29 de outubro, de 2008 | 00:00

Alta do dólar atinge o comércio de recicláveis

Catadores de materiais reclamam da queda nos preços

Alex Ferreira


Luzia: “A dez centavos o quilo do papelão não compensa o trabalho de procurar pelas ruas debaixo desse sol”
IPATINGA - Moradora do bairro Jardim Panorama, a catadora de materiais recicláveis Luzia Arcanja Dias do Vale desconhece o que seja bolsa de valores, capital especulativo e economia globalizada. No entanto, ao tentar vender ontem à tarde um carrinho lotado de recicláveis, principalmente papelão, pôde sentir os efeitos práticos do que acontece quando essas coisas que desconhece não dão certo. Na verdade, Luzia sente os efeitos há mais de dois meses, quando despencaram os preços dos materiais que cata pelas ruas. Ela considera normal a queda nos preços do papelão no fim de ano, mas dessa vez os efeitos são maiores. A reclamação de Luzia Arcanja é a mesma dos demais catadores de recicláveis. A indústria do setor trabalha com preços em dólar e, com a alta, simplesmente parou de comprar. As empresas que atuam como mediadoras da cadeia da reciclagem estão abarrotadas de estoques e, com isso, reduzem os preços pagos aos catadores. Quem ainda tem espaço para estocagem, no entanto, mantém os pagamentos como antes. Na Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Ipatinga (Ascari), a tesoureira Maria das Graças de Oliveira conta que tentou manter os preços pagos aos catadores, mas os compradores estavam reduzindo a cada dia os valores pagos à entidade, que se viu forçada a também reduzir o pagamento aos catadores. “Eles reclamam e muitos nem voltam a trabalhar. No momento, só dez catadores participam dos trabalhos na Ascari”, explica. A entidade já chegou a ter 30 catadores. DespencouA tabela de preços dos recicláveis na Ascari representa a dimensão exata das reclamações dos catadores. A lata de alumínio caiu de R$ 3,30 o quilo para R$ 2,30. O papelão, que era vendido a R$ 0,20, agora vale R$ 0,15, mas em alguns lugares o máximo que se consegue é R$ 0,10 no quilo. O papel branco, picotado e embalado em fardos, permanece com o preço de R$ 0,20 o quilo, e o plástico tipo pet vale R$ 0,40. Alex Ferreira
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