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13 de março, de 2008 | 00:00

Mercado paralelo perto do fim

Cartão magnético pode acabar com vendedores de passes

Alex Ferreira


Washington: quem vende o passe quer um complemento de renda
IPATINGA – A entrada em vigor do sistema de bilhetagem eletrônica no transporte urbano municipal, prevista para abril, vai reduzir ou então acabar com os vendedores de passes. Entre as pessoas que há muito tempo encontraram no mercado paralelo do vale-transporte um meio para a sobrevivência, o clima é de apreensão. O negócio informal está ameaçado porque grande parte do movimento é assegurado pela compra e venda do passe urbano. Com o cartão magnético consignado para uso na bilhetagem eletrônica, é considerada inviável a venda paralela, como ocorre hoje com o vale em papel. A empresa do transporte intermunicipal ainda não fala em adotar o cartão magnético em suas linhas, mas o volume de passes no mercado paralelo é menor e não seria suficiente para manter tantos vendedores nas ruas.Ontem à tarde, na Praça 1° de Maio, alguns vendedores já tinham conhecimento da reportagem publicada pelo DIÁRIO DO AÇO e que dá conta da entrada em vigor do sistema no mês que vem nos ônibus da Autotrans. Washington de Assis, com 10 anos de experiência “negociando” vale-transporte nas ruas, acredita que a empresa não vai agüentar três meses com os bilhetes eletrônicos, pois a maioria dos trabalhadores que pega o benefício assegurado por lei acaba por vender os talões e usa o dinheiro como complemento de renda familiar. “Garanto que 80% dos que pegam o vale-transporte vendem as passagens no paralelo para pagar a conta na padaria, comprar remédios e roupas, e muitos para colocar combustível no carro”, afirmou o negociante informal.MercadoEnquanto Washington de Assis explicava sua opinião aproximou-se um funcionário de uma empresa de grande porte a oferecer 60 passes. Pediu para não ser identificado pela reportagem, por temer punição, mas confirmou que vende o vale para abastecer sua moto. “Moro no Bom Jardim, pego serviço às 5h e, nesse caso, ir de moto é melhor do que de ônibus. Se não puder vender o cartão, vou cancelar o pedido na empresa”, antecipou o trabalhador. A situação do rapaz é a mesma da maioria dos beneficiários do vale-transporte. Ele desconta R$ 30 no seu pagamento, pega 60 vales e, com a venda, consegue R$ 96. No mercado paralelo, o passe vale R$ 1,60 para quem vende. Os cambistas os repassam por R$ 1,90 e encontram clientes, porque dentro do ônibus a passagem custa R$ 2.Dificuldades Esse negócio envolvendo centavos movimenta uma quantia que ninguém sabe especificar quanto diariamente. Mas, segundo o presidente da Associação dos Compradores e Vendedores de Vale-Transporte da Região Metropolitana do Vale do Aço, Ronaldo Fernandes, só em Ipatinga deve haver cerca de 300 pessoas trabalhando no comércio paralelo de passes, no Centro e nos bairros. Fernandes também acredita que a maioria dos compradores vai sair do mercado, após a adoção da bilhetagem eletrônica em Ipatinga, por causa das dificuldades da comercialização do cartão magnético que irá substituir o vale-transporte.Venda é proibida por leiO vale-transporte foi criado há 23 anos, após pesquisas terem apontado as dificuldades que os trabalhadores tinham para custear as despesas com o deslocamento casa-trabalho-casa. As pessoas que ganhavam um salário mínimo, por exemplo, na época tinham cerca de 31% do pagamento comprometido com o custo do transporte. A partir do surgimento do benefício, os trabalhadores formais de todo o país passaram a ter, no máximo, 6% de seus salários descontados para cobrir a compra dos passes, enquanto o empregador passou a arcar com o restante.No entanto, a mesma Lei 7.418, de 16 de dezembro de 1985, que criou o benefício, estabeleceu que o passe não poderia ter outra finalidade a não ser o deslocamento do trabalhador, proibindo assim a sua comercialização. A venda no mercado paralelo, considerada falta grave, pode levar o beneficiário à demissão por justa causa, uma norma que a maioria das empresas ou dos trabalhadores não observa.
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