16 de março, de 2008 | 00:00

Impasse e vidas sempre em risco

Exigência sobre projeto atrasa instalação de passarela em Timóteo

TIMÓTEO – Os moradores do bairro Nova Esperança, em Timóteo, aguardam até hoje a instalação da passarela sobre o contorno rodoviário e estrada de ferro Vitória-Minas. Desde que foi inaugurado o contorno da BR-381, há dois anos, os moradores que enfrentavam o perigo da travessia da ferrovia passaram a conviver também com os riscos da pista da rodovia. Em razão dos protestos, a Vale decidiu doar o projeto para a construção de uma passarela em concreto pré-moldado. O projeto foi desenvolvido por uma empresa de Belo Horizonte, mas a sua primeira versão foi vetada pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), porque uma das pilastras ficava muito próxima da pista. A alteração foi realizada, mas o Dnit voltou a encontrar um defeito e exige nova alteração. A Vale bate o pé e afirma que não vai financiar nova modificação no projeto. Enquanto o impasse persiste, moradores continuam expostos ao perigo. Em ofício encaminhado na quinta-feira passada ao vereador Eduardo Carvalho (PT), o engenheiro superintendente regional do Dnit, Fernando Guimarães Rodrigues, reafirma a necessidade de novas adequações no projeto. “Deverão ser feitas modificações na sondagem apresentada, sendo necessária a alteração do tipo de fundação das estacas pré-moldadas para estacas trilho. Sem tais providências, não será possível dar prosseguimento à licitação para a passarela”, diz o engenheiro no ofício. DescréditoOs moradores do Nova Esperança não gostaram de saber do novo impasse. Citam como exemplo o caso da catadora de materiais recicláveis Edna Maria Fernandes, de 56 anos, que no dia 11 de novembro passado morreu atropelada ao tentar atravessar a ferrovia rumo ao bairro Alegre. O presidente da Associação de Moradores, Marcílio dos Santos, disse que lamenta o atraso na instalação da passarela e conta que a rodovia e a ferrovia viraram o tormento dos pais quando as crianças seguem e retornam da escola no vizinho bairro Alegre.“Instalaram a estrada sem se importar com a gente e agora que pedimos uma medida para acabar com nossa preocupação, não somos ouvidos”. Conforme o dirigente, após tantas idas e vindas infrutíferas, a entidade já enfrenta o descrédito da população, que cobra com insistência a construção da passarela. “Eu já não sei mais o que explicar”, afirma.Entre as propostas para resolver o impasse, Eduardo Carvalho vai propor ao município que assuma os custos com a alteração do projeto já pago pela Vale, para que a passarela possa ser instalada no Nova Esperança.Motoristas usam acesso clandestinoOutra situação enfrentada pelos moradores é o aumento no fluxo de veículos que usam o acesso clandestino para sair de Timóteo e entrar no contorno rodoviário. “Carros entram e saem da rodovia em alta velocidade. No começo da manhã e fim de tarde, a situação é de risco nesse acesso clandestino construído aqui dentro do bairro”, alerta o dirigente.O contorno rodoviário, que desviou das áreas urbanas de Timóteo e Coronel Fabriciano o trânsito da BR-381, foi construído sem alças de acesso para Timóteo. Para ir a Ipatinga, a população deveria usar o antigo trajeto, via Coronel Fabriciano, mas para cortar caminho, aos poucos os usuários da estrada construíram vários acessos precários. Um deles fica no bairro Nova Esperança e tem recebido a maioria do fluxo de carros que sai de Timóteo em direção a Ipatinga ou mesmo de quem sai da Regional Leste em direção a Belo Horizonte.