29 de março, de 2013 | 00:05

O Edmar Moreira sem castelo

Radialista famoso no Vale do Aço não gosta de ser confundido com deputado do DEM


O milionário investimento do ex-deputado federal Edmar Moreira para construção de uma réplica de um castelo, que deveria se transformar em um hotel de luxo, no pequeno município de São João Nepomuceno, Zona da Mata mineira, não só não saiu do papel como terminou por gerar o indiciamento de um de seus filhos, o deputado estadual Leonardo Moreira (PSDB), em inquérito da Polícia Federal.

No relatório final do inquérito, a PF concluiu que Leonardo, um dos sócios da empresa Hotel Castelo Monaliza Ltda, cometeu crime eleitoral ao omitir na declaração de bens apresentada à Justiça Eleitoral, na eleição de 2006, a propriedade de 49% das cotas do empreendimento. O pai dele não se reelegeu, mas Leonardo Moreira está no terceiro mandato consecutivo. O documento, encaminhado ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG), no início do ano, ainda está tramitando, em segredo de Justiça.

Além do indiciamento, a construção – avaliada em pelo menos R$ 25 milhões com 7,5 mil metros quadrados, mas hoje abandonada e depredada – pode trazer outras dores de cabeça para seus investidores. De acordo com a Polícia Federal, a apuração do ilícito eleitoral trouxe à tona “indícios de outros crimes” e, por isso, foi pedida também a remessa das provas colhidas à Receita Federal e ao Ministério Público Federal para possíveis providências.

A investigação apontou que nas informações apresentadas ao Leão referentes à declaração simplificada de pessoa jurídica do castelo, inativa de 2007 a 2011, o empreendimento está em nome de um ex-funcionário de Edmar Moreira, Geraldo Pedrosa, que morreu em 2006.

No relatório, a PF afirma que Geraldo, que trabalhou durante 27 anos com a família, consta como sócio-administrador do Hotel Castelo Monaliza perante a Receita Federal, desde a fundação do empreendimento, mas não na relação de sócios registrada na Junta Comercial de Minas Gerais (Jucemg).  
Alex Ferreira


edmar moreira


O episódio do castelo na Zona da Mata mineira coloca em cena um personagem que nada tem a ver com a história, mas que sofre por ser homônimo do ex-deputado federal. O personagem é o famoso radialista Edmar Moreira, de Coronel Fabriciano.

O nosso Edmar não tem castelo, tem um chalezinho 

Aposentado e a curtir a vida em um chalé no pé da serra onde está o Pico Ana Moura, no bairro Petrópolis, em Timóteo, o que para o Vale do Aço é o verdadeiro Edmar Moreira faz um desabafo. Ao lado da sua mulher, a professora aposentada Zélia Moreira, Edmar recebeu o DIÁRIO DO AÇO para falar do homem que fez ruir o seu projeto político.

Ex-vereador em Coronel Fabriciano, o radialista atribui à artimanha do seu xará o fato de ter perdido a eleição para deputado estadual, pelo PDT, em 1991. Perdeu na prática, mas não no imaginário da população mais simples, que acredita até hoje ser o radialista Edmar Moreira o homem do castelo de R$ 25 milhões, à venda em São João Nepomuceno, perto de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira.

Na disputa de 18 anos atrás, o radialista do Vale do Aço obteve 6.628 votos. Para ser eleito, faltaram-lhe 600 votos, quando o seu homônimo levou mais de 700 votos da região.

Confusão começou em 1991 com um candidato "paraquedista"

 

EDMAR MOREIRA DEPUTADO FEDERAL


A confusão entre os dois Edmar Moreira começou em 1991, quando o radialista se candidatou a deputado estadual pelo PDT. No decorrer da campanha, um grupo de políticos da região procurou Edmar Moreira, o deputado, em Juiz de Fora, e conseguiu dinheiro para trazer a campanha do seu xará ao Vale do Aço.


Moreira, o radialista, lembra que na época foram espalhados milhares de panfletos no Vale do Aço com os dizeres “Edmar Moreira é Federal”. O verdadeiro era candidato a deputado estadual. “Dinheiro não faltava ao paraquedista. Enquanto isso, nossa luta prosseguia na base de escrever nos barrancos com brochas ensopadas de cal, numa aventura grotesca, um método frágil de divulgação que exigia muito da nossa minguada equipe”, lembra.

 
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