15 de janeiro, de 2008 | 00:00

Pontos críticos ainda intactos

Recuperação das BRs 458 e 381 já dura quase o dobro do tempo previsto

Alex Ferreira


Curva da Depressão, em Vale Verde de Ipaba, ainda sem solução na BR-458
IPABA – Paralisadas desde o fim do ano passado, as obras de recuperação da BR-458 devem ser retomadas por homens do 15º Batalhão de Engenharia do Exército neste primeiro semestre. Previstas para durarem um ano e meio, as obras já caminham para o terceiro ano. Anunciadas em evento que reuniu representantes de todo o Vale do Aço dia 17 de maio de 2005, com o então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, o projeto previa a remoção do piso asfáltico (fresagem), aplicação de micror- revestimento, abertura do raio das curvas e construção de acostamento. E ainda a construção do trevo de Iapu e o fim da conhecida “Curva da Depressão” no povoado de Vale Verde, em Ipaba, estes dois últimos, considerados pontos de alto índice de acidentes por falhas na construção da estrada. Três anos e meio depois, grande parte dos 50 quilômetros da pista já foi  reconstruída, mas o prometido acostamento ficou restrito a alguns trechos. Para ciclistas, motoristas com pneus furados ou outras situações de emergência, e pedestres à espera de ônibus, a BR-458 continua uma rodovia de alto risco. O trevo de Iapu está incompleto e a Curva da Depressão, no quilômetro 124, continua a ser palco de acidentes. Além disso, a ponte metálica sobre o rio Doce, que teve o piso reformado, já está cheia de ondulações. No destacamento do Exército, instalado no bairro Amaro Lanari, em Coronel Fabriciano, não há informações sobre o andamento da obra. O tenente Gustavo Luiz informou, ontem, que acaba de chegar ao Vale do Aço e ainda se informa sobre o estágio dos trabalhos. Em 2005, a recuperação das BRs 458 e 381, no Vale do Aço, sob responsabilidade do 15° Batalhão de Engenharia do Exército, sediado em Araguari, previa gastos da ordem de R$ 50 milhões. O dinheiro já estaria assegurado pelo Ministério dos Transportes. Os projetos previam R$ 23 milhões para a BR-381 e R$ 12 milhões para a BR-458. No entanto, constantes atrasos na liberação de recursos “atropelaram” a previsão do coronel Márcio Veloso, comandante do 15º BE, que programou a conclusão de todas as melhorias em 18 meses.Na unidade do Dnit em Belo Horizonte, a direção do órgão, contrariando os fatos, garante que as obras das BRs 458 e 381 não estão paralisadas. A assessoria informou que, no caso específico da 458, faltam mesmo a pavimentação de 6 quilômetros de acostamento, construção e recuperação de dois trevos, um deles o de Iapu e, além da Depressão, outros dois pontos de curvas considerados perigosos. Curva onde a morte espera os incautos
Alex Ferreira

Às margens da BR-458, no povoado de Vale Verde, a 500 metros da Curva da Depressão, é difícil encontrar alguém que não saiba contar o caso de um parente, amigo ou conhecido que perdeu a vida no local. Morador do lugar, o aposentado Aníbal Gonçalves da Costa passava a pé ontem pela Depressão e contou que, nos 12 anos em que reside no povoado, perdeu a conta de quantos acidentes ocorreram naquele trecho da BR-458. “Só sei que aqui já morreu muita gente”. O aposentado reconhece que a reforma feita na pista da BR-458 ficou muito boa, mas critica a demora na prometida reforma do trecho onde a depressão antes da curva causa tantos acidentes. “Agora você vê lá em cima que há umas máquinas paradas, mas não há sinal de obra aqui não”, completa o aposentado. 
Alex Ferreira

Moradora de Água Limpa dos Gonçalves, cujo acesso fica bem em frente à Curva da Depressão, Lurdes Fernandes também já perdeu parentes e amigos no local. “Esse trecho da estrada já deveria ter sido retirado daqui e construído em outro lugar. Aqui acontecem acidentes graves. São tantos que até o ponto de ônibus que havia nas imediações foi arrancado. Meu tio foi atropelado logo ali”, conta a moradora, apontando para o local onde recentemente tombou um caminhão de cerveja. Lurdes acrescenta que o risco maior na 458 é para o ciclista, por falta de acostamento. 
Alex Ferreira

Outro morador do local, Waldir Gonçalves, está descrente na solução para eliminar os riscos da Curva da Depressão. “Acho que tudo o que for feito aqui ainda será pouco para resolver esse problema dos acidentes. Você pode ver que há placas indicando que o trecho é perigoso, mas está vendo agora aí que os carros passam em alta velocidade. Alguns motoristas não conseguem segurar e tombam mesmo”, afirma. No entendimento do motorista, melhorar a pista só vai aumentar os acidentes. “Remover esse trecho da estrada para outro lugar talvez seja a solução mais adequada”. Informado que a proposta inicial era explodir e remover a montanha de pedras que existe no local, Waldir olha para cima, observa a quantidade de material a ser removido e diz: “Isso eu quero ver”. Alex Ferreira
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