CADERNO IPATINGA 2024

20 de setembro, de 2008 | 00:00

Três meses em regime de escassez

Chegada da chuva traz a esperança do fim da seca em Ipaba

Wôlmer Ezequiel


Com as torneiras sem água, dona de casa foi lavar vasilhas na lagoa de Ipaba
IPABA – A chegada da chuva trouxe a expectativa do fim da escassez de água nas casas dos moradores das partes altas da cidade, um drama que persiste há três meses. A falha no abastecimento começou pelos bairros localizados em topos de morro. À medida  que o tempo de seca prolongou, a escassez no abastecimento atingiu também as partes mais baixas. O pico da crise da água ocorreu em agosto, quando faltou o produto em todos os bairros mais altos da cidade e até nas ruas mais próximas do Centro. Nesta semana, voltou a faltar água em vários lugares. Morador da rua João Dino, o técnico agrícola Antônio Eliziário procurou a redação do DIÁRIO DO AÇO para reclamar do drama que enfrenta. “A maioria dos moradores dessa rua próxima à Igreja Católica está sem água há mais de uma semana. Tenho filhos pequenos que a escola não quer receber porque eles estão sem uniforme. Se não há água, como lavar a roupa?”, questiona.   Em agosto, a Copasa iniciou uma série de manobras no sistema de abastecimento, a fim de garantir a chegada da água a todos os bairros. Ao mesmo tempo, fazia anúncios no rádio, a fim de orientar a população sobre cuidados básicos no sentido de evitar o desperdício. A medida emergencial resolveu parcialmente o problema, segundo o morador Antônio Eliziário. “Agora, até na parte baixa estamos na seca”, completou. O gerente do distrito da Copasa no Vale do Aço, Franklin Otávio Coelho Mendonça, confirma que a chegada da chuva vai acabar temporariamente com a escassez de água em Ipaba. Mas a situação pode piorar na próxima estiagem.AutuaçãoA origem da seca em Ipaba é a queda na vazão do córrego Água Limpa, de onde a concessionária do serviço retira a água para abastecer cerca de 15 mil moradores. Segundo Franklin, além da seca há outros fatores que influenciaram na redução do volume de água no córrego. Entre eles, o fato de produtores rurais captarem água no córrego, acima do barramento da Copasa, para irrigar o cultivo agrícola. Franklin Mendonça conta que uma inspeção feita no local por técnicos do Instituto de Gestão das Águas (Igam) e pela Polícia de Meio Ambiente constatou que os produtores rurais não tinham outorga para uso da água para essa finalidade. Por causa disso, foram lavradas autuações e os casos encaminhados ao Ministério Público do Meio Ambiente na comarca de Ipatinga. “Nesta semana tivemos novas situações. Na quinta-feira, a Polícia Ambiental voltou a inspecionar a bacia hidrográfica do córrego Água Limpa”, explica. O trabalho de fiscalização será mantido pelos próximos dias, segundo informou a unidade da PM Ambiental em Ipaba.Insuficiência Mesmo com a chegada da chuva, a Copasa registrava na quinta-feira à tarde a captação de 86.400 litros de água por hora no córrego Água Limpa. O volume ainda é insuficiente para abastecer a cidade, admite Franklin Mendonça, mas já é melhor do que a situação registrada até agora. “No período mais crítico, foram captados apenas 57.600 litros por hora”, informou. O sistema de abastecimento de Ipaba demanda investimentos para atender o crescimento natural da área urbana. Mendonça lembra que essa iniciativa está condicionada à renovação do contrato entre a Copasa e o município, o que ainda é motivo de negociações. Além dos investimentos, o gerente do distrito da Copasa também afirma que será preciso um trabalho mais amplo. Entre as medidas necessárias, Franklin Mendonça cita a revegetação na bacia hidrográfica do córrego Água Limpa e o uso racional da água, tanto na cidade quanto na área rural servida pelo córrego. “O que aconteceu neste ano em Ipaba é um aviso para as pessoas. Se não houver ação para preservar os recursos hídricos, cada vez mais ficará comprometido o fornecimento de água”, conclui Franklin Otávio Coelho Mendonça.Leia mais:Oito dias a seco e escola fechadaAlex Ferreira
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