13 de maio, de 2008 | 00:00

Ponte metálica pode cair

Danos na sustentação colocam em risco a travessia sobre o rio Doce

Fotos: Wôlmer Ezequiel


Passar sobre o rio Doce está arriscado, devido aos danos na ponte metálica
IPATINGA – Quem pensa que o maior problema da ponte sobre o rio Doce, na BR-458, está na plataforma, onde o asfalto está sempre deformado e a dificultar o tráfego, engana-se. O verdadeiro estrago está escondido na estrutura metálica da ponte e nos cinco pilares que a sustentam. A ponte de 250 metros de extensão, construída com engenharia alemã em 1971, corre o risco de cair.A informação foi confirmada pelo engenheiro da regional Caratinga do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), Milton Genelhu. Ao passar por Ipabinha de Santana do Paraíso, onde participou de audiência pública sobre a pavimentação do acesso ao povoado, o engenheiro explicou que os aparelhos de apoio da ponte precisam ser substituídos.DeterioraçãoMilton Genelhu disse que os aparelhos de apoio da ponte são dispositivos que fazem com que ela se movimente, seja com peso do tráfego ou por dilatação, sem causar danos em sua estrutura. “Os aparelhos de apoio são roletes de aço, que atualmente estão danificados. Saíram dos lugares onde deveriam estar e a ponte está apoiada sem nenhuma segurança”, detalhou.Segundo Genelhu o que ocorreu na ponte sobre o rio Doce já era esperado. Para o engenheiro foi um desgaste natural, resultante do trânsito intenso durante quase quatro décadas de utilização e que obriga, agora, a tomada de providências consideradas emergenciais para evitar o processo lento, mas gradativo de deterioração da estrutura da ponte. RiscosQuestionado sobre os riscos atuais do tráfego sobre a ponte metálica na BR-458, na saída de Ipatinga para Caratinga, o engenheiro do Dnit não mediu as palavras. Ele explicou que, por ser muito difícil o acesso às cabeças dos três pilares centrais da ponte, a inspeção dos técnicos ficou limitada às cabeceiras.“Foi verificado que os pilares das cabeceiras estão danificados e os roletes não funcionam. A ponte é uma engrenagem. Então, acreditamos que todos os demais pilares estejam danificados. Se os outros estiverem efetivamente parados, a ponte está com o trânsito comprometido e a interdição é inevitável para garantir a segurança dos usuários”, assegurou. Por causa da gravidade do caso, o Dnit pode interditar o tráfego no local a qualquer momento.  ReparosO custo dos reparos da ponte metálica, na BR-458, ainda dependem de um orçamento. O projeto, no entanto, nem começou a ser elaborado, pois os técnicos do Dnit sequer conseguiram até agora ter acesso aos pilares centrais da ponte. Segundo o engenheiro Milton Genelhu dificilmente a obra ficará por menos de R$ 2 milhões. A gravidade do caso, segundo o engenheiro, já foi comunicada à diretoria do Dnit em Belo Horizonte e as providências são aguardadas.Interdição Para consertar a ponte será preciso interditar totalmente o tráfego sobre ela. Quem sai de Ipatinga no sentido à BR-116, por exemplo, teria a opção de passar por Governador Valadares. O desvio vai aumentar a viagem em 100 quilômetros até o entroncamento das rodovias 458/116. Outra opção para ir de Ipatinga a Caratinga seria utilizar a estrada de terra via Revés do Belém, mas isso só será viável em período de estiagem, pois quando chove a estrada fica praticamente intransitável.

Genelhu: “intervenção na ponte metálica deve ser emergencial”
Técnica alemã ‘arcaica’ precisa ser modernizadaNa época em que foi construída, há 37 anos, a ponte metálica sobre o rio Doce era o que havia de mais moderno em engenharia. Uma técnica desenvolvida na Alemanha deu sustentação, sobre quatro pilares, aos 250 metros da plataforma de aço recoberta por concreto e asfalto. Funcionou bem enquanto duraram os roletes do aparelho de apoio, que não existem mais. O engenheiro do Dnit Milton Genelhu disse que, naquela época, a Usiminas, a Acesita (atual ArcelorMittal) e outras empresas da região já estavam em fase de grande produção e a ponte foi projetada para suportar o tráfego daquele período e a sobrecarga futura. “No entanto as normas eram outras. Os cálculos eram para cargas menores. Hoje é necessário substituir os aparelhos de sustentação da ponte, inclusive passando-os para equipamentos mais modernos”, concluiu o engenheiro.Alex Ferreira
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