08 de novembro, de 2007 | 00:00

Força para reivindicar direitos

Ambulantes e trabalhadores da economia informal criam associação

IPATINGA - Reunido no Parque Ipanema esta semana, um grupo de 25 vendedores ambulantes de Ipatinga decidiu pela criação da Associação Comercial dos Vendedores Ambulantes de Ipatinga (ACVAI). Há 12 anos nas ruas, o ambulante Gilmar José da Silva foi eleito presidente da entidade, durante a assembléia em que foi lavrada a ata da primeira reunião ordinária. A associação já possui 40 associados e tem uma lista de prioridades.“Defendemos uma representação digna e que seja, sobretudo, democrática, com a participação de pessoas que são de fato vendedores ambulantes, garantindo todo apoio a esses colegas. Trabalhamos nas ruas, debaixo de sol e chuva, e, quando adoecemos, não temos amparo. Queremos encontrar meios de resolver isso. Não adianta só falar em instalar barracas novas, se não há uma estrutura de atendimento e amparo ao ambulante”, afirmou o comerciante. Para montar a sua entidade, os ambulantes chamaram quem já tem experiência no assunto. A elaboração da ata, a criação do estatuto e a eleição da primeira diretoria da ACVAI foram acompanhadas pelos integrantes da Associação dos Feirantes de Ipatinga. “Agora é uma coisa oficial. A assembléia que realizamos na última terça-feira, 6, com pessoas que são todas vendedoras ambulantes, reuniu gente interessada em unir forças e trabalhar sem prejudicar ninguém. E que fique claro: estamos de portas abertas, à espera de qualquer barraqueiro que queira se unir à gente”, concluiu. Orientação sanitária é positivaQuem comercializa alimentos nas ruas de Ipatinga sabe o que pode e o que não pode ser feito, em termos de cuidados sanitários. No entendimento de Gilmar José, foi importante o recente curso promovido pelo setor de Vigilância Sanitária Municipal, em parceira com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Segundo o comerciante ambulante, os ensinamentos sobre boas práticas de higiene na manipulação de alimentos já têm efeitos práticos para a população. “Esse curso que fizemos tem 100% de aproveitamento. É um investimento que agradecemos porque, além de orientar sobre a qualidade dos nossos produtos, também garante a saúde de quem consome os alimentos que produzimos. É um apoio que nunca tivemos antes em Ipatinga. Todos que freqüentam nossas barracas verão a diferença a partir de agora”, garantiu.Trabalhar de forma corretaEleito presidente da Associação Comercial dos Vendedores Ambulantes de Ipatinga, Gilmar José da Silva trabalha sempre nas proximidades do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga, no bairro Areal. Água de coco, churrasquinho e refrigerantes estão entre os produtos que disponibiliza em uma barraca que transporta em um Ford Belina. O ambulante faz parte de um universo que passa de 200 trabalhadores informais atuantes nas ruas de Ipatinga. “Esse grupo enorme que anda pelas ruas será chamado para participar de cursos e aprender a trabalhar da forma correta. E a associação vai sempre negociar com o governo municipal para evitar desgastes e ações contra os trabalhadores”, adiantou uma de suas bandeiras o presidente da ACVAI. O vendedor Flávio Nonato, que mantém uma barraca nas proximidades do Hospital Márcio Cunha, ressaltou que Ipatinga tem vendedor ambulante desde quando recebeu o primeiro casebre no Centro da cidade, há 45 anos. “O que precisamos é de organização para reivindicarmos. Basta ver que os comerciantes da Feirarte já têm uma associação de utilidade pública reconhecida e até verba vai receber para fazer melhorias. Os demais feirantes da cidade já têm associação e nós, que somos os mais antigos, ficamos para trás, mas ainda está em tempo para conseguirmos afirmar a nossa organização”, finalizou o ambulante.Alex Ferreira