25 de dezembro, de 2007 | 00:00

Crescimento rumo ao interior

PIB Municipal mostra avanço na desconcentração da economia mineira

Arquivo/DA


Aécio Neves incentiva a desconcentração para corrigir disparidades entre regiões
DA REDAÇÃO - A economia mineira está se desconcentrando. Prova disso são os números do Produto Interno Bruto Municipal, que mostram que, entre 2002 e 2005, a participação dos dez maiores municípios caiu de 45,1% para 43,3%. Os dados, divulgados na quarta-feira (19) pelo Centro de Estatística e Informações (CEI) da Fundação João Pinheiro, mostram que a tendência à desconcentração ainda é pequena. Belo Horizonte, Betim e Contagem, principais centros econômicos do Estado, detêm 27,2% do PIB de Minas e têm 14,4% da população. “É uma desconcentração ainda pequena, já que no setor de serviços e, principalmente, no industrial ainda há uma grande concentração, e de maneira mais forte nas regiões Central, Triângulo, Alto Paranaíba e Zona da Mata”, explicou a pesquisadora Maria Helena Magnavaca, coordenadora de Contas Regionais da FJP. Segundo Maria Helena, isso se deve, em parte, pelo fato de a indústria e os serviços serem os setores que mais geram renda para o Estado, tanto que foram os que mais contribuíram para o crescimento do PIB. CrescimentoO setor de serviços tem crescido muito em Minas e no Brasil, fazendo com que as atividades de serviço aumentassem também. Em Minas os serviços estão mais concentrados na região Central, pelo peso de Belo Horizonte. Já a administração pública está se desconcentrando, pois os municípios do Jequitinhonha/Mucuri, Norte e Rio Doce não apareciam em lugar nenhum. Segundo a pesquisadora, ao fazer uma análise do PIB da administração pública, essas três regiões surgiram com um número muito grande de municípios, o que significa que são cidades que ainda vivem basicamente em função do poder público, mais especificamente da repartição do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Maior PIBEm Belo Horizonte, por exemplo, que tem um forte setor industrial, já não há espaço para expansão de indústrias. A expansão, então, tem ocorrido para outros municípios da região metropolitana, como Betim, onde estão indústrias como Petrobras, Fiat, Codeme, Klabin, entre outras. É uma forma de desconcentração do PIB, embora seja na própria região Central. No caso da construção civil, setor bastante forte, nem sempre o que ela produz fica no Estado, pois as construtoras têm obras em diversos locais e o valor auferido é rateado por outras regiões. A capital mineira concentra 14,7% do PIB de Minas. Segundo a economista, quando se amplia a faixa de participação relativa dos municípios, 16 deles respondem por 50% do PIB; se ampliamos para 75%, temos 82 municípios; e na faixa de 95% temos 414 municípios participando. Segundo Maria Helena, esses números ainda caracterizam uma concentração importante, já que temos 853 municípios e não é possível mudar essa situação rapidamente. Ela disse acreditar que as políticas públicas podem mudar esse quadro e citou como exemplo o Jequitinhonha/Mucuri, que tem sido olhado com atenção pelo governo estadual, inclusive com uma secretaria de Estado especialmente criada para implementar políticas públicas na região. ParticipaçõesBetim ficou em segundo lugar, com participação de 7,5% do PIB. Seu pólo industrial destacou-se, especialmente as indústrias automobilística, química e metal mecânica. Nos serviços, evidenciaram-se o comércio atacadista, o transporte rodoviário de carga e a administração pública. Contagem ficou em terceiro, com 5%, e tem como atividade econômica principal os serviços e o comércio atacadista. Sua participação também foi significativa na indústria de transformação, especialmente na metalúrgica e química. Em seguida vêm Uberlândia 4,8%, Juiz de Fora 2,7%, Ipatinga 2,3%, Uberaba 2,2%, Sete Lagoas 1,5%, Poços de Caldas 1,3% e Montes Claros 1,3%. A exceção foi Governador Valadares que, na nova série, ocupou a 10ª posição nos anos de 2002 e 