16 de dezembro, de 2007 | 00:00

Quando o crédito vira armadilha

Juros exorbitantes corroem orçamento de quem perde o controle

Fotos: Wôlmer Ezequiel


Oferta de crédito proliferou e exige atenção do consumidor
CORONEL FABRICIANO - Aquele comercial que perguntava ao consumidor: “Quer pagar como?” nunca foi tão válido. Com uma inflação que não chega a 5% ao ano, a oferta de crédito virou bom negócio. Pelo menos para as lojas, a julgar pela insistência da oferta de crédito. Só não mudaram os juros. Eles continuam proibitivos na avaliação do diretor da Coordenadoria de Defesa do Consumidor (Codecon) em Coronel Fabriciano, Celso Barbosa Júnior. Quem não tem dinheiro para pagar à vista, dificilmente sai de uma loja de mãos vazias. Celso Barbosa afirma que o crédito está muito liberado, flui de forma muito fácil, mas o consumidor está sem respaldo para saber como utilizar esse crédito oferecido pessoalmente ou via empréstimos consignados, modalidade com desconto em folha de pagamento ou benefício previdenciário. “São atitudes modernas que os lojistas têm adotado e o consumidor não está preparado. Ele tem que saber se o compromisso que assume em uma loja vai pesar no orçamento mensal. Quem puder, deve optar pelas compras à vista, porque é possível negociar descontos consideráveis”. O coordenador da defesa do consumidor em Fabriciano alerta ainda para cuidados com as financeiras, principalmente as que vendem sem pedir garantias, sem consulta ao SPC e Serasa. Isso porque, para compensar os índices de inadimplência, elas cobram juros ainda maiores. “Então, o consumidor que arcar com os seus compromissos em dia, ele paga pelos inadimplentes”, afirma. Juro alto Em relação aos valores das taxas de juros cobradas pelas financeiras, Celso Barbosa alerta que os bancos são livres para aplicar a taxa que quiserem e não estão limitados aos 12% ao ano, previstos em lei. Entre os juros classificados como altos, Celso lembra que o cartão de crédito é campeão. A sua taxa mensal varia de 10% a 14%. No entendimento do coordenador, é uma taxa altíssima. O cheque especial varia entre 6% e 8%, a segunda mais alta. A título de comparação, o crédito bancário ao consumidor tem taxa variável entre 3 e 4% ao mês. Celso também alerta para a necessidade de o consumidor saber se a loja tem financiamento próprio ou terceirizado. “Quando o financiamento não é próprio, o juro é ainda mais alto”. A orientação da defesa do consumidor é que as pessoas aproveitem os recursos extras do décimo terceiro para quitar as dívidas e evitar a ciranda de juros para o começo do ano que vem. “O famoso crédito rotativo do cartão de crédito é uma armadilha. Você faz aquele pagamento mínimo e, no mês seguinte, a conta aumenta em 10% por causa dos juros. Isso, acumulado às novas compras, vai pesar ainda mais. A saída para quem caiu na armadilha é procurar os bancos, a operadora do cartão de crédito. Isso pode ser feito aqui com mediação do Procon, caso a pessoa encontre alguma dificuldade. Quando o consumidor pede o parcelamento da dívida, congela o crescimento dela com juros. O cartão deve ser cancelado”. Celso Barbosa confirma que neste fim de ano aumentou a busca pelos serviços da defesa do consumidor para negociação de dívidas. Na maioria dos casos, consumidores querem se livrar de pendências para fazer novas compras parceladas. “Mas é importante lembrar que as lojas oferecem crédito fácil porque isso é importante para elas, mas nem sempre é bom para o consumidor. Ele deve fazer uma conta simples, do valor do produto à vista e comparar com o valor final a prazo”.

Lojas cheias e parcelamento “a perder de vista”
Golpe contra aposentados e “facilidades” por telefoneOutra rotina na defesa do consumidor em Coronel Fabriciano é a reclamação dos empréstimos consignados nos benefícios previdenciários. Entre os casos em tramitação na sede da Coordenadoria de Defesa do Consumidor, na descida da avenida Magalhães Pinto, no Centro, Celso Barbosa conta que estão os de beneficiários que não reconhecem o empréstimo. “Quem vem ao Procon precisa trazer uma cópia do contrato junto ao banco ou à financeira para saber o que foi prometido. Toda pessoa que for fazer um empréstimo precisa exigir uma cópia do contrato para conhecer seus direitos e deveres”. Entre os processos já sob apuração na Codecon, alguns consumidores conseguiram acordo com as próprias instituições bancárias ou financeiras. Havia casos em que o empréstimo foi negociado e liberado por telefone, a partir do número do cadastro do aposentado. Para prevenir aplicação de golpes essa modalidade foi suspensa, mas os casos antigos ainda são alvos de reclamações. “Quanto mais antigo o caso, mais difícil é a solução. Às vezes a pessoa teve um empréstimo indevido e já chega aqui com várias mensalidades descontadas. E não há perdão, todo mês vem automaticamente descontado no benefício do aposentado ou pensionista. Então, a orientação final é a seguinte: se alguém telefonar e oferecer crédito, desligue na hora e não aceite, porque reverter isso, depois de fechado o negócio, é muito difícil”, concluiu o coordenador da defesa do consumidor. Alex Ferreira
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
MAK SOLUTIONS MAK 02 - 728-90

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário