24 de outubro, de 2008 | 00:00

Contraproposta fica para sábado

Para diretores do Metasita, faltou atenção por parte da ArcelorMittal

Arquivo/DA


Carlos Vasconcelos: o parecer da categoria não estará condicionado à data-base
TIMÓTEO – “Um clima tenso e de relação fria, gerado pela indisposição por parte da empresa em não estabelecer uma negociação fundamentada no diálogo e no respeito ao trabalhador.” A afirmação é do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Timóteo e Coronel Fabriciano (Metasita), Carlos Vasconcelos, sobre o primeiro encontro, na quarta-feira (22), da rodada de negociação 2008/2009 junto à ArcelorMittal. Durante cerca de sete horas, 21 representantes do sindicato e uma comissão ligada ao setor de Recursos Humanos da empresa estiveram reunidos, no Escritório Central, para discutir a pauta de reivindicações entregue em 15 de setembro. “O documento, discutido e deliberado em assembléia em 11 de setembro, é fruto da vontade dos trabalhadores”, ressaltou o líder sindical.Em entrevista na manhã de ontem (23) à reportagem do DIÁRIO DO AÇO, Vasconcelos comentou que o Metasita esperava outra postura da empresa durante a reunião. “A dinâmica de um processo negocial exige debate, discussão e diálogo. E isso não houve, porque só nós expusemos nossas propostas. A Arcelor já tinha conhecimento de todas as 47 cláusulas da pauta há mais de 30 dias, ou seja, houve tempo suficiente para preparar uma contraposta e trazer para a mesa de debates”, ressaltou Vasconcelos, acrescentando que a empresa se comprometeu a apresentar sua proposta na próxima reunião, neste sábado (25), às 9h.    O motivo da preocupação do sindicalista é o calendário apertado das negociações (22, 25 e 30 de outubro), uma vez que se encerra no dia 1º de novembro a data-base para definição do acordo coletivo. Segundo relatou o presidente, o sindicato vem insistindo com a Arcelor sobre a necessidade de extensão da data, mas não houve êxito. “A leitura que o próprio trabalhador faz é que a empresa não quer discussão e negociação. Em função do pouco tempo, querem que o trabalhador aprove uma proposta de forma impositiva, na pressão emocional. Isto é uma provocação, um desrespeito não apenas à representação sindical, mas ao trabalhador”, reiterou Vasconcelos.“Se os representantes da própria empresa nos disseram que já haviam feito uma análise exaustiva de todas as cláusulas, é sinal de que a contraproposta já estava pronta. E por que não foi apresentada? Que diferença teria apresentar dia 22 ou 25? Esta política de negociação a ‘conta-gotas’ dificulta tudo, porque diminui o tempo para o necessário debate junto aos trabalhadores”, acrescentou. Próxima reuniãoAinda que a Arcelor não tenha oficializado suas propostas, Vasconcelos adiantou à reportagem o receio que questões como insalubridade, extinção do turno fixo e retorno de férias não sejam contempladas pela empresa. “Temos preocupação que seja apresentada uma contraposta apenas de ordem econômica, porque a pauta entregue pelo sindicato abrange itens que também favorecem a qualidade de vida do trabalhador”. O presidente frisou que o Metasita não incentivará a aprovação de propostas que não sejam benéficas para a categoria. “Nosso parecer não estará condicionado à data-base. O poder de decisão é da assembléia, e para isso tudo será amplamente discutido entre os metalúrgicos. O processo será conduzido como sempre: com transparência e sem manipulação da consciência de ninguém”, assegurou.Fim do turno fixo é uma das polêmicas da pautaEspecificamente sobre a pauta, Vasconcelos explicou que ela foi elaborada de forma unificada. “O tratamento igualitário é um direito constitucional. Todos são trabalhadores, independente da cor do uniforme da empresa”, disse, referindo-se a todos que atuam na planta industrial da empresa.  Para todos os funcionários, inclusive os terceirizados, o Metasita reivindica, a partir de 1° de novembro, reajuste salarial corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que ficou em aproximadamente 7,6% nos últimos 12 meses. “Além dessa correção, reivindicamos um aumento real de 8,5% sobre os salários”, explicou. Para os trabalhadores que ingressarem na Arcelor após a definição do acordo, a pauta apresentada reivindica que o piso salarial da categoria seja calculado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), da ordem de R$ 2.025,99. Uma das cláusulas do documento também diz respeito à isonomia salarial. “Não é justo que trabalhadores que exerçam as mesmas atividades recebam salários diferenciados”, ponderou Vasconcelos.O fim do polêmico turno fixo é outra cláusula que deve gerar muita discussão. O sindicato pleiteia o restabelecimento da jornada de serviço em turno de revezamento. “É uma escravidão para o trabalhador, que já sofre pressão e muita cobrança por produtividade. Além de prejudicar o convívio familiar e social, as relações interpessoais, no próprio local de trabalho, também são penalizadas pela jornada fixa”, opinou Vasconcelos, acrescentando que funcionários que cumprem outras jornadas também são afetados, uma vez que a demanda de trabalho é aumentada. “Todos reconhecem os prejuízos, menos a empresa”, acusou.Retorno de fériasO retorno de férias de 100% também consta na pauta. “Hoje, os trabalhadores contratados até 1998 recebem 95% do salário-base, e os ingressantes após essa data têm direito a apenas 50%. Queremos que o retorno integral seja pago, independentemente da data de admissão do trabalhador”, reiterou o presidente. No que se refere à participação dos trabalhadores nos lucros e resultados, os sindicalistas reivindicam 5% sobre o lucro operacional da empresa obtido em 2008.Landéia Ávila
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