06 de janeiro, de 2008 | 00:00

Hobby que preserva os pássaros

Criadores de curiós e outras espécies participam de torneio hoje

Roberto Sôlha


Paz e sossego: ‘Recanto do Marimbondo’ garante estrutura adequada para os 56 pássaros de Eustáquio
IPATINGA - Há 20 anos, o autônomo José Eustáquio Batista decidiu apostar tempo, dinheiro e dedicação para implementar um criatório de pássaros em sua casa, no bairro Vila Celeste. O hobby acabou virando uma terapia para Eustáquio, que hoje trata de 56 pássaros de várias espécies. Ele será um dos participantes do XI Torneio de Pássaros, evento que promete reunir 250 aficionados no Sete de Outubro, na manhã de hoje. Aparentemente simples, a atividade de criar pássaros requer diversos cuidados e enorme dedicação por parte dos proprietários. No caso de Eustáquio, as atenções exigem várias horas diárias. Em sua residência, ele construiu toda estrutura apropriada, com viveiro, bebedouros e um “dormitório” para os passarinhos. Alguns deles se destacam pelo bom desempenho em vários concursos realizados na região. “Ao todo, já participei de mais de 200 torneios, sendo que a maioria foi em Minas. Mas também já estive em cidades da Bahia e do Espírito Santo para concorrer a prêmios”, afirmou. Eustáquio começou a encarar a criação de pássaros com mais seriedade após recomendações médicas. “Era uma época da minha vida em que eu tinha parado de beber e fumar. Meu médico sugeriu que eu procurasse uma ocupação para as horas de lazer. Como eu já gostava de pássaros e possuía algumas poucas gaiolas, percebi que poderia levar adiante essa atividade”, revelou. O “camisa 10” de sua criação é o azulão chamado “Novidade”. Aos três anos, o pássaro coleciona 28 troféus pela colocação máxima em vários concursos realizados em Minas. No entanto, é do pássaro mais velho do criatório o maior número de títulos. Os trinados do trinca-ferro “Marimbondo” já foram premiados em cerca de 80 concursos. DedicaçãoDiariamente, Eustáquio gasta três horas para se dedicar exclusivamente aos pássaros. “Trocar a água das gaiolas, alimentar, levar para a sala de dormir. Isso tudo dá trabalho, ainda mais levando em consideração que são 56 pássaros. De fato, é preciso ter paixão pela atividade, é preciso ter paciência para não descuidar desses bichos”, admitiu o autônomo, informando que duas vezes por semana faz a limpeza das gaiolas, tarefa que não é executada em menos de seis horas. Ele contou que mensalmente gasta em torno de R$ 350 para manter os custos do criatório. Batizado de “Recanto do Marimbondo”, em alusão ao pássaro mais antigo, o local também recebe os pássaros soltos, que são atraídos pelas árvores frutíferas plantadas na área.
Roberto Sôlha


Araújo possui mais de 70 curiós em seu criatório: dedicação exclusiva à espécie
Aposentado cuida para manter ‘canto original’A mesma paixão e cuidado com os pássaros move a dedicação do aposentado José de Araújo, outro criador que irá comparecer ao torneio regional deste domingo no Sete de Outubro. Araújo sempre esteve envolvido com a criação de passarinhos. “Isso vem desde a minha infância, em Santa Efigênia, município onde nasci. Sempre gostei de pássaros e durante toda a minha vida estive envolvido com a criação, mesmo durante o tempo em que morei em alojamento aqui em Ipatinga”, comentou o aposentado.Araújo possui mais de 70 pássaros no criatório “Grande Vale”, localizado em sua residência, no bairro Bela Vista. Seu grande xodó são os curiós. Aliás, a espécie é exclusividade no criatório. “Talvez eu goste tanto dos curiós porque é o primeiro passarinho que conheci na vida. Eles fazem parte das minhas memórias mais antigas e, inclusive, já ajudaram até em problemas de saúde da minha família. A minha filha tinha asma, e certa vez uma pessoa explicou que existia uma simpatia para tratar desse problema, dizendo que era só colocar um curió no mesmo quarto do asmático. A simpatia acabou se revelando verdadeira, porque colocamos o passarinho no quarto da minha filha, e ela de fato sarou. Hoje ela já é adulta e nunca mais voltou a ter crises de asma”, recordou. Preservação Os cuidados com o criatório consomem boa parte das horas de José de Araújo. Além das atenções básicas, como limpar as gaiolas e trocar a água para os passarinhos, o aposentando também cuida para que os filhotes cresçam cantando no tom característico dos curiós. O aposentado tem o cuidado de colocar CDs especiais para os pássaros se habituarem à sonoridade e desenvolverem melhor a habilidade de gorjear como curiós genuínos, que habitam as florestas e matas do Brasil.Quanto às críticas de grupos ambientalistas que defendem que os pássaros devem voar livremente e não viver engaiolados, Araújo, com tranqüilidade, ressaltou que os criatórios possuem uma importância que a maioria das pessoas desconhece.“Na realidade, nós ajudamos a preservar as espécies. O curió, por exemplo, está em extinção porque a maioria não sobrevive aos predadores naturais. Dessa maneira, os criatórios legalizados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) contribuem para que a espécie não seja extinta”, garantiu. Araújo revelou ainda que, depois de um período, quando as fêmeas deixam de procriar com facilidade, acaba soltando-as na zona rural da região. “Tenho um sítio para onde elas são levadas e, após um período de adaptação, são libertadas para viver na natureza. É um ciclo que contribui para a preservação das espécies”, acredita o aposentado.
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