13 de fevereiro, de 2009 | 00:00

Metasita critica PDV da Arcelor

Arquivo/DA


Apesar dos rumores, a usina de Timóteo é estratégica para o grupo ArcelorMittal
TIMÓTEO – O Sindicato dos Metalúrgicos de Timóteo e Coronel Fabriciano (Metasita) espera concluir, até o próximo dia 20, o processo de homologação das rescisões dos contratos de trabalho dos funcionários da ArcelorMittal Inox Brasil (ex-Acesita) que aderiram ao Plano de Desligamento Voluntário (PDV).Os acertos com os dispensados foram iniciados na quarta-feira. Até o final da semana que vem, a previsão é que 20 metalúrgicos passem, diariamente, pela sede do Metasita, onde estão sendo feitas as homologações.As rescisões dos contratos foram agendadas pela equipe de Recursos Humanos da empresa, que não forneceu ao Sindicato dos Metalúrgicos a relação completa dos funcionários desligados. Oficialmente, até agora o número de dispensas é 170.AdesõesO presidente do Metasita, Carlos Vasconcelos, criticou a postura da siderúrgica. O sindicato esperava ter acesso à lista de adesões ao PDV para organização melhor a última fase do processo demissional, mas a ArcelorMittal não forneceu nenhum levantamento.“Para nós, existem pessoas por trás desses números. Se não tivemos condições de impedir as demissões, o sindicato deve oferecer atendimento e assistência necessários aos demitidos. Mas nem esse argumento foi suficiente para convencer a empresa”, criticou Vasconcelos.Somente após o término das homologações é que o Metasita conhecerá, de fato, o total e o perfil dos empregados que aderiram ao PDV. “Não temos mecanismos para obrigar a empresa a nos fornecer essas informações”, justificou o sindicalista.A empresa informa apenas que nos escritórios de Timóteo, São Paulo e Belo Horizonte, o PDV teve a adesão de 225 funcionários. A projeção do Metasita é que outros 50 funcionários ainda sejam desligados, totalizando 170.
Landéia Ávila


O aposentado Geraldo Antônio: vontade de continuar o trabalho
Demissão após 30 anos de trabalhoMorador do Centro-Sul, em Timóteo, o metalúrgico Geraldo Antônio da Silva, 48, foi um dos 20 primeiros dispensados da ArcelorMittal que passaram pelo Metasita, na tarde de quarta-feira, para homologar a rescisão do seu contrato de trabalho.Engrossando o coro dos colegas que, como ele, aderiram ao Plano de Desligamento Voluntário (PDV), o ex-funcionário da ArcelorMittal admitiu que a iniciativa de “pedir conta” não foi sua.Mesmo aposentado há cinco anos, e próximo de completar 31 anos de trabalho na siderúrgica de Timóteo, Geraldo admite que não planejava encerrar as atividades profissionais. O principal motivo são os estudos dos filhos. “O rapaz se formou em Engenharia de Produção, mas ainda pago o financiamento. E a menina ainda está no 5° período de Administração”, lamenta.RecordaçõesMesmo sabendo que, a partir de agora, a renda familiar será exclusivamente a aposentaria, Geraldo demonstrou tranquilidade ao conversar com o DIÁRIO DO AÇO. “Se pudesse, trabalharia mais cinco anos. Mas, graças a Deus, o que podia fazer eu já fiz, e com muita responsabilidade. Daqui pra frente, penso que são os mais jovens que vão assumir os postos de trabalho e contribuir para o crescimento da empresa e da nossa cidade”, afirmou o ex-metalúrgico, que por 26 anos exerceu funções na oficina mecânica da siderúrgica. Nos últimos cinco anos, desempenhava atividades administrativas na Fundação ArcelorMittal.Após três décadas de trabalho, o ex-metalúrgico, natural de Antônio Dias, se recorda de importantes momentos vividos pela empresa. “Foram várias greves, vimos de perto o processo de privatização, as épocas tristes de demissão de muitos colegas de trabalho. Apesar disso tudo, nunca vi uma crise financeira tão devastadora quanto essa”, opinou Geraldo, que pretende aplicar o valor do acerto em imóveis.Sindicato não descarta venda da siderúrgicaContrariando rumores publicados recentemente pela mídia brasileira e internacional, a ArcelorMittal, maior grupo siderúrgico do mundo, tem negado sistematicamente qualquer intenção de vender seus ativos no Brasil, incluindo a usina de aços especiais de Timóteo. Conforme o conglomerado, as unidades brasileiras da ArcelorMittal estão entre as mais competitivas produtoras de aço em escala global e são parte fundamental da estratégia da empresa.Mesmo com as respostas negativas por parte da siderúrgica, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Timóteo e Coronel Fabriciano (Metasita), Carlos Vasconcelos, prefere a máxima popular: “Onde há fumaça, há fogo.” Apesar de não descartar a possibilidade da venda, o sindicalista não acredita em qualquer interesse de compra por parte da Usiminas, especulação que chegou a ser feita pela imprensa nacional.PrejuízoA possibilidade de venda dos ativos da ArcelorMittal no Brasil foi reforçada pelo prejuízo de US$ 2,6 bilhões do grupo no quarto trimestre de 2008, contra um lucro de US$ 2,44 bilhões no mesmo período de 2007. Segundo a companhia, o prejuízo apresentado entre outubro e dezembro do ano passado foi provocado por baixas contábeis nos estoques e na oferta de matérias-primas (commodities), uma vez que a recessão econômica continuou a reduzir a demanda mundial por aço. A ArcelorMittal pretende ampliar os cortes de produção até o fim do primeiro trimestre.
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