03 de setembro, de 2008 | 00:00

Crise da água no Forquilha caminha para uma definição

Reunião com a direção da Copasa volta a debater abastecimento no Forquilha

Fotos: Alex Ferreira


Morador repara cisterna e rechaça possibilidade de adesão à Copasa no Forquilha
IPATINGA – Uma reunião nesta quinta-feira, às 19h, na Escola Municipal Evaldo Fontes, bairro Forquilha, volta a discutir o impasse sobre a entrada ou não da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) no bairro. Atualmente, a localidade é abastecida por um sistema próprio, com água das nascentes localizadas em uma área de preservação ambiental. O sistema funcionou bem, mas nos últimos dois anos o crescimento do bairro provocou a escassez e as torneiras de muitas casas secaram.Desde que o problema ficou mais agudo a população está dividida entre aceitar ou não a concessionária para assumir os serviços de água e de esgoto. Nesta reunião de amanhã com a direção executiva da Copasa o assunto deve ser discutido de forma decisiva. Para o presidente da Associação de Moradores, Márcio Vieira, a falta de água agravou-se e a população está mais consciente. “Hoje mesmo estamos sem água nas ruas Tucunaré, Surubim, Corvina, parte da avenida Forquilha, entre outras”, explica.Na Copasa, a gerência do distrito já confirmou que a entrada em novas localidades só ocorrerá em comum acordo com o município.    Na tarde de ontem, a administração municipal de Ipatinga confirmou que mandará representantes à reunião desta quinta-feira. O governo municipal é favorável a que o serviço seja assumido pela Copasa, uma vez que o volume de água existente na nascente do bairro é insuficiente diante da demanda atual. “O problema tende a se agravar, uma vez que cresce a cada dia o número de moradores que utilizam a mesma fonte de água disponível”, diz nota enviada à redação.ContráriosProprietário de uma chácara na entrada do bairro Forquilha, Odemar Cardoso consertava ontem à tarde uma cisterna que abastece sua propriedade. Radicalmente contra a entrada da Copasa no bairro, Odemar explica que no passado o sistema de abastecimento foi construído com recursos da população local. “Agora a Copasa vai pegar isso de graça e cobrar altas taxas. A empresa tem um serviço caro, se tem qualidade é outra história”, observa.Odemar também lembra que, em todo o município, a rede de abastecimento foi construída com dinheiro público, no governo Jamill Selim de Sales, e depois a concessionária chegou para assumir o abastecimento. Odemar acrescenta que a água das nascentes no Forquilha é suficiente para atender a demanda do bairro, mas falta administração para evitar que haja uso irracional do recurso. “Prova disso é que, em um período de seca como ora atravessamos, as nascentes estão com água”, afirma. Outro morador contrário à Copasa, Wagner de Araújo, afirma não ter dúvidas da qualidade e quantidade da água. “É só cortar a piscina e o poço de peixe de algumas propriedades que tudo se resolve”, argumenta.Revoltado, o pedreiro Milton Vicente da Silva, morador da rua Surubim, conta que sua mulher busca água em latas na cabeça para lavar, cozinhar e limpar a casa. “Moro no morro, mas não quero a Copasa. O que precisamos é que seja feito o uso correto da água que temos aqui”, conclui Milton Vicente.

Alverina: Aos 73 anos, moradora puxa água de cisterna para não ficar sem o produto
Sem esperança de conscientizaçãoReunidas na calçada, de onde acompanhavam de longe a movimentação para um comício que aconteceria na noite de ontem, cinco donas de casas explicavam que há vários dias estão sem água em suas casas. Maria Madalena afirma que o uso indevido da água distribuída sem restrições para animais, horta, piscina e poço de peixe é responsável direto pela escassez do produto. “Se fosse a Copasa, não haveria uso indevido da água”, completa Mara Santana.Entre as mulheres, apenas Alverina Souza Pereira diz não ter falta de água em casa, mas explica que o abastecimento de sua residência é feito por meio de uma cisterna. Aos 73 anos, a moradora diz encarar com tranqüilidade a manivela para subir os baldes de água.  Há 30 anos no Forquilha, Alverina evita avaliar como seria a entrada da concessionária do serviço de água e esgoto no bairro. “Nunca morei em lugar que tivesse água da Copasa. Não sei como seria essa nova realidade, apenas sei que ao fim do mês vem uma conta para pagar”, conclui Alverina Souza Pereira.A conclusão do grupo é que a esperada conscientização para o uso racional da água é algo impossível. Assim, consensualmente, acreditam que a Copasa será a solução para colocar um ponto final no drama da falta de água.  Alex Ferreira
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