07 de março, de 2008 | 00:00

Segurança motiva discussão

Comandante da PM contesta estudos sobre violência em Fabriciano

Alex Ferreira


Masseno: números da segurança pública não fecham com estatística de estudo publicado pela revista Veja
CORONEL FABRICIANO – A exploração política de um estudo publicado pela revista Veja, reproduzido em boletim com montagens de notícias regionais, tem gerado polêmicas e contestações. O material divulgado pela Organização Não Governamental PIM – Pessoas Interessadas em Mudanças –, utiliza os dados divulgados em fevereiro pela revista por meio do estudo do sociólogo Julio Waiselfisz, baseado no Mapa da Violência dos Municípios. O boletim traz dados referentes aos triênios 1997-1999 e 2002-2004. O estudo comparado sustenta que Coronel Fabriciano teve aumentado em 35 vezes o número de crimes violentos. O comando da PM e o governo municipal garantem que não é bem assim. Na contestação do estudo, o prefeito de Coronel Fabriciano, Chico Simões (PT), afirma ter pedido uma retratação à revista. O prefeito lembra que, mesmo se o estudo correspondesse à realidade, o triênio de 2002 a 2004 refere-se a outro prefeito e não ao seu governo, que agora é apontado como responsável pela elevação contestada do índice de violência. Cita como ações práticas de prevenção à criminalidade o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), escola de tempo integral, melhoria na fiscalização do trânsito e convênios com a polícia. “Não é a cidade dos nossos sonhos, queremos mais paz, mas é preciso mostrar que há redução e não aumento no índice de crimes”, afirma. EstatísticasO comandante da 178ª Companhia da Polícia Militar, major Marco Masseno, afirma que os dados pesquisados nos dois triênios para a variação percentual da taxa de crimes violentos não correspondem à realidade em Coronel Fabriciano. O estudo aponta que, entre 1997 e 1998, não houve homicídios e, em 1999, registrou-se um homicídio. “Com isso, quando são comparados os números desse triênio com o período seguinte, de 2002 a 2004, o índice percentual dispara. Na verdade, o estudo está errado porque, no triênio 1997-1998, foram registrados 35 homicídios e não 1. No triênio seguinte, 2001-2004, foram registrados 38 homicídios. O índice de aumento percentual é de 0,112 vez e não 35 vezes”, explica.No entendimento do comandante da PM, os números reais da segurança pública mostram que a cidade apresenta taxas bem inferiores de crimes, equiparadas às de cidades como Mariana, em Minas Gerais, e Iporã, no Paraná. “Observa-se que o estudo deixou de fora da análise os anos de 2000 e 2001, ambos com 10 homicídios cada”. O oficial também lembra que o mapa da violência utiliza dados do Sistema de Saúde, onde são registradas, inclusive, mortes no trânsito, e não apenas crimes violentos contra a pessoa. A estatística atual da PM também mostra que, em 2007, houve redução de 10% nos crimes em geral e de 40% nos crimes violentos, se comparados com o ano anterior. “Em Minas Gerais, Fabriciano foi uma das cidades com mais de 100 mil habitantes com o melhor índice de redução da criminalidade”, completa o oficial. ResultadosApesar de ainda não ser o ideal para a necessidade de uma população que passa de 100 mil habitantes, o comandante da PM relata que já houve aumento no efetivo. “Quando aqui chegamos, contávamos com 76 policiais. Hoje são 126. O número de viaturas subiu para 16, inclusive um ônibus para deslocamento de equipes. Nesse sentido temos participação do governo municipal, do governo estadual, Ministério Público e Judiciário. É toda uma engrenagem que não funciona só com a Polícia Militar”. Em relação à manipulação dos dados sobre segurança, o major Marco Masseno afirma que a atitude não chega a ser um incômodo para a polícia, porque há consciência do quadro real da violência no município. Mas pondera: “O poder da informação é muito grande. Com manipulação é pior ainda. Esse material mostra um caso completamente ao contrário da realidade, e falar que a taxa de homicídios disparou, além de deixar as pessoas inseguras, ainda espanta quem pretende fazer algum investimento na cidade. É uma irresponsabilidade”, conclui Marco Masseno.
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