30 de setembro, de 2008 | 00:00

Desvalorização profissional

Fotos: Polliane Torres


Maria Aparecida completará 40 anos de profissão no próximo dia 10
IPATINGA – Hoje se comemora o Dia da Secretária. A julgar pelas projeções do mercado regional, a data não é momento para muita festa. Apesar de ser imprescindível nas corporações, o ofício do secretariado passa por um momento de desvalorização do ponto de vista salarial. É o que constatou a gerente do Sine/Sindipa, Roberta Soares Lares, diante do perfil exigido pelas empresas, comparado aos benefícios oferecidos. Segundo ela, a falta de incentivo para ingressar na carreira tem feito as pessoas trocarem os escritórios pela área comercial. A gerente informou que, de julho deste ano até ontem, surgiram apenas quatro vagas para secretariado no banco de empregos do Sine. De acordo com Roberta, o atual perfil exigido na região é o “básico”. “Em todas as áreas as empresas buscam pessoas qualificadas. O cargo de secretariado não fica de fora. Hoje em dia exige-se 2° grau completo, domínio em informática, boa aparência, dinamismo, criatividade e comunicação. Antigamente as exigências eram menores. Hoje as portas se abrem mais para pessoas que têm expectativa de crescer no mercado. Quem investe em cursos de secretariado e marketing, por exemplo. Mas a demanda regional é o básico, nada extraordinário como o domínio de outra língua”, esclareceu Roberta. O perfil local exige a faixa etária entre 20 e 35 anos. Porém, a média salarial é de R$ 500 (iniciante) a R$ 700. “O salário na região é baixo em todas as profissões, por isso temos muitas pessoas procurando emprego fora daqui. Hoje, muitos preferem ir para a área de comércio do que escritórios. No comércio há a expectativa de comissão, além do salário. Essa profissão está desvalorizada na região”, avaliou Roberta.Resistência Na contramão dos quesitos impostos pela realidade de mercado, a secretária Maria Aparecida, mais conhecida como Piba pelos corredores do Sindipa, completará, no próximo dia 10, quatro décadas de secretariado na entidade. Ela já se aposentou há três anos e continua trabalhando. Depois, exerceu várias funções, começando por atendente até chegar ao atual posto de assessoria da presidência. Durante todos esses anos, Piba conseguiu se adaptar às mudanças promovidas nas trocas de diretorias.

Roberta Soares atesta que o perfil na região está mais exigente
Segundo ela, a receita para o sucesso na carreira é ter seriedade e profissionalismo. “A entidade passou por mudanças de filosofia de trabalho, de política de relacionamento e idealismo. A gente tem que se adaptar e mostrar que temos competência no setor, procurando manter a imparcialidade, compromisso e lealdade. Sobrevivi nessa profissão mantendo esse princípio: saber discernir as coisas, fazer meu trabalho, independente de ideologia dos que dirigem a entidade”, declarou. Maria Aparecida reconhece que os tempos mudaram e as exigências são maiores do que antigamente. “Hoje é preciso desenvolver-se intelectualmente e o salário não está compensando. Não estamos sendo valorizados”, frisou.   Competência Outro padrão que Maria Aparecida vem quebrando há anos é quanto à faixa etária. Aos 62 anos de idade, ela garante que a beleza é fundamental, mas a competência fala mais alto. “O sucesso de um presidente depende da competência e boa vontade da secretária. Ela é o primeiro contato com os outros. É o cartão de visitas. Ainda existe muito preconceito. Ninguém imagina uma secretária da minha idade. Mas a experiência foi maior do que a competitividade da beleza. Você não permanece bonita para o padrão a vida inteira. Por isso é necessário profissionalismo e responsabilidade. É o conjunto da obra”, salientou. Em seu dia, Maria Aparecida alega que possui muitos motivos para comemorar. “Consegui sobreviver em um mercado de trabalho que não é fácil. Sinto-me realizada”, finalizou Piba.Polliane Torres
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