23 de julho, de 2008 | 00:00

Euforia no mercado imobiliário

Pesquisa aponta que expansão da Usiminas acentuou valorização de imóveis

Wôlmer Ezequiel


Os pesquisadores fizeram a monografia com base nas respostas a um questionário aplicado em 15 imobiliárias da cidade
IPATINGA – As expectativas geradas antes do conhecimento do plano de expansão da Usiminas surtem efeitos em vários setores da economia regional. Agora, a instalação de uma nova usina, em Santana do Paraíso, aguçou ainda mais os ânimos de empresários e população em torno do futuro da região. O mercado imobiliário é um dos que mais se beneficiam desse momento promissor. É o que constatou a pesquisa “Desenvolvimento local: análise da atuação do setor imobiliário no município de Ipatinga-MG”, realizada por graduandos em Administração da Faculdade Pitágoras. A monografia foi feita no período de maio a junho por Andréa Gonçalves Moronari Miranda, Ernane de Barros Roque e Juliana Silva Santos, sob a orientação de Renato Azevedo, Mestre em Administração. Os dados levantados pelos estudantes são fruto de um mês de pesquisas, que envolveram a aplicação de um questionário em quinze imobiliárias da cidade. Foram feitas perguntas como “qual o tipo de imóvel mais comercializado” e “os bairros mais promissores”. A constatação feita por eles, com base nas respostas, é que a falta de áreas e a proibição de construir prédios de mais de três andares em alguns bairros de Ipatinga fazem com que o preço dos imóveis seja supervalorizado. “O trabalho foi focado na imobiliária dentro de um contexto de crescimento do município”, explicou Ernane de Barros. O estudante destaca que as dificuldades apresentadas pelas imobiliárias ajudam a entender o motivo de tamanha valorização. “A começar pela parte territorial escassa. Daí a necessidade de crescimento vertical. Mas aí surgiu um outro problema, que é o fato da limitação de construção de prédios com mais de três andares em alguns bairros”, contou.Qualidade de vidaO orientador da pesquisa, Renato Azevedo, ressalta que, além da expansão da Usiminas e da questão territorial, a qualidade de vida oferecida pela região também ajuda a aquecer o setor imobiliário. “Temos uma estrutura boa e muitas faculdades. Além disso, as coisas aqui são muito centralizadas. Por exemplo, sair de Ipatinga para estudar em Fabriciano não demanda tanto tempo. Trata-se de uma cidade desejada para se morar. Mas vale lembrar também a facilidade de acesso ao crédito que impulsionou o mercado em âmbito nacional”, salientou. Motivação O fator que motivou os alunos a fazerem a pesquisa foi a procura de Juliana por um imóvel para comprar. “Durante minha pesquisa, percebi que o mesmo imóvel custava R$ 90 mil em novembro e, em fevereiro, já tinha subido para R$ 120 mil”, contou Juliana. Ernane disse que o momento de expectativa vivido na região também incentivou a pesquisa. “Nos chamou a atenção o fato de o Vale do Aço ter um dos metros quadrados mais caros do país, chegando a igualar aos preços da avenida Paulista (SP). Isso nos despertou o interesse de fazer esse trabalho e buscar o que estava acontecendo no mercado imobiliário local, saber a razão pela qual Ipatinga estava tendo essa supervalorização”, explicou Ernane. A pesquisa levantou que o metro quadrado na cidade custa, em média, R$ 1.800.Vizinhança promissoraApesar de a pesquisa ter sido feita antes do anúncio da construção da nova Usina na cidade de Santana do Paraíso, o crescimento das cidades vizinhas já tinha sido constatado no trabalho. As imobiliárias mostraram nas respostas que, pela escassez territorial em Ipatinga, a tendência era que a expansão chegasse a bairros como o Cidade Nova. Outro aspecto apontado pela pesquisa é a preferência por apartamentos. “A verticalização tem atraído muitas pessoas, inclusive da classe alta, até mesmo por uma questão de segurança. As imobiliárias mostraram as opções de crescimento ao redor da cidade, antes mesmo do anúncio da localização da nova usina”, declarou Andréa.A forte tendência da verticalização pode ser mostrada pelo resultado do questionário sobre o tipo de imóvel mais procurado, entre apartamento, casa, lotes, imóvel comercial, chácaras ou sítios e quitinetes. O maior percentual foi o de venda de apartamentos. As perguntas constataram “um percentual de procura da ordem de 53,33%, seguida da compra deste tipo de imóvel com 46,67% e, por último, apartamentos para aluguel com 40%”.  Ernane falou que esse fato já pode ser observado nas ruas pela própria população. “É comum ver construtoras comprando casas e demolindo-as para fazer prédios. Quem tem uma casa ao lado desse prédio acaba vendendo o imóvel e mudando-se para outro lugar ou para um apartamento mesmo. Nesse sentido, foi observado também que o bairro que está mais em alta é o Cidade Nobre. Mas o aquecimento é geral. Mesmo o bairro mais barato está com preços altos, considerando a estrutura do local. No geral o nível está muito elevado, tanto para compra quanto para aluguel, porque com a falta de imóvel para comprar a locação é a opção”, informou Ernane.
Wôlmer Ezequiel


Luciene Senra, gerente de imobiliária, afirma que esse é o momento de comprar
Opiniões divergentes sobre comportamento do investidorDiante do quadro atual no mercado imobiliário, que alegra os investidores e preocupa quem quer sair do aluguel, a grande pergunta é: aonde isso vai parar? Onde está o limite? De acordo com os pesquisadores, a velha lei da oferta e procura é que comanda o mercado. “Enquanto a procura for maior que a oferta isso vai continuar. As imobiliárias não falam em momento algum de desvalorização. É preciso esperar para ver. Talvez, quando passar essa fase de expansão, aquelas empresas temporárias vão embora. Ou pode ser que elas fiquem. Não é hora de comprar, só de vender. Vale questionar junto ao poder público como ele pretende trabalhar nessa questão”, declarou Renato Azevedo. Ernane frisa ainda que esse ‘boom’ é reflexo do crescimento do país. “Isso vem juntamente com o crescimento do país. A economia vem crescendo a 4% e, com isso, o poder aquisitivo das pessoas aumenta”, comentou. A Administração Municipal foi procurada para comentar qual o planejamento previsto para a cidade diante do crescimento imobiliário, mas informou que não iria se pronunciar sobre o assunto.  “O momento é de comprar”Para Luciene Senra, gerente de uma empresa imobiliária na cidade, esse é o momento ideal para comprar, e não vender. De acordo com ela, é bem possível que o preço dos imóveis valorize ainda mais. “E uma vez aumentado o preço, ele não volta mais. Eu acredito que quem pode comprar deve investir agora, e quem puder esperar para vender, deve esperar. Porque a tendência é a valorização”, disse. Segundo a gerente, muitas empresas de diferentes ramos e construtoras têm sondado a imobiliária em busca de áreas para construírem na cidade. “Tem muita gente de fora querendo vir pra cá. A preferência é a área central de Ipatinga, mas estamos indicando outros lugares, como o Parque Caravelas, Cidade Nova e Residencial Porto Seguro”, informou. Ainda de acordo com Luciene, a procura por locação tem aumentado significativamente, principalmente no bairro Bom Retiro, devido à concentração de campi universitários na região. “O Bom Retiro é o único bairro em que temos fila para locação. O mercado imobiliário vive um momento eufórico”, analisou.Polliane Torres
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Comentários

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Natanael

25 de setembro, 2022 | 16:14

“Por isso ninguém consegue adquirir nada nesse lugar slc, dinheiro perdeu valor.”

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