23 de outubro, de 2007 | 00:00

Parada gay reúne mais de cinco mil


IPATINGA - Expectativas superadas, receptividade natural do público e uma presença de cerca de cinco mil pessoas. Esse é o saldo da primeira Parada de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (GLBTTT) de Ipatinga, com o tema “Por um Mundo sem Racismo e Homofobia”, que aconteceu no domingo, com desfile até o estacionamento do estádio Ipatingão.

Na avaliação dos organizadores, os eventos da Semana Rainbow mostraram que o homossexualismo começa a ser visto sob outra ótica, apesar de reações pontuais de repúdio de algumas organizações e entidades.

“Não há nada que impeça os gays de se organizarem ou até mesmo se unirem em torno de uma causa igualitária e cada vez mais atuante. Somos um dos principais movimentos sociais do Brasil e a ampla participação das pessoas na Parada de Ipatinga mostra essa realidade”, resume Vinícius Todeschi Bandeira, um dos organizadores da 1ª Parada GLBTTT.

Para Carlinhos Lopes, militante e organizador da Parada, o mais importante foi mostrar à sociedade que o evento veio para ficar e fazer parte do calendário festivo regional. “Começar essa festa com um público de mais de cinco mil pessoas mostra que as pessoas estão com pensamento diferente sobre o mundo gay. Isso reflete o aumento do nível de esclarecimento das pessoas e deve ser levado em consideração.

A festa foi de muita alegria e descontração, com presença de famílias e crianças. Acredito que esse foi o primeiro passo importante da comunidade gay de Ipatinga para acabar de vez com qualquer tipo de preconceito”, explica Carlinhos Lopes.


Ao longo da avenida Roberto Burle Marx, a alegria e descontração foi a grande marca da 1ª Parada Gay
A expectativa da organização da Parada girava em torno da participação de 500 pessoas, mas o número dez vezes mais mostrou que gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e transgêneros, além de heterossexuais e simpatizantes, deixaram de lado o preconceito.

“Grandes cidades começaram com números bem mais modestos que Ipatinga. Vitória, com o clima de praia e com um ambiente muito mais liberal, reuniu apenas 100 pessoas. Itaúna, na primeira parada, conseguiu colocar num mesmo espaço exatas 43 pessoas. A presença de mais de cinco mil pessoas mostra um retrato da própria resposta da sociedade, que está interessada em conhecer o movimento”, explica o ativista Vinícius Todeschi.

São Paulo
A maior parada gay do mundo reuniu este ano, na 11ª edição, 3,5 milhões de pessoas nas ruas de São Paulo. Mas antes de se tornar referência, a Parada na maior cidade da América Latina começou com menos de mil representantes do movimento homossexual. Conforme a organização, nenhuma das grandes cidades brasileiras conseguiu reunir tanta gente logo na primeira edição.

“Isso mostra que o movimento nasce com força, aceitação da sociedade. Ano que vem esperamos reunir mais de 15 mil pessoas”, ressalta a organização.


Em cima do trio elétrico que seguiu rumo ao Parque Ipanema, representantes do MGS fizeram alguns discursos


Movimento contrário deu força à Parada

Cartas de repúdio, manifestações contrárias e posição intransigente de alguns grupos e igrejas. Apesar de movimentos que diziam “não” à Parada GLBTTT de Ipatinga, os organizadores acreditam que a intenção homofóbica surtiu o efeito contrário. “A sociedade está se modificando e aceitando com naturalidade as diferenças. Uma carta de repúdio dos evangélicos tem sua importância, ao mostrarem que não são a favor, mas ao mesmo tempo demonstramos que muitas pessoas estão a fim de saber o que é o movimento gay”, acredita um ativista.

Ao mesmo tempo que manifestações contrárias tentaram tirar o brilho da Parada, no domingo, enquanto a passeata, que saiu do trevo no bairro Jardim Panorama em direção ao Ipatingão, pastores da Comunidade Batista Monte Moriá fizeram questão de ir ao encontro dos organizadores do evento para dizer que a igreja estava de portas abertas para recebê-los.
“É uma prova de que, mesmo em locais em que a manifestação contrária normalmente é mais contundente, ainda há pessoas com conhecimento de causa para nos oferecer apoio” conta o ativista.

 
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