16 de maio, de 2008 | 00:00

Interdição na BR-458

Cargas proibidas na ponte metálica a partir da próxima segunda-feira

Arte em fotos de Alex Ferreira


Onde está o problema? Aparelhos de apoio localizados na ponta das pilastras ficaram desgastados após 37 anos de uso
CARATINGA – A Superintendência do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), em Belo Horizonte, confirma para a próxima segunda-feira, 19, a interdição parcial da ponte metálica sobre o rio Doce, na BR-458, na saída de Ipatinga para Iapu e Caratinga. Segundo a assessoria de imprensa do Dnit, será liberada apenas a passagem de carros de passeio e ônibus. Os veículos com carga serão vetados. A informação será disponibilizada hoje, em forma de alerta, na página do Dnit na internet. Toda a sinalização já foi providenciada para orientar os transportadores de cargas sobre os caminhos alternativos. Também a Polícia Rodoviária Federal será acionada em vários pontos para auxiliar nos desvios. Com a restrição de cargas na ponte sobre o rio Doce, os caminhoneiros terão de mudar o trajeto, seguindo de Ipatinga até Governador Valadares pela BR-381, onde a rodovia cruza com a BR-116 (Rio-Bahia) e faz a ligação com Caratinga. Já o motorista que sai de Belo Horizonte e vem pela BR-381 com destino a Caratinga, deve pegar a BR-262 em João Monlevade e seguir até Realeza (Manhuaçu), onde existe o cruzamento com a BR-116.A interdição parcial, segundo o Dnit, é uma medida de segurança, já que a ponte está com sérios danos nos aparelhos de sustentação. Conforme o DIÁRIO DO AÇO divulga desde terça-feira, 13, o tráfego está comprometido sobre a ponte danificada. O reparo não tem data definida para começar. Já foi pedida a decretação de Estado de Emergência, mas o processo segue um rito lento e burocrático. Segundo a assessoria do Dnit em Belo Horizonte, o decreto ainda não saiu, por depender de uma decisão da diretoria colegiada do Dnit.

Luciano: Areal destina quase 100% da produção para Ipatinga
Empresas calculam prejuízos com desvioOs empresários que estão do outro lado da ponte metálica, em território que pertence a Caratinga, estão preocupados com o anúncio da interdição da ponte sobre o rio Doce. Sem área para expansão em Ipatinga, muitas empresas migraram para o outro lado do rio, onde instalaram unidades às margens da BR-458. Com o saturamento da ocupação urbana em Ipatinga, muitas pessoas investiram em empreendimentos imobiliários situados em áreas pertencentes ao município vizinho. A interdição da ponte causará transtornos antes impensáveis para quem buscou essa alternativa, mas mantém negócios, recruta mão-de-obra, trabalha ou destina a Ipatinga a maior parte de sua produção.Esse é o caso, por exemplo, do Areal Rio Doce. O gerente administrativo, Luciano Alvim, explica que a empresa, com 20 funcionários, opera com entrega programada para empresas como a Usiminas. Além disso, diariamente cerca de 100 caminhões carregam areia para a construção civil no local. “A interdição vai trazer prejuízos. Vendemos a maior parte da produção para Ipatinga”, explica. Além da Rio Doce, há outras duas empresas que extraem areia nas proximidades para abastecer o setor da construção civil no Vale do Aço. Em relação ao desvio por Governador Valadares, que aumentaria a viagem para Ipatinga de 10 para 210 quilômetros, o auxiliar administrativo Rodrigo Bergane Trevisani explica que essa alternativa é totalmente inviável. “Um caminhão com 6 metros cúbicos de areia custa, com frete, R$ 110 na viagem para Ipatinga. Para Governador Valadares, só o frete custaria R$ 450”, compara. [imagem6937] Duplamente ilhadosMoradores da Ilha do Rio Doce também estão preocupados. Na pequena vila às margens do rio, é difícil encontrar uma família que não tenha um parente empregado em Ipatinga ou que dependa da viagem diária ao município vizinho por algum motivo. O comerciante Geraldo Benedito do Nascimento, há onze anos estabelecido na ilha, disse que essa informação tirou o sono dos moradores. Geraldo trabalha com caminhão há 30 anos e, desde que a ponte foi construída em 1971, só viu o equipamento piorar. Dono da única mercearia do lugar, Geraldo já pensa em alternativas para abastecer o estabelecimento, quando a ponte estiver interditada. Embora a Ilha do Rio Doce seja um povoado na área territorial de Caratinga, Geraldo explica que ninguém vai à sede do município. Escola, saúde pública, comércio e outras atividades estão atreladas à cidade vizinha. “Das 450 pessoas que aqui moram, a única ligação é com Ipatinga ou com Ipaba. Caratinga nunca faz nada para a gente. É só você olhar a situação aqui do povoado para comprovar”, desabafa o comerciante.Alex Ferreira
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