24 de outubro, de 2007 | 00:00

Espécies nativas ameaçadas

Incêndios criminosos e queimadas preocupam dono de chácaras no Alvorada

Wôlmer Ezequiel


As encostas da área estão entre as mais atingidas pelas queimadas

TIMÓTEO - Indignação e decepção são os sentimentos que o metalúrgico aposentado Gilberto Benevides de Castro, 52, revela ao falar das constantes queimadas em sua propriedade. Localizada no Alvorada, nas partes altas e cheias de encostas do bairro, a área tem sido alvo de incêndios criminosos há mais de 10 anos. O aposentado conta que, em 1983, comprou três chácaras de um loteamento na rua Rio Tocantins. O local fica situado ao fundo do Clube Campestre Acesita e abriga várias espécies da fauna nativa do Parque Estadual do Rio Doce. “Aqui aparecem diversos animais. Nessa área, vivem sagüis, quatis, esquilos, jacus e até raposas já apareceram na minha casa. Decidi viver nessa região da cidade justamente por causa da beleza do lugar e da riqueza e diversidade da fauna. A impressão é que estamos vivendo fora de uma cidade”, compara. No entanto, no decorrer dos anos esse patrimônio ambiental vem sendo ameaçado pelos freqüentes incêndios.Segundo conta Castro, somente no mês de agosto a propriedade foi atingida por três incêndios e este mês mais uma queimada assolou as encostas do terreno. Ele suspeita que vizinhos próximos teriam colocado fogo nas matas que encobrem a maior parte do terreno. “Prova disso são as inúmeras cartas que recebi de pessoas, dizendo que vão caçar os animais que vivem soltos na propriedade e que continuarão a promover incêndios. É uma represália ao fato de eu ter acionado a polícia e os Bombeiros várias vezes”, acredita Castro, mostrando dezenas de cartas escritas em tom ameaçador. Dos seis hectares de sua propriedade, o aposentado calcula que 150 metros quadrados de mata nativa já foram prejudicados pelas queimadas. Ele afirma que a preservação das riquezas da área infelizmente é uma preocupação exclusiva dele. “Como a minha chácara é a maior do loteamento, o problema conseqüentemente acontece nas mesmas proporções. Para debelar o fogo, tive que me virar para aprender técnicas usadas pelo Corpo de Bombeiros. E por causa da topografia acidentada, é impossível combater incêndios utilizando água. É preciso usar fogo contra fogo para cercar as chamas, e isso também já me causou transtornos. Certa vez, estava na divisa com o vizinho e a polícia chegou. Na ocasião, fazia uso dessa técnica, mas os policiais me confundiram com o autor do incêndio. Além de explicar o motivo de ser flagrado naquela situação, ainda tive que arrumar testemunhas para limpar a minha barra”, relata.Destruição contínuaNa avaliação de Gilberto Benevides de Castro, todo o município passa por situação semelhante. “Os incêndios destroem boa parte da cobertura vegetal nativa de Timóteo ou o que sobrou dela, notadamente no entorno com o Parque Estadual do Rio Doce”, lamenta. O aposentado deixa um apelo à população para que colabore e entenda a importância de se preservar a natureza. “Já discuti com vizinhos que tentavam capturar pássaros que vivem na minha propriedade. E ainda estou pagando algumas pessoas para vigiar a área, na tentativa de evitar que mais incêndios aconteçam. Os problemas vêm se arrastando por mais de 10 anos e dificilmente as pessoas que cometem esses crimes entenderão a gravidade de se queimar uma área com três nascentes, onde vivem animais silvestres. A minha esperança é que as autoridades possam trabalhar para conter impactos ainda mais preocupantes”, finaliza.
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