12 de julho, de 2008 | 00:00
Expansão acelera construção civil
Delegado do Sinduscon fala da necessidade de mão-de-obra qualificada
Fotos: Polliane Torres
O delegado do Sinduscon, Kleber Divino Muratori, acredita que a expansão vai atingir vários setores da região
IPATINGA Vários segmentos da sociedade na região vão passar por alterações com a concretização da expansão da Usiminas. A nova usina será construída em Santana do Paraíso, mas a economia das cidades do entorno sentirá os reflexos dessa implantação. Em Ipatinga, onde a Usina Intendente Câmara receberá US$ 1,2 milhão dos US$ 14,1 bilhões aplicados na expansão, o setor que sinaliza o maior crescimento é o da construção civil. De acordo com dados informados pela Delegacia Regional do Vale do Aço do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon), de janeiro a maio deste ano a cidade empregou 18.605 pessoas e demitiu 15.137, gerando um saldo de 3.468 empregados. Desse total, 1.780 são funcionários do ramo da construção civil. Em segundo lugar no ranking está a indústria de transformação, com 1.227 novos postos de trabalho. O setor de prestação de serviços gerou 505 novos empregos. O delegado da Regional e gerente-geral da Sankyu, Kleber Divino Muratori, disse que os números colocam Ipatinga entre as cidades que mais crescem no Estado no que tange à construção civil. Tivemos uma elevação substancial no ramo”, comentou. Segundo ele, vários setores esperavam pela expansão. De alguma forma as empresas e pessoas da região estavam se preparando para isso. No último ano, vimos várias construções pela cidade, como hotéis, alojamentos e centro de formação profissional. Agora, vivemos a expectativa de muita atividade, principalmente para a construção civil da região, nos próximos quatro anos”, avaliou. Preços Uma das conseqüências do boom da construção civil foi o aumento no valor dos materiais de construção. De acordo com Kleber, o preço do cimento foi reajustado em cerca de 30% neste ano. O aço e o minério também tiveram uma elevação de preço significativa. Como se trata de commodities internacionais, esse aumento influencia no preço de vergalhões utilizados na construção civil, por exemplo”, explicou. As mudanças são facilmente detectadas nas lojas de materiais de construção. O casal de comerciantes Maria Aparecida Silva Reis e Keler Antônio Cunha dos Reis afirma que o valor de ferragens aumentou cerca de 20% no último mês. O custo da barra de 15 metros, por exemplo, subiu de R$ 15,90 para R$ 19,50. As vendas estão mornas, não está ruim, tem até muita gente construindo. Junho foi o melhor mês até agora”, comentou Maria Aparecida. Mas Keler reclama que o boom da construção ainda não surtiu efeitos lucrativos para os varejistas. Esse salto foi só para as grandes construtoras, que compram direto do atacadista. No varejo, ainda não sentimos as mudanças tão esperadas”, reclamou o comerciante. Kleber explicou que, a princípio, o crescimento no setor realmente surte mais efeito em grandes empreendimentos. Mas a previsão é que o comércio se aqueça daqui para a frente. Na verdade, o comércio local vai sentir muito. Com o aumento da renda, as pessoas vão investir em melhorias de suas moradias. Esses são clientes potenciais para o comércio local. Não dá pra pensar isoladamente nesse crescimento. Vamos precisar de motoristas, ônibus, vigilantes, hotéis, lavanderias, postos de gasolina, contingente de polícia, etc. De forma geral, o comércio vai sofrer conseqüências diretas e positivas”, argumentou.
Maria Aparecida Silva e Keler Antônio Cunha esperam por melhorias no comércio varejista
Carência Se as expectativas quanto ao crescimento são boas, a contratação de mão-de-obra qualificada preocupa. A expansão vai gerar entre 16 mil e 20 mil novos postos de trabalho, apenas na construção da nova usina. Estamos enfrentando um problema sério. Além do custo de matérias, temos o problema da escassez de mão-de-obra. Esse vai ser o nosso grande vilão dos preços. Infelizmente, as cidades não se prepararam plenamente para isso. A Prefeitura de Ipatinga está à frente de outras cidades nesse aspecto. Já a de Santana do Paraíso terá que investir pesado nessa formação. E estamos praticamente em cima da hora. De imediato, a obra demanda fundações e terraplenagem. Infelizmente, vamos ter que receber muita mão-de-obra de fora”, declarou.Outro agravante apontado por Kleber é a expansão de empresas nas regiões vizinhas, como da ArcelorMittal Monlevade. A cidade está muito próxima da gente. Vamos ter uma demanda substancial de mão-de-obra no Estado nos próximos quatro anos. Com certeza, essa demanda vai gerar o aumento do custo da mão-de-obra qualificada”, enfatiza o delegado.Polliane Torres
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor:
[email protected]