12 de março, de 2008 | 00:00

Juventude busca o tempo perdido

Estudantes tentam retomar a força das mobilizações

Alex Ferreira


Jouseberson (e) e Matheus, presidentes da UJS de Ipatinga e Timóteo: muitos simpatizantes, mas poucos filiados
IPATINGA - Despertar o interesse dos jovens para as questões sociais e políticas, bem como aglutinar os movimentos estudantis e urbanos existentes na região. Estes são os principais desafios de lideranças e representantes de organizações e instâncias voltadas à defesa dos anseios da juventude do Vale do Aço. Nos últimos anos, alguns movimentos vêm se destacando pela força de mobilização e vontade de promover manifestações à altura das grandes bandeiras e lutas defendidas no passado. É o caso da União da Juventude Socialista (UJS), que atua há mais de três anos em Timóteo e Coronel Fabriciano e, em setembro do ano passado, se instalou em Ipatinga. A UJS também foi responsável pela maior representatividade na 1ª Conferência Municipal da Juventude realizada no último dia 22, em Timóteo. Conforme o presidente da UJS em Timóteo, Matheus Soares, 20 anos, o evento contou com a participação de mais de 200 jovens ligados à entidade. “Em Timóteo, começamos há cerca de três anos e hoje contamos com mais de 250 filiados, em sua maioria jovens do distrito de Cachoeira do Vale. Em Ipatinga, a representação da UJS está enfrentando os mesmos problemas que tivemos no início. Há muitos simpatizantes, mas poucos filiados. Demanda tempo para que os estudantes tenham conhecimento da causa e da importância política de uma organização como a UJS”, analisou.DesarticulaçãoPara o presidente da UJS em Ipatinga, o estudante de engenharia de materiais Jouseberson Miguel da Silva, 23 anos, a constituição da entidade no município já demonstra o quanto a juventude regional está desarticulada. Ele disse que foram necessários mais de três anos para agregar os 10 membros da presidência e diretoria da UJS na cidade. “Em todos os congressos, reuniões e demais eventos que participamos com os jovens, a maioria deixa claro que política é um assunto desinteressante. Também percebemos uma grande falta de informação relacionada aos assuntos ligados à atuação dos políticos. Como boa parte dos adolescentes e jovens acredita que os gestores públicos são todos corruptos, deixam de acompanhar o que está acontecendo no cenário nacional e no próprio âmbito regional”, afirmou Jouseberson, informando que o próximo passo da UJS é criar um plano de filiação em Ipatinga. IntegraçãoPara o estudante de História, Adolfo Thomaz Martins, 24 anos, representante do DCE do Unileste-MG e da União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais (UEE-MG), é inevitável que as mudanças ocorram com as manifestações populares. Ele disse que até os primeiros anos desta década a juventude do Vale do Aço promoveu poucas mudanças no âmbito do ensino superior, mas hoje vislumbra um panorama mais propício para uma transformação nesse comportamento. “Tivemos um marco histórico recente com a inauguração do DCE do Unileste, permitindo que a classe estudantil passasse a contar com pessoas ligadas diretamente à defesa de seus interesses. Foi o primeiro passo para ampliar o debate político no meio acadêmico, por exemplo. Além disso, passamos a promover seminários com temas variados, mostras de filmes, excursões para congressos em outras cidades e diversas outras atividades voltadas para a cultura e o conhecimento. Isso é imprescindível para o meio acadêmico e é importante que o DCE se mobilize para que os campi sediem shows, eventos e conferências”, argumentou Adolfo Thomaz. HistóricoNa avaliação do presidente do DCE do Unileste, a desmobilização da juventude teve origem no golpe de 1964, quando a sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) no Rio de Janeiro foi incendiada pela ditadura militar. “Desde então, passamos por um período em que as uniões estudantis perderam força. Apesar da participação em manifestações importantes na história recente do país, como na campanha pelas Diretas Já e no impeachment de Collor, a juventude voltou a se manifestar de maneira mais efetiva a partir do governo Lula que, a nosso ver, é o mais democrático”, relatou Adolfo Thomaz.Atualmente, o DCE representa os cerca de 8 mil estudantes do Unileste. A meta do diretório é alcançar a adesão de pelo menos 96% dos alunos da instituição. “As contribuições feitas ao DCE e ao Diretório Acadêmico deixaram de ser obrigatórias e passaram a ser facultativas. Ou seja, contribui quem quiser. Mesmo assim, no último semestre 2.500 alunos optaram por destinar uma porcentagem do valor da matrícula para ajudar a custear as atividades promovidas pelo DCE. Foi uma demonstração clara do apoio que estamos tendo e é uma conquista para valorizar o trabalho de quem está envolvido. Se em tão pouco tempo de existência o DCE já conseguiu uma adesão significativa como esta, imagine daqui a 10 anos?”, deduziu.Reivindicações Nos próximos meses, os líderes do diretório irão tentar garantir que a instituição construa a sede do DCE e um Centro de Cultura e Arte em suas dependências. Este é um dos principais itens da pauta de reivindicações que os estudantes irão entregar à direção do Unileste. A pauta também contém antigas exigências, como a redução das mensalidades, a melhoria na qualidade do ensino e o passe livre intermunicipal para os estudantes de ensino superior. Ainda este mês, também será promovido pelo DCE um “seminário de gestão” para avaliar se o número de professores demitidos, em dezembro do ano passado, prejudicou os estudantes da instituição. 
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