18 de dezembro, de 2007 | 00:00

Supervalorização pode gerar crise

Seminário do Creci avalia problemas do mercado imobiliário na região

Roberto Sôlha


Wesley: “A supervalorização imobiliária pode acabar gerando um fenômeno oposto: a desvalorização”
IPATINGA - Na quinta-feira, 13, cerca de 115 profissionais ligados ao setor imobiliário participaram da primeira edição do Seminário de Gestão Imobiliária do Vale do Aço. O evento, realizado no auditório da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Prestação de Serviços de Ipatinga (Aciapi), foi organizado pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) para promover uma integração da classe e discutir desafios enfrentados em âmbito regional. Segundo o delegado regional do Creci, Wesley Givisiez, a atuação do conselho precisa ser embasada conforme os anseios e reivindicações destes profissionais. “Através deste primeiro seminário, procuramos ministrar um evento pontuado por várias questões. Em suma, questões para que os corretores, engenheiros, arquitetos e donos de imobiliárias trabalhem em conjunto para obter os melhores resultados, o mais rápido possível. Essa dinâmica é essencial para a realidade do Vale do Aço, uma região em constante expansão e crescimento”, explicou o delegado do Creci. Na avaliação de Givisiez, o evento foi bem-sucedido em termos de público, haja vista que o Creci conta com pouco mais de 200 associados na região. “Infelizmente, não tivemos participantes do poder público de nenhum município. Mas certamente conseguiremos envolver os nossos gestores nos próximos encontros”, diz. O público debateu, entre outros assuntos, a necessidade de os corretores serem éticos ao avaliarem o valor de um imóvel e de o consumidor assinar um termo de exclusividade. “Dessa maneira, evitaríamos vários agravantes que acontecem hoje na região e contribuem para a supervalorização dos imóveis. Já tivemos conhecimento de imóveis da Avenida 28 de abril cujo valor se equipara ao da Avenida Paulista, em São Paulo. Em parte, esta especulação existe porque muitos consumidores não firmam contratos de exclusividade com os seus consumidores. Ou seja, as pessoas põem um determinado lote à venda, mas firmam contratos com o corretor que dá o maior preço. Esta espécie de leilão é prejudicial não só por causa da concorrência desleal, mas também para o próprio vendedor do imóvel, que tentará vendê-lo a um preço muito elevado. Com isso, ele dificilmente achará compradores para cobrirem uma proposta fora da realidade dos padrões econômicos da nossa região”, explica Givisiez.No entendimento do delegado do Creci, a especulação imobiliária pode acabar gerando outro fenômeno em um futuro próximo. “Atualmente, Ipatinga vive um problema sério em relação a ofertas de imóveis para a classe média. Com a perda do poder aquisitivo, a tendência é aumentar a demanda por casas e apartamentos que satisfaçam os interesses da classe média baixa. Para suprir essa demanda, o mercado terá de se adaptar a um novo contexto, uma vez que até mesmo imóveis mais modestos são oferecidos, no Vale do Aço, a preços mais elevados do que em Belo Horizonte”, compara. Para o delegado, os efeitos da supervalorização também podem gerar conseqüências mais drásticas, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos. “Durante décadas, o setor sofreu um boom, mas não se sustentou por causa da inadimplência, ou seja, as pessoas financiavam imóveis e depois não conseguiam quitar as parcelas. Caso os mercados imobiliários de Ipatinga, Fabriciano e Timóteo continuem sendo pautados pela supervalorização, correremos os riscos de uma crise semelhante acometer na região”, pontua.DiretrizesEm 2008, o Creci pretende intensificar a fiscalização de irregularidades, principalmente de contravenções relativas ao exercício ilegal da profissão. Somente em 2007 o conselho identificou 63 casos de corretores sem habilitação. “A nossa intenção não é punir essas pessoas, e sim contribuir para que elas se conscientizem da importância de buscarem a regularização. Também pretendemos discutir com o poder público como está sendo feito o planejamento para os municípios se expandirem tanto horizontal como verticalmente”, finaliza.
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