20 de abril, de 2008 | 00:00

80% dos focos em residências

Entulho, água parada e omissão favorecem o Aedes aegypti

Wôlmer Ezequiel


Água parada e entulho amontoado em um lote na rua Seis, no Belvedere, denuncia a omissão de parte da população
FABRICIANO – O surto de dengue e a possibilidade real de uma epidemia da doença têm deixado em alerta as autoridades da Região Metropolitana do Vale do Aço. A maior preocupação está em Coronel Fabriciano, segundo município mineiro com maior índice de infestação de dengue, conforme dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES). No Levantamento Rápido de Aedes aegypti (LIRAa), Fabriciano aparece com 7,2% de notificações, atrás da  cidade de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, com 9,9% de infestação. Governador Valadares, com 6%, está em terceiro lugar. Esses números foram coletados no início do mês. Para o prefeito de Fabriciano, Chico Simões (PT), “80% dos focos de dengue na cidade estão dentro de residências particulares”. Segundo a assessoria de Comunicação da Prefeitura, os bairros com maior índice de infestação são JK, Giovanini, Bom Jesus, Santo Elói, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora da Penha, Centro, Professores, Sílvio Pereira e Santa Terezinha. No bairro Belvedere, onde os casos de notificação da dengue também são altos, a existência de vários lotes vagos, muitos invadidos pela sujeira, favorece a proliferação do mosquito vetor da doença. O DIÁRIO DO AÇO circulou pelo Belvedere e notou lixo acumulado em alguns locais. Um dos casos mais graves é na rua Seis, antiga rua Professora Dona Lilica Albeni, onde há um lote na esquina com entulho amontoado. O vigilante Aroldo Siqueira Alves, 25 anos, que mora próximo ao local, disse desconhecer o proprietário do lote. “Não vejo ninguém limpar este terreno há muito tempo. Além do entulho, a chuva tem feito com que a área fique ainda mais suja. A dengue acaba atingindo as pessoas que não têm nada a ver com esta sujeira”, lamenta Aroldo. Moradores dificultam trabalhos de agentesDe acordo com o Centro de Zoonoses da Prefeitura de Fabriciano, a situação da dengue no município é de alerta. O trabalho com o carro fumacê já percorreu alguns bairros, segundo as recomendações do Ministério da Saúde de priorizar locais com maiores índices de notificação.Conforme a coordenadora de Vigilância Sanitária e Zoonoses da PMCF, Elenice Fogaça, apenas dois carros fumacê foram enviados pelo governo do Estado para atender a região do Vale do Aço, um deles para Fabriciano. “Por isso, em alguns bairros com menor número de casos notificados, o carro ainda não circulou”, justifica. Além do fumacê, a equipe do Setor de Zoonoses tem realizado, sistematicamente, mutirões de limpeza, orientação aos moradores, visitas regulares, distribuição de sacolas plásticas para recolhimento de lixo, eliminação de larvas (aplicação de larvicida), entre outros serviços. A coordenadora ressalta, ainda, a resistência de alguns moradores em permitir a entrada dos agentes de saúde para os procedimentos de combate à doença. “Esse problema que enfrentamos é sério. Na residência fechada o agente não consegue adentrar para eliminar o foco ou fazer o tratamento químico adequado, o que acaba prejudicando os vizinhos e todo o município”, lamenta Elenice.Bruno Jackson
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