17 de julho, de 2008 | 00:00
Vale aumenta produção em minas
Minério produzido em Brucutu irá atingir 30 milhões de toneladas/ano
Roberto Sôlha
Paulo Horta explica que os investimentos atendem as demandas por minério de ferro do mercado externo
SÃO GONÇALO DO RIO ABAIXO - Do tamanho de 27 estádios do porte do Mineirão. Para quem nunca esteve na mina de Brucutu, esta é melhor maneira de ilustrar as dimensões do maior complexo em capacidade inicial de produção implantado no mundo. Localizada na porção nordeste do Quadrilátero Ferrífero, no município de São Gonçalo do Rio Abaixo, Brucutu possui oito quilômetros quadrados de área e foi inaugurada em outubro de 2006. Sua reserva, de 745,6 toneladas de minério de ferro, integra o Complexo Minas Gerais, do qual também fazem parte as minas de Gongo Soco, em Barão de Cocais, Andrade, em Bela Vista de Minas, e Água Limpa, em Rio Piracicaba e Santa Bárbara. Somente em Brucutu são produzidas 28 milhões de toneladas de minério anualmente, mas a empresa prevê atingir 30 milhões de toneladas a partir deste ano. As dimensões do complexo são impressionantes não somente sob o ponto de vista industrial e físico. Fora os seus impactos econômicos para a Vale, o empreendimento resultado de um investimento de R$ 1,1 bilhão promove impactos e transformações sociais em São Gonçalo do Rio Abaixo. Dos 2.100 empregados em Brucutu, 15% do efetivo é formado por profissionais de São Gonçalo”, informa o geógrafo Paulo Horta, gerente geral das minas.Segundo ele, desde a inauguração de Brucutu, a Vale, juntamente à Prefeitura local, já promoveu diversas ações em benefício da comunidade, como a reforma de suas 14 escolas rurais, que passaram a contar com quadras esportivas, e a inauguração de uma faculdade, que conta com os cursos de Enfermagem, Educação Física e Administração de Empresas. Além disso, a população passou a dispor de três novas equipes especializadas em saúde para fazer o atendimento familiar, tratamento de água e esgoto, novas estradas e o primeiro centro cultural da cidade. No Quadrilátero Ferrífero, a empresa também desenvolveu vários projetos, como o Vale Alfabetizar e o Vale Mais, que mantêm programas como o Circuito Mineração” (integração de comunidades por meio de visitas às minas) e o Encontro com Lideranças” (promove a educação ambiental e a integração com as comunidades locais).Estas novidades foram um advento importante a partir da inauguração da mina de Brucutu. Seria mais fácil para a Vale trazer mão-de-obra de fora e não se ocupar de utilizar mão-de-obra local, mas o interesse da empresa é investir nas comunidades onde ela está inserida. Este investimento é benéfico para todos, no final das contas. Hoje, praticamente não há mais desemprego em São Gonçalo do Rio Abaixo”, afirma o gerente geral.
Tempo integral Operando 24 horas, 365 dias ao ano, de longe a mina de Brucutu parece um grande deserto vulcânico, mas cercada pelas características montanhas verdes de Minas Gerais. Segundo explica o gerente Paulo Horta, o controle das atividades desenvolvidas na mina é feito na sala de comando, a mais moderna de todas as minas da Vale em termos de tecnologia. De lá partem todas as ordens para a área operacional de Brucutu. No total, 29 câmaras de vídeo, com visão de 360 graus e alcance de 1.500 metros de distância, estão espalhadas pelo complexo e controlam todos os passos dos trabalhadores, assim como avaliam a performance dos equipamentos de dimensões colossais. Entre eles, o que mais chama a atenção são os caminhões com capacidade para transportar até 300 toneladas de minério, à custa de um consumo de 110 litros de diesel por hora. O preço de uma máquina dessas gira em torno de US$ 2,5 milhões e cada um dos quatro pneus não sai por menos de US$ 30 mil. Eles trafegam 24 horas por dia para garantir o abastecimento de duas locomotivas de 80 vagões com capacidade para transportar 80 toneladas de minério de ferro diariamente para o Porto de Tubarão, em Vitória, no Espírito Santo. A maior parte da produção seguirá para o exterior. Brucutu é hoje a maior aposta da Vale. Só perdemos em produção para Carajás, no Pará, a maior exportadora de ferro do mundo. No entanto, as nossas perspectivas para Brucutu são extremamente animadoras, uma vez que a vida útil de Brucutu é de no mínimo 30 anos de exploração”, explica Paulo Horta. DemandaEm 2008, a Vale prevê investimentos de aproximadamente R$ 298 milhões no complexo Minas Centrais. Os recursos são destinados às áreas de desenvolvimento, infra-estrutura, segurança e oficinas, entre outras. Apenas na área social serão investidos cerca de R$ 7 milhões. Segundo a empresa, a Vale gera cerca de 5.100 empregos diretos e indiretos no Quadrilátero Ferrífero. Em Minas Gerais serão investidos US$ 8,6 bilhões nos próximos cinco anos, sendo US$ 1,7 bilhão previsto no decorrer de 2008. A empresa, maior produtora de minério de ferro do mundo, adianta que o número de postos de trabalho a ser gerados - incluindo próprios, terceiros e temporários - deve chegar a 54 mil no Estado até 2012. O alto montante de investimentos visa suprir a crescente demanda de minério de ferro do mercado internacional. Esta motivação foi um dos fatores que levaram a Vale a promover tamanha expansão na jazida de Brucutu. Boa parte do minério se endereça à China, que tem movido vários setores da economia no Brasil e no mundo. A Vale namora há tempos o mercado chinês e investe para estar perto dele. Temos a vantagem de atuar num país que concentra uma das maiores reservas mundiais de minério de ferro. A Vale vem investindo pesado em um de seus principais braços de negócio, a logística, para se adaptar ao aquecimento do mercado do mineral mais produzido e consumido do planeta, usado em aparelhos eletroeletrônicos, computadores, materiais de construção civil, insumos agrícolas, veículos e uma infinidade de outras utilidades”, finaliza o gerente geral da mina, Paulo Horta. * A reportagem do DIÁRIO DO AÇO visitou a mina de Brucutu a convite da Vale.Roberto Sôlha
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