27 de abril, de 2008 | 00:00
Lixo da modernidade
Descarte de sucatas eletrônicas requer atenção por parte da população
IPATINGA A destinação final da sucata de equipamentos eletrônicos há muito virou uma preocupação. O crescimento do consumo e a defasagem acelerada da tecnologia fazem aumentar também o descarte daquilo que, da noite para o dia, passa de novidade a velharia. Por isso, não é raro encontrar esse lixo da modernidade” jogado pelas ruas, a provocar riscos ambientais.Entre os equipamentos abandonados em via pública, tubos de imagens de televisores e monitores de computador são preocupações à parte. Afinal, cabe a quem recolher esse tipo de lixo? Em busca da resposta, a reportagem do DIÁRIO DO AÇO foi bater nas portas da Vital Engenharia, empresa que cuida da limpeza urbana em Ipatinga e que possui o único aterro sanitário licenciado no Vale do Aço.Riscos O gerente da empresa, Lélis Antônio Carlos, explicou que não é papel” da Vital recolher o lixo eletrônico. No caso específico do tubo de imagem, além do risco de explosão e dos estilhaços, o equipamento contém chumbo e fósforo. O chumbo, particularmente, é um metal altamente perigoso e tem que ser recolhido a um aterro de resíduo industrial. Em via pública, ele representa um potencial risco de acidente com as pessoas”, orientou.Mas os problemas são maiores ainda. Os resíduos contaminados por óleo lubrificante e graxas, por exemplo, que saem das oficinas, são encontrados descartados nas lixeiras pelas ruas e a destinação final não pode ser o aterro sanitário. Outro problema são as lâmpadas fluorescentes. Elas também contêm resíduos perigosos, como o mercúrio, e não podem ser trazidas para o aterro sanitário. Esse tipo de lâmpada tem que ser levado para as pessoas que as comercializam. Quem vende, tem que reencaminhar aos fabricantes aquilo já não serve mais”, acentuou o gerente da Vital Engenharia.As baterias também são outro alvo de preocupação ambiental. No caso das baterias de automóveis, a orientação de Lélis Carlos é que as pessoas, ao fazerem a troca, que deixem o equipamento velho na oficina, para que o vendedor faça o encaminhamento para reciclagem. Com relação às pilhas e baterias dos eletrônicos, em Ipatinga ainda não há um serviço de coleta desse tipo de equipamento. As grandes vilãs da natureza são as baterias de celular. O nosso aterro não é credenciado para o descarte de pilhas e baterias. As pessoas não entendem isso, mas é preciso explicar que os órgãos ambientais apertam o cerco cada vez mais e podem aplicar pesadas multas em caso do descumprimento das normas”, afirmou.LicenciamentoSobre a autorização para a operação do aterro sanitário localizado em Santana do Paraíso, Lélis Carlos explicou que o licenciamento prevê a destinação apenas de resíduos domésticos e resíduos inertes, que são os restos de construção e terra. A classificação do material que pode entrar em um aterro sanitário está diretamente ligada à forma como o aterro é construído e à impermeabilização do solo. Nós usamos aqui uma manta de dois milímetros. Já um aterro para receber resíduos perigosos precisa de uma proteção bem mais espessa, para evitar vazamentos”, detalhou. Quem estiver de posse de algum resíduo perigoso e quiser descartá-lo deve buscar orientação. O telefone da Vital Engenharia é 0800-723.6600. Na região, apenas as grandes empresas possuem equipamentos licenciados para resíduos tóxicos.Produção Localizado às margens da BR-381, sentido Ipatinga/Governador Valadares, o aterro sanitário da Vital Engenharia recebe atualmente uma média diária de 220 toneladas de lixo domiciliar. O volume está abaixo das 300 toneladas diárias, para as quais o equipamento está licenciado. Sobre a atual produção de lixo no Vale do Aço, Lélis Antônio Carlos disse que está dentro da média prevista para a região. Além de Ipatinga, Santana do Paraíso, Timóteo e Coronel Fabriciano, o aterro recebe lixo vindo de Marliéria, Belo Oriente e Itanhomi. Medidas para redução no impacto do consumismoNum momento em que parece não caber no mundo tanto lixo produzido nas cidades, quaisquer medidas que impliquem redução da produção de resíduos é bem recebida. No meio dessa preocupação estão as sacolas plásticas dos supermercados e as garrafas Pet (Politereftalato de etila). Esse tipo de plástico, jogado na natureza, demora até 450 anos para se decompor. Para as sacolas, já há soluções como a de um supermercado em Timóteo, que incentiva seus clientes levarem as sacolas de volta na hora da compra. Em Ipatinga outro supermercado adotou uma sacola confeccionada com material biodegradável, com um processo mais rápido de decomposição após o uso. As medidas, na avaliação de Lélis Antônio Carlos, da Vital Engenharia, são representativas. No seu entendimento, o mundo atingiu certa evolução ao produzir determinados artigos descartáveis, mas o resultado foi mais desastroso do que benéfico. Um exemplo foi a adoção das garrafas Pet pelas empresas de refrigerantes. A inovação acabou com os incômodos das garrafas retornáveis de vidro. Em contrapartida, as garrafas de plástico viraram as vilãs das enchentes, porque entopem bocas-de-lobo e infestam córregos e rios. O Pet é tão danoso que as empresas, aos poucos, retornam às garrafas de vidro. As donas de casa, para fazer suas compras, deverão retornar ao tempo em que levavam suas próprias bolsas. O homem terá que descobrir um ponto de equilíbrio, porque ele é o único ser que fabrica as coisas para se prejudicar”, concluiu Lélis Carlos. Coleta de entulhos deve ser solicitadaO descarte de materiais não perigosos residenciais, como os móveis velhos, também deve ser informado à empresa que detém a concessão da limpeza urbana em Ipatinga. Se a pessoa vai descartar um sofá velho, por exemplo, que ligue para a gente, por meio do 0800-723.6600, que vamos buscá-lo. É preciso evitar jogar esse tipo de material nas vias públicas”, ressaltou Lélis Antônio Carlos. Em relação à poda da vegetação, ele disse que também há um serviço gratuito de coleta mas, a exemplo dos móveis, é preciso que a pessoa ligue e avise que vai descartar o resultado da poda.No caso de resíduos de construção, o assunto é regulamentado por lei municipal. Até cinco carrinhos de mão, o munícipe tem a gratuidade do serviço: basta colocar na porta da casa nos dias determinados e o caminhão de coleta recolhe o entulho. Acima de cinco carrinhos, o proprietário da obra tem de contratar uma empresa específica, do tipo disk-caçamba”.
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]