08 de maio, de 2008 | 00:00

Seis casos de dengue hemorrágica

Secretário confirma casos, mas contesta versão do Hospital Siderúrgica

Wôlmer Ezequiel


O secretário de Saúde, Rubens Castro, reconhece os casos de dengue em Fabriciano e pede co-responsabilidade nas ações
FABRICIANO – Após a morte da menina Júlia Soares Alves, de cinco anos, moradora do bairro Caladinho do Meio, em Coronel Fabriciano, e que foi vítima de dengue hemorrágica, outros cinco casos da fase mais grave da doença vieram à tona na tarde de ontem. O diagnóstico constatou febre hemorrágica de dengue em Evaristo de Souza, 80, Andrey Henrique Lima, 30, Adeilda Rodrigues Garcia, 35, Edna Maria Pires de Oliveira, 41, e Maria Helena Barrada Vieira, 67. Todos foram tratados a tempo e receberam alta.O caso que mais preocupava envolvia o menino Lucas Souza, de oito anos, que teve a situação agravada nos últimos dias. Tratado no Hospital Márcio Cunha (HMC), ele já passa bem. Na segunda-feira, 5, a morte do vigilante Washington Faria da Silva, 36, deixou a Secretaria Municipal de Saúde, mas o diagnóstico não foi reativo à dengue. “Nada comprova que ele morreu de dengue. Na verdade, ele tinha um comprometimento imunológico de relevância, mas os laudos não comprovam a morte por dengue”, diz o secretário de Saúde, Rubens Castro. Em contrapartida, o diretor do Hospital Siderúrgica, Marcos Vinícius Bizarro, disse que o vigilante gozava de boa saúde e que morreu vítima da doença. “O exame que recebi hoje (ontem) deu reagente para dengue”, afirma.NegligênciaNa residência onde morava Washington Faria, na avenida Vitória Régia, bairro São Domingos, em Fabriciano, a viúva Rosângela Aparecida, 35, disse que o marido morreu vítima de negligência médica. Segundo ela, Washington vinha sentindo fortes dores de cabeça e no corpo, mas os médicos no Hospital Siderúrgica diagnosticaram uma virose.“O remédio que ele vinha tomando em nada surtia efeito, tanto que alguns dias mais tarde ele foi novamente ao hospital. Naquela ocasião disseram ao meu marido que o laudo demoraria, alegando que, devido ao feriado de 21 de abril ‘tudo iria se atrasar’. Receitaram amoxilina, o que não é normal”, denuncia a viúva.Ela ainda acrescenta que no dia 23 o marido voltou ao hospital, após ter febre alta, dores no corpo e sangramento no nariz. “Foram duas fraldas encharcadas de sangue. No dia seguinte, ele foi internado”, lembra.O diretor do Hospital Siderúrgica, Marcos Vinicius Bizarro, desconhece a receita de amoxilina a Washington. “Eu mesmo o tratei na segunda vez que ele veio ao hospital. Vi que o caso era grave e o internei. Era amigo pessoal da família e sabia que o Washington tinha uma imunidade baixa, em virtude de outra doença. Conhecia o caso e sei que não houve negligência”, afirma Bizarro.Co-responsabilidadePara o secretário de Saúde de Fabriciano, Rubens Castro, é preciso que a sociedade reconheça a gravidade da doença no município e atue mais ativamente. “80% dos casos estão das residências, mas isso também não quer dizer que a responsabilidade é só das pessoas. Estamos fazendo a nossa parte, uma vez que a dengue exige uma luta contínua e não adianta parar em tempos de baixa de temperatura e escassez de chuva”, diz.Conforme Castro, é necessário que os agentes de saúde e os médicos da região atuem com mais responsabilidade. “Não se pode tratar dengue como febre ou uma gripe qualquer. Sabemos que não é fácil detectar, mas tem que haver mais esforço de todas as partes”, cobra o secretário.Família acredita que há epidemia em FabricianoO clima no Cemitério Vale da Saudade, em Coronel Fabriciano, onde Júlia Soares Alves, de cinco anos, foi velada e sepultada ontem, era desolador. Luciene e Jean, pais de Júlia, única filha do casal, tiveram de ser medicados e não quiseram falar à imprensa. A situação mais complicada é a de Luciene, que faz tratamento contra um câncer e não pode mais gerar filhos.Edvar Cardoso Alves, 55 anos, tio de Júlia, acredita que em Fabriciano existe uma epidemia de dengue. “São muitos casos da doença. A cidade está enfrentando uma epidemia. A sociedade tem que saber disso”, resumiu.O secretário de Saúde, Rubens Castro, solidário com a dor da família, lembra que a última epidemia de dengue na região ocorreu em 1998, acrescentando que o quadro atual exige que os órgãos competentes, juntamente com a sociedade, atuem com responsabilidade para evitar problemas como o ocorrido há dez anos. Para Maria das Mercês, 58 anos, tia-avó de Júlia, a culpa pela proliferação da dengue se deve à falta de investimentos em saúde epidemiológica, aliada à falta de cuidado da população.“Cada um tem sua parcela. Infelizmente muita gente não acredita que a dengue é uma doença grave, que pode matar”. Mercês conta que Júlia era uma garota saudável. “Desde quinta-feira a menina ela começou a passar mal. No domingo, teve que ser internada no Hospital Márcio Cunha e só foi piorando. Toda a família está inconsolável com a morte da Júlia”. Roberto Bertozi
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