mais quatro - Bom Jesus do Galho, Dionísio, Dom Cavati e São João do Oriente - deverão se juntar à entidade em 2009, o que completaria 16 contribuintes.Com um orçamento mensal de R$ 50 mil, a principal atividade da AMVA atualmente é a prestação de serviços de assessoria técnica para elaboração de projetos. Além disso, o aluguel da patrulha mecanizada, empregada para recuperação de estradas rurais, rende outros R$ 30 mil mensais de receita. “Queremos que os municípios tenham condições de reivindicar os recursos para as mais diversas áreas que estão sendo anunciados pelo presidente Lula. Ele insiste que todas as secretarias têm dinheiro, mas faltam projetos consistentes”, destacou.Alex Ferreira