29 de fevereiro, de 2008 | 00:00

Som alto incomoda muita gente

Barulho excessivo de propagandas volantes atormenta moradores do Veneza II

Bruno Jackson


Os carros de som passam todos os dias na avenida Livramento, incomodando moradores e comerciantes do local
IPATINGA – O barulho excessivo proveniente de veículos de publicidade volante tem tirado a população do bairro Veneza II do sério, especialmente nas avenidas Londrina e Livramento. Carros, motos, bicicletas e até carroças de coletores de papel trafegam pelas ruas com som instalado e ligado em volume máximo. A esteticista Edvana Batista Campos, que trabalha em um salão de beleza na avenida Livramento, é uma das líderes da reclamação. “De segunda a sábado é muito barulho na rua. Entendo que a publicidade volante é uma forma de propaganda legalizada, mas o que está acontecendo aqui é um abuso. Além da quantidade excessiva de som durante o dia, o volume é altíssimo e atrapalha todo mundo”, afirmou Edvana Campos, que se sente prejudicada em seu trabalho. “Já ocorreu inúmeras vezes um cliente ligar para marcar horário aqui no salão, enquanto passa um veículo na rua com o som tão alto que não é possível escutar nada. Aí o cliente fala que vai ligar depois e não retorna. Ou seja, tenho prejuízos com isso”, alegou a esteticista.“Profissional” Reclamação semelhante faz o mototaxista Hélio Oliveira Pereira, 25 anos. “Durante o horário comercial, a situação é mais crítica. De repente, um cliente liga solicitando uma corrida, mas a gente não entende nada, devido à barulhada que vem da rua. Acho que som muito alto em espaços públicos deveria ser proibido”, argumentou. De acordo com Edvana Campos, a cultura de publicidade volante no Veneza II ficou mais “profissional” que em outros bairros da cidade. “Parece que aqui no bairro o som alto é mais exagerado. Inclusive, algumas pessoas passam por aqui fazendo propaganda até em cadeira de rodas com som adaptado. E o barulho é ensurdecedor”, denunciou. Morador da avenida Londrina e não menos irritado está o pedreiro Joaquim Assis, 52 anos, que protesta contra o excesso de barulho. “Como se não bastassem alguns engraçadinhos que passam pela avenida à noite com som ligado no último volume, incomodando o descanso, durante o dia é moto, carro e bicicleta fazendo propaganda. O pessoal passa do limite e incomoda todos com o som alto”, criticou. LimitesQuem exagera na propagação de som na rua está sujeito a sanções, inclusive multa, advertiu Daniel Martins, diretor do Departamento de Meio Ambiente (Demam) da Prefeitura de Ipatinga. Ele admitiu que algumas pessoas que trabalham com publicidade volante desrespeitam os limites do volume de som. Ele esclareceu que o decreto municipal 3.790/97, em seu capítulo 6º, estabelece diferenciação entre som e ruído. “O ruído existe a partir do momento que o som passa a incomodar e se torna um barulho além do que o ouvido pode suportar”, explicou.De acordo com o Demam, há três horários diferentes para cada nível de decibéis (dB) – unidade de medida de som – permitido: 65dB das 7h às 19h, 60dB das 19h às 22h e 50dB das 22h às 7h. A título de comparação, duas pessoas conversando em uma sala fechada podem gerar até 60 decibéis. “Quem exceder o limite de dB nos respectivos horários está sujeito a sanções. Por exemplo, o infrator pode ter recolhida a sua aparelhagem de som e ser multado”, advertiu Daniel Martins. PatrulhaEm Ipatinga, o Demam trabalha em parceria com a Polícia Militar, formando a chamada “Patrulha do Sossego”, para coibir a propagação de ruídos na cidade, utilizando um aparelho chamado decibelímetro para medir se um som é ou não um ruído. As pessoas que se sentem prejudicadas com barulhos excessivos das propagandas volantes podem entrar em contato com o Demam, pelo telefone 3829-8079, ou com a PM pelo 190, para registrar suas queixas. “O ruído configura poluição ambiental e, ao denunciá-lo, a população nos ajuda a combater este mal”, afirmou Daniel Martins, acrescentando que os proprietários de veículos de propaganda volante podem solicitar ao Demam uma vistoria para se adequar ao volume de dB permitido.Fiscalização ampliada no período eleitoralA Justiça Eleitoral fechou o cerco contra a poluição visual e sonora durante as eleições. Os candidatos a cargos eletivos nas eleições municipais de outubro estão proibidos de fazer propagandas em postes de iluminação pública e outdoors, por exemplo. Com essa proibição, a tendência é que a publicidade volante seja a válvula de escape dos políticos, o que deve aumentar a poluição sonora. Segundo Daniel Martins, diretor do Departamento de Meio Ambiente (Demam) da PMI, a partir de julho, quando será liberada a propaganda eleitoral, a fiscalização será intensificada. “Vamos colocar mais fiscais nas ruas para verificar se algum candidato irá abusar da publicidade volante. Nossa intenção é minimizar o barulho excessivo, que se transforma em poluição ambiental”, reforçou Martins.Bruno Jackson
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