25 de janeiro, de 2008 | 00:00

Idosos pedem reconhecimento

Aposentados se reúnem para refletir sobre seus direitos


Aposentados lotaram o auditório do Sindipa: pouca comemoração e muita reflexão
IPATINGA – Com o auditório lotado, o Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga (Sindipa) comemorou ontem de manhã o Dia Nacional do Aposentado. Na verdade, o evento teve pouco de comemoração e muito de reflexão, diante dos problemas que a classe enfrenta há muitos anos. Defasagem nos benefícios previdenciários e necessidade de políticas públicas específicas para os idosos estão entre os principais clamores. Com o tema “Pioneiros, quem construiu no passado, merece respeito no presente”, o evento na sede do Sindipa teve o objetivo de alertar a sociedade para as dificuldades enfrentadas pelos aposentados.No caso dos benefícios, os aposentados têm encontrado na Justiça o caminho para reparação de perdas acumuladas há muitos anos, como direitos que o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) não reconhece e outras reivindicações sem respostas pela via da negociação. A luta pela correção das perdas é a reclamação mais intensa. Não faltam exemplos de pessoas que se aposentaram há cerca de 15 anos com um benefício previdenciário semelhante a 10 salários mínimos e hoje não recebem sequer o equivalente a dois salários mínimos. Isso ocorre porque o salário mínimo tem recebido correções acima da inflação, e para quem ganha acima de um piso previdenciário o reajuste é sempre nos níveis inflacionários.   O presidente do Sindipa, Luiz Carlos de Miranda, defende que a questão dos aposentados tenha uma mobilização permanente, para que a sociedade mude o seu pensamento sobre essa fase da vida. Para o sindicalista, em geral o jovem não se importa com a questão, porque se esquece que um dia chegará à idade da aposentadoria e vai enfrentar as dificuldades. MobilizaçãoPara alertar os aposentados sobre qualidade de vida, o Sindipa chamou o médico Cornélio Magalhães Júnior. Durante sua palestra o especialista afirmou que sociedade brasileira se recusa a reconhecer que envelhece, e também defendeu a mobilização das pessoas para que não se desliguem do mundo enquanto a idade avança. “A apatia e a desmobilização só agravam a situação dos idosos”, alertou.Cornélio Júnior afirmou que a luta dos médicos que trabalham com o público da terceira idade, os geriatras, é para que sejam incluídos no ensino médico os conceitos de conhecimento sobre os idosos. “Ser velho não é doença”, apelou o profissional.EnvelhecimentoCornélio Júnior lembrou que a população brasileira envelhece rapidamente por causa dos novos medicamentos e, ao mesmo tempo, pelo controle da natalidade. “As mulheres hoje não querem ter mais filho porque disputam o mercado de trabalho. Sem crianças, o Brasil envelhece”, observou.Segundo os dados apresentados na palestra, há uma previsão de que em 2012 os idosos no Brasil vão representar 7,5% da população, e em 2025 chegarão a 15%. A título de exemplo, Cornélio Júnior explicou que a França demorou 115 anos para chegar a esse índice. “O Brasil não conseguiu sequer controlar a epidemia de dengue, casos de mortalidade infantil e febre amarela, e a sociedade começa a ser ‘atropelada’ pelos casos de Alzheimer, Parkinson e depressão de idosos”, lamentou o especialista. DificuldadesreconhecidasO aposentado Sebastião Freitas Oliveira, morador do bairro Horto, acompanhou a palestra do médico Cornélio Magalhães Júnior, ontem de manhã na sede do Sindipa, e disse que, aos 69 anos, já enfrenta uma série de dificuldades. “Fica claro que, ao procurarmos internação hospitalar, eles olham o que a pessoa representa na sociedade antes de atender”, criticou.Maria Joaquina, 69 anos, do bairro Bethânia, também disse ter gostado da palestra, principalmente pelo incentivo para que os idosos não fiquem parados no tempo. “Participo do movimento da terceira idade, ando de bicicleta e jamais fico dentro de casa, parada. Agora, é claro que há muita coisa a ser feita pelos idosos”, afirmou.  Com 19 anos de aposentadoria, aos 64 anos de idade, o morador do bairro Imbaúbas, Irineu da Silva Magela, disse que as palestras serviram para refletir sobre os principais problemas que afligem os aposentados. “São questões da maior necessidade para os aposentados. É preciso ter mais carinho com o idoso”, reivindicou.Alex Ferreira
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
MAK SOLUTIONS MAK 02 - 728-90

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário