07 de fevereiro, de 2009 | 00:00

Usiminas confirma investimentos

Presidente reafirma construção de usina no Paraíso e propõe parcerias ao governo

Roberto Rocha


Anastasia e Castello Branco posam com os diretores e assessores da Usiminas
IPATINGA - Apesar da crise global e dos seus desdobramentos, a Usiminas vai manter o seu Plano de Desenvolvimento, anunciado no ano passado. A garantia foi dada ontem pelo próprio presidente da empresa, Marco Antônio Castello Branco, em audiência com o vice-governador Antonio Augusto Anastasia, em Belo Horizonte.O Plano de Desenvolvimento da Usiminas foi o principal tema abordado na reunião de Anastasia com Castello Branco, que estava acompanhado de vários diretores. O presidente da siderúrgica ipatinguense reafirmou seu compromisso com o Estado e detalhou os projetos para os próximos anos, que incluem a construção de uma nova usina de placas em Santana do Paraíso e a ampliação e expansão da capacidade produtiva de outras plantas do grupo.Da mesma forma, a comitiva de dirigentes da Usiminas confirmou as obras para construção de um novo aeroporto, em Bom Jesus do Galho, já que o atual, em Santana do Paraíso, será utilizado para a construção da nova planta da siderúrgica.ParceriasNo encontro com Anastasia, a Usiminas propôs, ainda, algumas parcerias com o governo de Minas Gerais, que vão desde um programa de pontes metálicas vicinais para atender a uma carência crônica dos municípios mineiros, até o desenvolvimento de um programa de desenvolvimento de fornecedores locais da siderúrgica, incentivando pequenos e médios produtores e comerciantes do Vale do Aço.Acompanharam Castello Branco na audiência com o vice-governador os vice-presidentes Sérgio Leite (Negócios) e Paulo Penido (Finanças, Relação com Investidor e Tecnologia da Informação), os diretores Darcton Policarpo Damião (Pesquisa e Inovação), Guilherme Hallack Lanziotti (Jurídico), Marco Paulo Penna Cabral (Engenharia e Ampliação) e os assessores Delson Tolentino (Relações Institucionais) e Bruno Lage de Araújo Paulino (Relações Governamentais), além do diretor da Usiminas Mecânica, Guilherme Luylaert.Impasse antigoO impasse entre a Transpetro e a Usiminas não é de agora. Desde que lançou seu Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), em 2004, para reiniciar a construção de petroleiros no país, depois de quase 20 anos apenas fretando navios estrangeiros, a subsidiária da Petrobras enfrentou problemas para a compra de aço. O programa teve a contratação de 26 navios petroleiros na primeira fase, com investimentos de US$ 2,5 bilhões, e prevê a contratação de mais 23 na segunda fase.A Usiminas é a única fornecedora no mercado nacional do tipo de aço duplo necessário para os novos petroleiros. Segundo a Transpetro, o aço corresponde a 30% do custo de um navio, sendo, portanto, um item fundamental na cadeia produtiva da indústria naval. “Isto significa que aceitar as condições monopolistas da nipo-brasileira Usiminas é o mesmo que arrasar a indústria naval no nascedouro”, justifica a Transpetro em nota distribuída à imprensa.Alegando dificuldade na negociação do aço para os primeiros navios encomendados junto à Usiminas, a Transpetro chegou a excluir o insumo da contabilização do conteúdo nacional dos navios, que, necessariamente, teria de chegar a 65%. Assim, puxou para si a etapa de negociação para a compra do aço, deixando os estaleiros apenas com a aquisição dos demais equipamentos e construção efetiva dos navios. A economia na tomada de preços à época da negociação chegou a quase 30%.LicitaçõesAo longos dos últimos anos, foram feitas quatro licitações, das quais uma carga veio da China, uma da Ucrânia e duas da Usiminas, perfazendo um total de apenas 10% do aço necessário para a construção de todos os navios encomendados na primeira fase do Promef. “Deve-se frisar que sempre que a Usiminas ofereceu preços competitivos, a Transpetro encomendou aço à companhia”, diz nota da Usiminas.A Transpetro reclamou ainda que a Usiminas faz a defesa de “preços mínimos” nas concorrências internacionais e ameaça a “instalação de processo que visa protegê-la (a Usiminas)”. “O que a Usiminas defende é a tentativa de usar o monopólio privado nipo-brasileiro para impor preços e condições ao Brasil. A Usiminas quer uma reserva de mercado, na contramão da linguagem mundial da competitividade”, diz a Transpetro.Empresa briga com Transpetro contra importações da ChinaA disputa pelo mercado siderúrgico no Brasil e no exterior criou mais uma queda de braço entre empresas do setor, notadamente a Usiminas. A siderúrgica ipatinguense está no centro de uma polêmica envolvendo o Programa de Modernização e Expansão de Frota (Promef) da Transpetro, que demandará a compra de aço naval.A polêmica diz respeito a uma grande licitação promovida pela Transpetro, subsidiária da Petrobras, para compra de aço para a fabricação de navios. Indústrias da China foram as vencedoras, em detrimento das empresas brasileiras, que alegam que o preço está fora da realidade, incapaz de pagar os próprios custos da fabricação do aço.A subsidiária da Petrobras estaria negociando a compra de aço naval fabricado na China a US$ 600 a tonelada. “É um padrão chinês. Eles simplesmente colocam a faca no pescoço da indústria nacional para se igualar o preço, mas não levam em consideração que, com a redução de demanda, os custos fixos aumentaram”, defende o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), Marco Polo de Mello Lopes.O Instituto Brasileiro de Siderurgia chegou a solicitar uma reunião com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para discutir a conduta de empresas estatais em relação à política de incentivo à indústria siderúrgica nacional. “Não é possível que, em um momento de crise e demonstração de protecionismo ao redor do mundo, uma empresa estatal garanta emprego a trabalhadores chineses, quando se pode garantir emprego no Brasil”, protestou Lopes.A Transpetro, por sua vez, acusa a Usiminas de “fazer articulações para tentar impor preços e ameaçar a sobrevivência da nascente indústria naval brasileira”.Queda de braçoA queda de braço entre a Usiminas e a Transpetro, que já se arrasta por alguns dias, ganhou ontem um novo capítulo. A subsidiária da Petrobras divulgou um comunicado reafirmando seu “compromisso” com a geração de empregos no país e que só não comprou aço da siderúrgica ipatinguense porque ela apresentou preço 60% maior do que companhias chinesas em licitação aberta para a compra de parte do insumo para a construção de navios.De acordo com a Transpetro, a Usiminas ficou em 11º - e último - lugar na licitação internacional, que teve a participação de onze empresas de sete países diferentes: Brasil, China, Coreia do Sul, Indonésia, Macedônia, Romênia e Ucrânia. O único grande produtor mundial que não participou da tomada de preços foi o Japão, cuja principal siderúrgica, a Nippon Steel, é sócia majoritária da Usiminas.Troca de farpasAlguns dias atrás a Usiminas divulgou, nos jornais de circulação nacional, um “informe publicitário” em que insinuava que a Transpetro estaria impondo “preços chineses” e favorecendo o dumping. A empresa ipatinguense também insinuou a existência de “práticas desleais de comércio”.A Transpetro também publicou um “informe” à altura, no qual alega que “o problema deste raciocínio torto é que a Usiminas não está com uma oferta acima dos ‘preços chineses’, mas muito acima dos preços praticados no mundo todo”.
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