27 de fevereiro, de 2008 | 00:00

Situação de risco e precariedade

Chuva leva perigo a famílias no Morada do Vale, em Fabriciano

Roberto Bertozi


O aposentado Luiz Franca, 73, próximo à escora da laje da casa explica ao coordenador da Defesa Civil as dificuldades da área de risco
FABRICIANO – Na entrada da casa, um portão que dificulta a entrada dos moradores é apenas o primeiro sinal de precariedade na residência de número 25, na rua Vale do Tefé, bairro Morada do Vale, em Coronel Fabriciano. Construída de forma irregular, a casa foi dividida no meio, para comportar as 12 pessoas que vivem no lugar. E se a situação já não era das mais confortáveis, algumas horas de chuva no último domingo e segunda-feira foram o suficiente para deixar todos os moradores em risco.Nas paredes da casa de Cláudio Barros Silva, 30, as rachaduras que apareceram há três anos começam a trazer problemas de infiltração. A ausência de colunas e a casa construída sobre um barranco sinalizam a falta de projeto. Não há telhado e a laje cede um pouco a cada dia. O chão do quarto apresenta uma fenda que começa a dividir o espaço. “Nessa chuva de ontem (segunda-feira), era água por todo lado. Por cima ou pelo lado, parecia que não ia acabar. A cama ficou toda molhada. Tivemos medo de tudo vir ao chão”, admite Liziane Domingos, 27, mulher de Cláudio.O casal tem quatro filhos, com idade entre quatro e oito anos. Desempregados, com dificuldade para necessidades básicas, contam com a ajuda dos pais para sobreviverem. “É uma realidade latente em muitas comunidades de Coronel Fabriciano, fruto de uma ocupação desordenada ao longo dos anos. Nosso trabalho é minimizar essa situação, mas a gente sabe que é difícil, mesmo com todo o trabalho ao longo dessa administração”, admite o coordenador da Defesa Civil no município, Irnac Valadares, que  realiza vistorias periódicas nas áreas de risco. “Numa situação dessas, a Defesa Civil, juntamente com o apoio da atual administração, vai tomar as medidas cabíveis”, acrescenta.Sem recurso financeiro para tocar a vida, o casal Cláudio Silva e Liziane Domingos vive com a ajuda familiar. No fundo da casa, vive a família do aposentado Luiz Franca Teixeira, 73, pai de Liziane. No total, doze pessoas moram na residência e dividem uma renda mensal de R$ 736. Com contas de luz e água que somadas, variam de R$ 80 a R$ 90, sobram para os moradores sobreviverem R$ 640. Como existem pessoas idosas na casa, os gastos com medicamentos são inevitáveis.“A gente vem para resolver uma situação de emergência, prestar um serviço para a comunidade e depara com esse quadro. É complicado, mas essa discrepância com outros locais em Fabriciano mostra que é preciso tomar uma iniciativa. Existe a idéia de formação de ONG (Organização Não-Governamental) para ajudar as pessoas do bairro Morada do Vale. Além do mais, a administração municipal foi contemplada com um projeto do Governo Federal e certamente vai beneficiar a essas pessoas”, explica Valadares.EscoraNa casa do aposentado Luiz Franca Teixeira, as paredes “choram” diariamente a infiltração. “Qualquer chuvinha que dá aqui por esses lados já faz a água cair aqui dentro de casa”, conta. Desde o mês passado, uma escora colocada para segurar o teto faz parte da realidade da família. “O jeito é pegar com Deus e esperar as coisas melhorarem”, acredita.No fundo da casa do aposentado, um chiqueiro deixa o ambiente ainda mais conturbado, pelo cheiro desagradável, pela sujeira e pelo barro que se mistura com a lavagem servida ao porco.Roberto Bertozi
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