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20 de janeiro, de 2008 | 00:00

Projeto UFOP está paralisado

Sonho da universidade pública regional é ‘esquecido’ no MEC

Alex Ferreira


Prédio da antiga Secretaria de Obras está à espera da UFOP em Timóteo
IPATINGA – Um sonho que não se realizou, pelo menos até o momento, e sem previsão de isso acontecer nos próximos anos. Após muitas discussões, reuniões, viagens a Brasília, promessas e até uma propaganda enganosa à véspera da eleição de 2004, que anunciava o vestibular para os cursos, agora vem da capital federal a informação que está parado o projeto de expansão da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) para o Vale do Aço. Desde 2006, quando mudaram os atores da política, o projeto não caminhou no Congresso Nacional ou no Ministério da Educação. A proposta, defendida principalmente pela reitoria da UFOP, pretendia replicar no Vale do Aço a qualidade dos cursos oferecidos na sede, em Ouro Preto. Em 2006, o reitor, professor João Luiz Martins, conseguiu que o Conselho Universitário da Federal de Ouro Preto (CUNI) aprovasse o “Projeto do Pólo da UFOP no Vale do Aço”, com 18 votos favoráveis e duas abstenções. Como ponto positivo, o projeto contava com a bem-sucedida experiência do campus avançado de João Monlevade, criado em 2001 e que oferece os cursos de Engenharia de Produção e Sistemas de Informação, facilitando o acesso dos alunos formados às grandes empresas da região.Mas faltou vontade política para que o projeto saísse do papel dentro dos prazos previstos no Vale do Aço. Se o cronograma tivesse sido cumprido, com as aprovações necessárias pelo governo federal, a primeira turma regional da UFOP já entraria no terceiro período, agora no primeiro semestre de 2008. Mas, ao invés disso, a realidade é que o projeto “mofa” nos gabinetes em Brasília.AbandonoEnquanto isso, também está abandonado o prédio que chegou a ser desocupado em Timóteo, onde funcionava a Secretaria Municipal de Obras, para abrigar os cursos da UFOP. Esta semana, ao passar pelo local, dois moradores das proximidades comentaram o assunto. O aposentado Marcelo Vieira Ribeiro acha um absurdo que o projeto não tenha sido levado adiante. “Uma região como a nossa não pode prescindir de uma escola superior pública. É triste ver esse prédio sem o propósito de abrigar os cursos por falta de mobilização política.Não dá para entender como essas coisas acontecem”, lamentou o aposentado, que tem três filhos, todos formados na Universidade Federal de Viçosa. “Poderiam ter estudado aqui, perto de casa, visto que nossa condição já não é das melhores”, afirmou. Ao seu lado, o jardineiro Casius Macial Dalseco Faria, avalia que a falta da universidade pública até hoje não passa de um descaso das autoridades. “Eles (os políticos) não se esforçaram no tempo devido para assegurar que essa universidade se tornasse realidade para a nossa população”, criticou.Reitor lamenta descasoA explicação para este quadro, a reportagem buscou diretamente na fonte. Em Ouro Preto, o pró-reitor de Projetos Especiais da UFOP, Carlos Frederico, lamentou o descaso com o projeto de criação da universidade pública no Vale do Aço. Ele atribuiu o fato à desmobilização da sociedade e dos políticos que atualmente ocupam espaços no Congresso e nas prefeituras. “Vários políticos que tinham abraçado essa causa, como o pastor Antônio Carlos, então secretário de Educação em Ipatinga, e os deputados petistas Ivo José e João Magno, saíram de cena e foram para outros lugares. Os novos deputados que representam a região foram cuidar de outras coisas, e a verdade é que o projeto parou”, avaliou o pró-reitor.Embora não fosse fundamental para que o projeto Vale do Aço saísse do papel, o projeto autorizativo, em tramitação na Câmara dos Deputados, que era de autoria do ex-deputado Ivo José (PT), teve que ser reapresentado pelo deputado Antônio Roberto (PV), que é da região de Montes Claros, no norte de Minas. “Mas o mais importante é que haja uma gestão junto ao governo Lula, no Ministério da Educação, para garantir o andamento do projeto UFOP Vale do Aço, com a destinação de recursos e outras ações necessárias”, argumentou Carlos Frederico.Projeto em tramitação na CâmaraReapresentado em fevereiro do ano passado, o Projeto de Lei 39/2007, que “autoriza o Poder Executivo a criar a Universidade Federal do Vale do Aço”, foi assumido pelo deputado Antônio Roberto (PV-MG). A última ação foi registrada dia 4 de dezembro passado, quando foi remetido para a Comissão de Educação e Cultura da Câmara Federal e teve designada como relatora a deputada Elcione Barbalho (PMDB-PA). Na justificativa é explicado que a proposição visa conferir ao poder Executivo autorização legislativa para criação da Fundação Universidade do Vale do Aço, com sede em Ipatinga e campi em Coronel Fabriciano, Santana do Paraíso e Timóteo. A proposição praticamente mantém o texto original, apresentado pelo ex-deputado federal Ivo José (PT). Para justificar a matéria, o deputado Antônio Roberto afirma que a eventual criação da instituição de ensino superior beneficiaria diretamente cerca de 500 mil habitantes da Região Metropolitana do Vale do Aço e, indiretamente, outro tanto das regiões adjacentes. Nenhuma emenda foi apresentada durante o prazo regimental.Para professor, educação a distância não é idealResponsável pelo estudo presencial na UFOP, ou seja, aquele em que os campi são instalados formalmente e o aluno estuda o tempo todo em sala de aula e trabalha em pesquisas, o pró-reitor da universidade, professor Carlos Frederico, vê com reservas os projetos de Educação a Distância, atualmente funcionando em Ipatinga sob responsabilidade da UFOP. “É importante, mas não quer dizer que é para o resto da vida. Devemos lutar mesmo é pela expansão do campus e propiciar a aplicação, no Vale do Aço, dos saberes e conhecimentos que uma universidade federal é capaz de produzir”, defendeu.Apesar da desmobilização política e social em torno da instalação da universidade pública no Vale do Aço, o professor Carlos Frederico afirmou que a proposta ainda é um desejo, também para a comunidade acadêmica da UFOP, pelo potencial que a região representa.“Em fevereiro de 2005, quando assumimos a direção da universidade, deslocamos grande contingente de nosso pessoal para um esforço concentrado no projeto. Cumprimos todas as etapas possíveis e esbarramos na questão orçamentária, que dependia do Ministério da Educação. E, neste caso, o sentimento que tenho é que muito disso dependia do presidente Lula. Se tivéssemos gestão da representatividade política junto ao presidente, que conhece o Vale do Aço, esse projeto seria viabilizado”, reclamou o professor.  Alex Ferreira
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