24 de fevereiro, de 2008 | 00:00
Amaro Lanari esquecido”
Moradores cobram serviços no bairro e mais agilidade da PMCF
Fotos: Wôlmer Ezequiel
Cleusson Robson: com poucas mudanças, o bairro Amaro Lanari se tornaria um excelente lugar para se viver
FABRICIANO Em todos os catálogos telefônicos que circulam no Vale do Aço, as ruas do bairro Amaro Lanari, em Coronel Fabriciano, aparecem na seção de endereços de Ipatinga. Um absurdo uma coisa dessas, já que somos moradores de Fabriciano e até hoje ninguém pensou em modificar essa distorção na lista da Telemar. Eu sou um comerciante e, em diversas situações, meu produto foi parar em Ipatinga, causando grandes prejuízos”, alega Cleusson Robson Magalhães, dono do restaurante Itaoca, situado na rua Minas Gerais.Essa questão revela um problema ainda maior. E histórico. A confusão em torno da crise de identidade do bairro é um problema que incomoda e causa transtornos aos moradores há vários anos. Deve-se ressaltar que a maioria dos moradores trabalha ou trabalhou na Usiminas, que fica em Ipatinga. Os jovens usam o Shopping do Vale como ponto principal ponto de entretenimento, que também fica em Ipatinga”, afirma Ubirajara das Graças Paiva, o Bira, jornaleiro que vive há 20 anos no bairro.No entanto, conforme lembra o comerciante Cleusson Robson, o IPTU e outros impostos são arrecadados por Coronel Fabriciano, situação que se repete com a divisão do bolo do IPVA. Para ele, a Prefeitura de Fabriciano poderia mostrar mais presença”, realizando investimentos no bairro, além de cuidar com mais carinho da limpeza urbana e linhas de ônibus, por exemplo, para reforçar a ligação com o Amaro Lanari. Outra medida importante seria motivar os moradores a prestigiarem o comércio local, mas para isso teriam que acontecer algumas mudanças. Caso contrário, por mais que a Prefeitura arrecade com impostos, vai sempre perder dinheiro com compras feitas pelos cidadãos do Amaro Lanari”, acredita Robson.O comerciante, depois de fazer questão de mencionar que é simpatizante do PT e não faz oposição ao prefeito Chico Simões (PT), se recorda de um caso que volta e meia dá dor de cabeça às pessoas do bairro. Quando alguém acionava o 190 (Polícia Militar), a ligação era atendida em Ipatinga e o policial dizia que não podia fazer nada, por se tratar de chamada originada de outro município. Todos sabiam disso e ninguém fez nada, por muito tempo. Um contato com um deputado foi feito e em quatro horas a situação estava resolvida. Bastou força de vontade política para que o 190 passasse a ser atendido em Fabriciano, como sempre deveria ter sido”, esclarece Cleusson Magalhães.
Para Jane Aparecida e Nazaré Figueiredo, mais linhas de ônibus, reforma de praças e capina são fundamentais no bairro
MudançasPara a professora Jane Aparecida Costa, 41, e a aposentada Nazaré de Figueiredo, 69, a dificuldade está também no transporte coletivo urbano, que não atende ao bairro. Assim, fica muito mais fácil pegar um ônibus da Univale e ir ao shopping. Não temos condições de pagar um ônibus da linha municipal para irmos ao centro de nossa cidade, o que dificulta a nossa vida em alguns casos”, menciona a professora.Em relação a essa situação, o prefeito Chico Simões diz que para tomar alguma medida é preciso avaliar a abrangências das linhas municipais. Traçar um planejamento de horários, itinerários, até mesmo porque já fizemos uma vez no bairro Santa Terezinha e não obtivemos êxito. Mas é algo a se pensar, já que não temos intenção em deixar de lado nenhum cidadão fabricianense”, frisa Simões.Para as duas senhoras, é importante também a revitalização de algumas praças, além do impedimento de alguns serviços que são prestados nos poucos espaços que existem. Existe uma ocupação do espaço público para a venda de cachorro-quente, churrasquinho, CDs piratas. Quer dizer, esse pessoal acaba ocupando uma área destinada às crianças e ao lazer da população”, critica a aposentada Nazaré. O prefeito explica que não tinha conhecimento dessa situação e que vai tomar as medidas necessárias.Prestação de serviços e construção de praçasAproximadamente 12 mil moradores divididos numa das melhores áreas para se viver em todo o Vale do Aço. De acordo com a Prefeitura de Fabriciano, além de projetos importantes como o Rua Verde”, que visa a plantação de algumas árvores nativas em diferentes pontos do bairro, está prevista para este semestre a construção de uma praça, na avenida Brasil, em frente ao posto de gasolina. Uma praça em condições, arborizada, com espaço para as crianças brincarem e os adultos sentarem no banco para colocar a conversa em dia”, enfatiza o prefeito Chico Simões (PT).Em relação aos serviços que faltam no bairro, destaque ainda para a internet de banda larga, agências bancárias, comércio com potencial de investimento, limpeza urbana com mais eficiência. Tem muita gente disposta a ajudar na reformulação do bairro, uma vez que a maioria da população aqui é fabricianense, tem orgulho dessa condição e gostaria de ver isso aqui crescer”, destaca o comerciante Cleusson Robson Magalhães. Ele ainda lembra que, na comemoração dos 59 anos de aniversário da cidade, em janeiro, vários outdoors foram espalhados em Coronel Fabriciano, mas que o Amaro Lanari foi esquecido nesse processo. A gente faz parte da cidade e quer crescer junto com ela. Mas para isso é preciso que todos estejam unidos”, salienta Robson.Em contrapartida, não custa lembrar que, ao longo das últimas décadas, não faltam movimentos capitaneados por políticos ou lideranças de outros segmentos defendendo que o melhor para o Amaro Lanari seria a anexação territorial do bairro a Ipatinga, na expectativa de uma assistência mais efetiva.Roberto Bertozi
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