2003, mas foi superado a partir de 2004 por Sete Lagoas, que subiu para a 8ª posição, em razão do incremento da sua indústria de transformação. Municípios apresentam desempenho sustentávelA coordenadora do PIB Municipal da Fundação João Pinheiro, Maria Aparecida Sales de Souza, destacou que o desempenho de Uberlândia se deu notadamente por causa do comércio atacadista e varejista, e também o segmento de comunicações. Sua posição geográfica favorece o transporte interligado com Goiás, São Paulo e demais municípios mineiros. Terceiro maior produtor agropecuário do Estado, também destacou-se na indústria de transformação, com os gêneros de alimento e fumo. Na análise da pesquisadora, Ipatinga, no Vale do Aço, é um município industrial com base de sustentação na produção metalúrgica, onde está situada a Usiminas, uma das principais siderúrgicas do país. Juiz de Fora teve os serviços como atividade principal, a indústria também bastante desenvolvida, especialmente nos segmentos de siderurgia, alimento e têxtil. Uberaba foi o mais relevante na produção agropecuária. Sua atividade predominante foram os serviços, mas também com expressividade na atividade industrial (produção alimentar e de fertilizantes). Sete Lagoas, na região Central, apresentou atividade industrial dinâmica, com destaque para as áreas de siderurgia, alimento e automobilística. Poços de Caldas, localizado no Sul de Minas, teve atividade industrial desenvolvida nos ramos minerais não-metálicos, extrativo e alimento, além da importância turística de suas estâncias hidrominerais. Montes Claros apresentou atividade diversificada, com destaque nos serviços, indústrias têxteis e biotecnologia, bem como na pecuária. Participação regional As maiores variações ocorreram em 2003 nas regiões Central, Sul e Triângulo. Relativamente ao ano anterior, houve retração de 0,6% na Central e Sul e aumento de 1% no Triângulo. Todas as regiões tiveram os serviços como atividade principal na nova série. Em 2005, as regiões Central e Sul concentraram 56,5% do PIB Estadual. Juntamente com o Triângulo e Mata, atingiram 76,8% do PIB. A Central gerou 43,5% do PIB do Estado, em 2005. O Sul de Minas apresentou o segundo maior PIB, cerca de 13% do total. O Triângulo gerou 12,4% e a Zona da Mata, cerca de 8% do PIB estadual. No Vale do Aço e Rio Doce, o PIB representou cerca de 7% do total do Estado.As demais regiões, Centro-Oeste, Alto Paranaíba, Norte, Jequitinhonha/Mucuri e Noroeste de Minas, geraram 16,4% do PIB total do Estado. O Alto Paranaíba contribuiu com 4,2%, o Centro-Oeste com 4,1%, o Norte com 3,8%, Jequitinhonha/Mucuri com 1,8%, e o Noroeste contribuiu com 1,8%. Menores PIBsOs dez municípios com menor participação no PIB de 2005 tiveram os serviços como principal atividade econômica, com predominância da administração pública. Santo Antônio do Rio Abaixo ficou em último lugar, 853º, antecedido por São Sebastião do Rio Preto, Passabém, Cedro do Abaeté, Serra da Saudade, Consolação, Pedro Teixeira, Santana do Garambéu, Paiva e Antônio Prado de Minas. Os oito menores de 2005 revezaram-se ao longo das duas séries e em relação ao PIB per capita de Minas Gerais, afirmou Aparecida Sales. PIB per capitaOs dois maiores PIBs per capita de Minas Gerais foram Cascalho Rico e Araporã, que também são os dois maiores PIBs per capita do Brasil. Em seguida vêm Fronteira, São João Batista do Glória, São José da Barra, Indianópolis, Nova Ponte, Planura, Ouro Branco e Tapira. Os dez municípios com menor valor per capita tiveram a atividade econômica centrada em serviços, com predominância da administração pública. Quatro deles localizavam-se na região Jequitinhonha-Mucuri (Chapada do Norte, Palmópolis, Ladainha e Jenipapo de Minas) e os demais, na região Norte de Minas. O último colocado é São João das Missões, seguido de Chapada do Norte, Palmópolis, Padre Carvalho, Japonvar, Lontra, Ladainha, Jenipapo de Minas, Bonito de Minas e Fruta do Leite.
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