07 de maio, de 2008 | 00:00

Comunidade recusa oferta da Vale

Prefeito busca apoio para mudança de escola na Vila Ipanema

Wôlmer Ezequiel


Trem de passageiros no viaduto na Vila Ipanema: poluição sonora e transtornos
IPATINGA - A quinta reunião entre moradores do bairro Vila Ipanema e equipe técnica da Vale, na tarde de ontem, na Escola Estadual João Walmick, não avançou no sentido de destravar as pendências que impedem o início das obras de construção da terceira linha férrea. Desde fevereiro, encontros entre técnicos da empresa e moradores discutem medidas para atenuar o impacto da obra na área residencial mais próxima do tráfego de locomotivas nos dois leitos já existentes. Apesar de a empresa ter garantido uma série de providências, persiste a insatisfação. O receio de que a execução do projeto possa causar mais transtornos foi um dos fatores que levaram à rejeição da proposta feita à comunidade. Preocupada com o cronograma da terceira linha férrea, projetada para atender as demandas da expansão da Usiminas e Cenibra, a Vale convocou a reunião de ontem na expectativa de resolver a principal pendência com a comunidade. Os moradores reivindicam a mudança da João Walmick para outro ponto do bairro, alegando que a proximidade da unidade de ensino com a ferrovia prejudica professores e alunos devido ao barulho. A empresa se propõe a construir quatro novas salas, o que possibilitaria ambientes com menos alunos e menor desgaste aos professores, que sofrem para serem ouvidos em meio à poluição sonora. Mas as lideranças presentes à reunião decidiram que a proposta não resolveria os problemas. Após consultar os representantes do bairro, a diretora da João Walmick, Maria Aparecida Salles, explicou que a única alternativa viável é a mudança da escola  para outra área mais afastada da linha férrea. “As locomotivas passam a cada 15 minutos. Temos professores com problema de audição e afônicos justamente porque precisam gritar para serem ouvidos. A construção de mais salas poderia amenizar o problema por enquanto, mas a demanda de alunos cresce anualmente. A única medida aceitável é a mudança da escola, porque certamente estes transtornos irão crescer após a construção da terceira linha”, disse Maria Aparecida Salles.Transferência Em resposta à diretora, o gerente comercial da Vale, Paulo Fraga, explicou que a possibilidade de a escola ser transferida para outro local independe da atuação da empresa, uma vez que a unidade de ensino é de responsabilidade do Estado. Segundo ele, a PMI já adiantou que não tem o interesse de municipalizar a escola. “É preciso entender que a João Walmick foi instalada neste local com a ferrovia já em pleno funcionamento. Não podemos intervir em um local que foi designado pelo Estado”, disse o gerente comercial da empresa. Ele também explicou que a Usiminas já anunciou que não dispõe de área no Vila Ipanema para uma possível transferência da escola.Diante dos esclarecimentos feitos por Fraga, o prefeito Sebastião Quintão (PMDB), presente ao encontro, afirmou que os interesses da comunidade precisam ser respeitados. Assim, a Administração irá buscar ajuda em outras esferas para viabilizar a mudança da escola. “Os tempos em que empresas decidiam os rumos da história por conta própria não existem mais. A Vale não vai chegar aqui e simplesmente impor suas necessidades sem que haja consentimento dos moradores do bairro. Nós podemos embargar a construção da nova linha férrea, apesar de favoráveis ao progresso e conscientes dos benefícios que a obra irá proporcionar”, disse o prefeito. Na avaliação de Quintão, as propostas da Vale são “ridículas” e não irão atenuar os impactos da terceira linha. “A vida dos professores e estudantes ficaria insuportável”, afirmou.  Consenso O prefeito e a equipe da Vale se comprometeram a buscar recursos junto ao Estado para a possível transferência da João Walmick. Uma comissão formada por três representantes da comunidade irá acompanhar as discussões. Como o principal impasse persiste, a empresa evitou especular sobre o início das obras da terceira linha entre o aeroporto e o Shopping do Vale do Aço, compreendendo um trecho de dez quilômetros. 
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