27 de janeiro, de 2008 | 00:00

Motoristas aprovam proibição

Medida impede venda de bebidas alcoólicas às margens de rodovias

Fotos: Roberto Sôlha


Para os caminhoneiros João Daniel (e) e Roberto Souza (d), a proibição precisa vir acompanhada de fiscalização rigorosa
IPATINGA - A partir de fevereiro, os estabelecimentos localizados às margens das rodovias estarão proibidos de vender bebida alcoólica. O descumprimento à determinação, imposta pela Medida Provisória nº 415, publicada terça-feira, 22, no Diário Oficial da União, prevê multa de R$ 1.500. A proibição visa reduzir o número de acidentes envolvendo motoristas embriagados. Conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF), no ano passado, mais de seis mil condutores alcoolizados foram flagrados dirigindo nas estradas federais de todo o país. Os dados revelam uma incidência de 154% superior a 2006. A assessoria de imprensa da PRF em Minas Gerais disse que o órgão aguardava orientações da chefia em Brasília sobre como será feita a fiscalização para cumprir a medida provisória. A assessoria também informou que, na próxima semana, a PRF deverá receber as instruções. Por enquanto, não é possível adiantar se a tarefa de fiscalizar será de competência única do órgão. Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), dirigir embriagado é infração gravíssima, para a qual está prevista apreensão da carteira de habilitação do motorista que for flagrado embriagado. A multa para esta infração é de R$ 957,60 e a suspensão do direito de dirigir de 30 dias a dois anos.

Postos de combustível devem ser os principais pontos a serem fiscalizados; contraventores serão multados em R$ 1.500
Para quem enfrenta rodovias diariamente, a proibição da venda de bebidas é uma medida que já estava passando da hora de ser adotada. É o caso do caminhoneiro João Daniel, 50 anos de profissão. Natural de Belo Horizonte, ele recorda de medida semelhante sancionada em São Paulo. “Logicamente isso significa uma segurança maior para nós que dependemos das estradas para trabalhar”, resume. O caminhoneiro Roberto Souza não nega que muitos de seus colegas e companheiros de profissão costumam utilizar estimulantes para encarar as longas viagens. “Eu mesmo já tomei muito arrebite (feito à base de guaraná), e quando não estava no volante fazia uso de bebida alcoólica. É uma coisa que todo mundo sabe que existe, isso não é segredo. Mas o problema maior é pegar no volante após ter bebido e, infelizmente, a gente fica sabendo de acidentes provocados por um embriagado, diariamente. Um caminhoneiro precisa estar alerta e quando a gente lê nos jornais que determinada batida aconteceu porque o motorista perdeu o controle do veículo, provavelmente ele havia feito uso de alguma substância”, opina o caminhoneiro. Na avaliação de seu colega veterano, João Daniel, infelizmente os cidadãos que quiserem continuar consumindo bebidas alcoólicas nas estradas darão um jeito de garanti-las em seus veículos. “Seja por meios ilegais ou por debaixo dos panos. A única maneira de acabar com essa prática é policiamento e fiscalização rigorosa. Só assim o motorista vai pensar duas vezes antes de tentar burlar a lei. Aliás, para evitar que as mortes nas estradas continuem ocorrendo, seria necessário proibir o fluxo de caminhões após as 22h. Assim, os caminhoneiros não teriam que virar a noite trabalhando, arriscando a própria vida”, finaliza o caminhoneiro.

Para Marco Magalhães, medidas que visam a diminuição do consumo de álcool precisam vir acompanhadas de campanhas educativas
Comerciantes discordam e duvidam de resultadosPara os comerciantes que possuem estabelecimentos às margens de rodovias, a medida provisória surge fadada ao descumprimento. Os critérios de proibição e como a fiscalização será feita são vistos com ceticismo por Marco Antônio Magalhães, proprietário de um posto localizado às margens da BR-381. Ele questiona se um estabelecimento como o Shopping do Vale do Aço, também localizado na beira da rodovia, será impedido de vender bebidas alcoólicas em sua praça de alimentação. “Mesmo que haja essa proibição, as pessoas que quiserem comprar bebida sempre terão acesso. O governo quer é tapar o sol com a peneira”, critica o empresário. Na avaliação de Marco Antônio Magalhães, medidas que visam a diminuição do consumo de álcool no sentido da prevenção contra acidentes precisam vir acompanhadas de investimentos em campanhas educativas. “Se a pessoa for pega dirigindo embriagada, precisa ser punida severamente, mas o que acontece é que as estradas são pouco policiadas. De uma maneira geral, as autoridades deixam de exercer a função fiscalizadora, portanto uma medida dessas terá pouca validade”, conclui o empresário. 
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