06 de novembro, de 2008 | 00:00

Qualidade da água comprometida

Comitê denuncia excesso de esgoto despejado no rio Piracicaba

Alex Ferreira


Encontro do rio Piracicaba com o rio Doce, ambos afetados por assoreamentos
FABRICIANO – Ambientalistas, educadores e profissionais de diversas áreas compareceram à abertura do 13º Seminário Socioambiental, ontem, nas dependências do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste-MG). Com o tema “Os desafios socio-ambientais que envolvem a bacia do rio Piracicaba”, o Seminário contou com palestras, oficinas e minicursos que discutiram iniciativas visando a preservação da Bacia. Nesta quinta-feira, 6, também no Unileste,  ocorre a 35ª Reunião Ordinária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba (CBH Piracicaba). Na oportunidade, será definido o Calendário de Reuniões 2009; proposta de realização da Expedição Piracicaba; análise da proposta de alteração do Regimento Interno do CBH Piracicaba, entre outros assuntos. O Comitê também dará anuência para o projeto de tratamento de esgoto em comunidade rural de Coronel Fabriciano.O rio Piracicaba nasce em Ouro Preto e se encontra com o rio Doce em Ipatinga. Nesse trajeto, ele banha 22 municípios. Atualmente, uma das principais preocupações de ambientalistas é com a precariedade no tratamento do esgoto em grande parte desses 22 municípios, o que tem comprometido a bacia do rio Piracicaba. “Há uma semana, passando por Antônio Dias, notei que, na barragem de Sá Carvalho, uma camada de lodo se formou sobre a superfície da água, a ponto de um pássaro pousar tranqüilamente sobre a mesma”, lembra Vinícius Moraes Perdigão, presidente em exercício do CBH Piracicaba. O excesso de detritos no Piracicaba fica ainda mais evidente em épocas de seca, quando o volume de água baixa e a diluição é ainda menor. A situação é precária porque apenas Catas Altas, Ipatinga e Itabira possuem Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) em condições de evitar que o esgoto destes municípios comprometam as águas do Piracicaba.
Bruno Jackson


Vinícius Perdigão diz que pastagens degradadas estão provocando assoreamento do rio Piracicaba
SoluçõesDurante o seminário de ontem no Unileste foi oferecida a oficina Elaboração de Projeto para o Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas (Fhidro). Por meio deste Fundo, o Estado destina verbas para que os municípios implantem projetos de tratamento de esgoto. Por enquanto, apenas Itabira concluiu uma ETE por meio do Fhidro.Segundo Vinícius Moraes Perdigão, o Fhidro é uma das saídas para ajudar os municípios a investir no tratamento de esgoto. “Estamos engajados em auxiliar os municípios a elaborar projetos para o Fhidro. Algumas cidades estão com projetos para serem assinados. Creio que será um salto importante na contribuição da melhoria da qualidade da água do rio Piracicaba”, analisa o presidente em exercício do CBH Piracicaba.Assoreamento também preocupaComo se não bastasse esse problema do esgoto, o rio Piracicaba está sendo afligido pelo mesmo problema pelo qual passa seu “irmão”, o rio Doce: os assoreamentos. “A maior área da bacia é ocupada por pastagens, que estão degradadas e por isso provocam uma erosão laminar, acelerando o processo de assoreamento dos rios”, observa Vinícius Perdigão, presidente em exercício da CBH Piracicaba.Ousado, Vinícius defende a aplicação de experiências praticadas em Nova York, nos Estados Unidos, para evitar que pastagens degradadas continuem a prejudicar a bacia do rio Piracicaba. “Precisamos trabalhar nessas áreas rurais, em que os produtores estão descapitalizados. Eles precisam de apoio. Em Nova York, por exemplo, há um modelo que é feito diretamente com os produtores rurais. Nem tem estação de tratamento de água. A água já vem limpa das propriedades rurais com tratamento. É um modelo que a gente deveria implantar. É difícil, mas deveríamos ter como meta”, avalia o representante do CBH Piracicaba. “Recuperando essas áreas de pastagens e as áreas de recargas das nascentes e do lençol freático, vamos aumentar a qualidade das águas da bacia do Piracicaba”, completa Vinícius Perdigão.Bruno Jackson
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário