21 de outubro, de 2007 | 00:00

Valorização da informalidade

Associação chega com a proposta de defender vendedores ambulantes

Wôlmer Ezequiel


Iara Neves defende suporte legal para ambulantes atuarem nas ruas de Ipatinga
IPATINGA - Nesta segunda-feira, 22, acontece a fundação da Associação do Comércio Alternativo do Município de Ipatinga (Acami), entidade que pretende oferecer um maior amparo aos trabalhadores que atuam na informalidade em toda a cidade. Vendedores de água de coco, milho verde, artesanato, churrasquinho e diversas outras atividades são o alvo da associação. “São pessoas que têm dificuldade para fazer valer os direitos e que, muitas vezes, nem sabem que existem. A entidade vem para amparar, defender, orientar e representar os interesses dos associados que passarem a integrar a nossa entidade”, adiantou Nilton de Oliveira Filho, presidente da associação.Segundo ele, apesar da existência de associação dos feirantes, da Feirarte e do próprio camelódromo, ainda falta maior representatividade aos trabalhadores informais. Conforme dados da Acami, há cerca de seis mil pessoas atuando no mercado informal do município. “Deve-se levar em consideração que são pessoas importantes para o desenvolvimento das atividades formais. Para se ter idéia, durante um show, por exemplo, do lado de fora a presença de vendedores de cervejas, churrasquinhos e guardadores de carros ajuda a contribuir para a harmonia no evento. Queremos oferecer suporte a esses trabalhadores”, explica o presidente.DireitosDe acordo com Nilton de Oliveira, a entidade tem interesse em promover, junto aos órgãos públicos, o direito de os associados permanecerem no local onde estiverem exercendo as atividades do comércio alternativo. “A idéia é estabelecer normas para o bom desempenho do trabalho e relacionamento dos demais associados”, afirma o presidente da Acami.
Bruno Jackson


Nilton de Oliveira espera que a entidade seja “a voz dos trabalhadores informais”
Na avaliação do dirigente, é importante fazer uma reciclagem com os ambulantes que atuam no comércio informal. Por isso, a diretoria que será empossada nesta segunda-feira pretende implementar cursos, palestras, programas e seminários na realidade dos trabalhadores.“É uma forma de procurar a qualificação da atividade do comércio informal, visando sempre melhorias na prestação de serviço pelos trabalhadores que tiram da rua o seu ganha-pão”, salienta.Trabalho com dignidadeQuem confirma a dificuldade para trabalhar nas ruas de Ipatinga é a ambulante Iara Neves Barbosa, 40, que há dois anos vende água de coco na avenida 28 de abril, no Centro. Segundo ela, é necessária uma associação que defenda os interesses da classe, uma vez que sempre a fiscalização tenta retirar ou complicar o trabalho dos vendedores que atuam nas ruas. “Estamos fazendo o nosso trabalho e tentando ganhar dinheiro de maneira digna. Não há razão para as ameaças dos fiscais, uma vez que muitas pessoas gostam de beber água de coco enquanto fazem as compras ou caminham pelo centro da cidade”, ressalta a vendedora.RentabilidadePara o vendedor de artesanatos Célio Augusto da Cunha, que atua na praça José Júlio da Costa, no Centro, o mercado informal é capaz de gerar rendas melhores que na formalidade. O ambulante, que trabalhou com carteira assinada ao longo de muitos anos, garante que, na informalidade, além da possibilidade de ganhar mais dinheiro, ainda faz o próprio horário.“O grande problema de atuar nas ruas é exatamente essa falta de unidade entre os informais e a dificuldade que temos para fazer valer nossos direitos”, explica Célio Cunha.O artesão disse que, com as vendas, conseguiu juntar dinheiro suficiente para comprar seu próprio carro e, apesar das dificuldades encontradas freqüentemente, não pensa em deixar a informalidade. Situação parecida vive Iara Neves Barbosa, que vende copos com água de coco por R$ 0,50 e R$ 1 e consegue ganhar dinheiro suficiente para pagar as contas e juntar algumas somas. “É um lugar bom para vencer na vida, apesar de todo o preconceito e dificuldade. Por isso, apóio a criação de uma associação capaz de atuar em nosso benefício”, afirma.
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