31 de outubro, de 2008 | 00:00
Juiz adia decisão sobre casal Nunes
Sentença para pais que educam filhos em casa fica para depois
Wôlmer Ezequiel
Casal Nunes: audiência repetitiva e que acabou adiando a esperada decisão do processo
TIMÓTEO Durou aproximadamente duas horas e meia audiência de interrogatório do casal Cléber Andrade Nunes e Bernadeth de Amorim Nunes, acusado criminalmente de abandono intelectual de dois filhos adolescentes - Jônatas Andrade Amorim Nunes, 14 anos, e Davi Andrade Amorim Nunes, 15 -, ao retirá-los da escola convencional para inseri-los no processo de educação em casa, conhecido como homeschooling.Ao término da audiência, ontem à tarde, no Fórum Geraldo Perlingeiro de Abreu, o juiz que preside o caso, Eduardo Augusto Gardesani Guastini, confirmou que o promotor de justiça Nélio da Costa Dutra terá 15 dias para apresentar um parecer, e que a defesa terá mais 15 dias para os seus argumentos. A audiência para o anúncio do resultado do julgamento ainda não tem data confirmada, mas a expectativa do advogado do casal, Gesynei Campos Moura, é de que no máximo em 40 dias saia o resultado. Por causa da adoção do método alternativo de ensino em casa, o casal Nunes enfrenta processos nas áreas cível e criminal, movidos pelo Ministério Público com base no Estatuto da Criança e do Adolescente e Lei de Diretrizes e Bases da Educação. No caso de uma condenação na esfera civil, o que está em fase de recurso no TJMG, será mantida a pena de multa. Na esfera criminal a pena prevista é de multa e prisão de 15 a 60 dias de prisão, que podem ser convertidos em trabalho comunitário. No entendimento do advogado Gesynei já houve perda de objeto. É mais um efeito moral para a família que quer educar os filhos em um método excelente, mas que não é reconhecido pela legislação brasileira”, observa. InterrogatórioNa audiência de ontem, no Juizado Especial Criminal da Comarca de Timóteo, Cléber e Bernadeth estavam acompanhados dos dois filhos adolescentes, da caçula, Ana e dos advogados Gesiney Campos e Adilson de Castro. Somente os pais foram interrogados. Juiz e promotor repetiram muitas das perguntas feitas na primeira audiência em que o caso foi tratado, no dia 26 de junho. Quiseram saber, por exemplo, como Cléber Nunes adequou um método antigo de ensino em casa e definiu que o ensino começaria com gramática, inglês, hebraico e informática. Cléber explicou que isso foi uma das fases, posterior à desescolarização” dos jovens, que aprenderam a estudar sem a figura do professor. Além disso, o método previa aprofundamento na gramática, retórica e dialética, que tinha como objetivo levar à lógica e à possibilidade de compreensão de outras matérias, inclusive as de ciência exatas que eles estudariam às vésperas do supletivo e do vestibular para a faculdade que eles escolherem. A mãe, Bernadeth Amorim, resumiu o sentimento da família. Vi o resultado prático desse método quando os meninos tiveram que fazer provas determinadas pela justiça e conseguiram em tempo recorde alcançar conhecimentos e tirar boas notas”, concluiu. Leia mais:
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