20 de outubro, de 2007 | 00:00

Falta d’água impõe racionamento

Moradores do Forquilha enfrentam dificuldades. Copasa negocia com PMI

Roberto Bertozi


Paulo Domingos, Lúcio Drummond e Neli da Paixão: moradores esperam melhorias no sistema de esgotamento e distribuição de água no Forquilha
IPATINGA - Moradores do bairro Forquilha, em Ipatinga, continuam às voltas com a falta de água. O problema, antes pontual, chegou a uma situação sem precedentes. Na parte baixa do bairro, nas proximidades do campo de futebol comunitário, o quadro é preocupante. Nas ruas Piau e Pacumã o racionamento do líquido é uma dura realidade. “É preciso escolher o que fazer com a água. Se tomarmos banho, não tem como lavar a roupa. Se bebermos água demais, vai faltar na hora de lavar uma vasilha ou fazer comida. Essa é a situação aqui no bairro e parece que ninguém olha para esse lado da cidade”, critica Paulo Domingos.O aposentado lembra que a situação não mudou muito de 1996, quando chegou ao bairro, para hoje. Há alguns anos, segundo o morador, a água até que chegava com mais regularidade, porém comprometida pelo elevado índice de ferrugem e muita sujeira. “Era preciso arrumar um jeito de filtrar a água e ferver sempre para beber. A roupa ficava encardida devido ao barro que descia do reservatório”, explica.O bairro Forquilha vive uma realidade diferente em Ipatinga. A Companhia de Abastecimento e Saneamento de Minas Gerais (Copasa) não opera no bairro. É que grande parte dos moradores insiste em receber a água de um reservatório que existe na comunidade, e que não foi dimensionado para comportar o crescimento da população. “Com a Copasa no bairro teríamos que pagar mais taxas, mas parece que não há outro caminho. É preciso ter consciência nesse momento em que todos passam por dificuldades”, afirma Márcio Vieira, presidente da associação dos moradores.NegociaçãoConforme o gerente regional da Copasa, Franklin Mendonça, é preciso que a população do bairro manifeste o interesse de contar com os serviços da estatal. No momento, acredita-se que cerca de 50% dos moradores revelem essa tendência. “Não podemos começar a operar um serviço de distribuição de água e deixar parte dos moradores conviver com a água bruta, que chega até eles pelo antigo reservatório. Compartilhar nossa água, nesse caso, aumenta o risco de contaminação de água tratada e não abrimos mão da exclusividade, que também implica em uma série de responsabilidades”, diz Mendonça.Segundo ele, a decisão de transferência do serviço é da Prefeitura de Ipatinga. “Já discutimos o assunto, mas o impasse persiste. A empresa aguarda o desfecho dos entendimentos para assumir o comando dos serviços e implantar uma estrutura compatível com a demanda no bairro”, enfatiza o gerente.Ainda segundo Mendonça, tomada a decisão favorável ao controle do serviço, a Copasa construiria redes de esgotamento e acabaria com o grave problema de abastecimento no bairro. Ele explica que não houve reuniões entre a diretoria da empresa com moradores, mas confirma a visita de técnicos da estatal para verificar a aceitação do projeto pela comunidade. “Foi feito um levantamento do número de imóveis que poderiam ser atendidos, qual a vazão necessária, mas ainda aguardamos todo o processo de negociação para dimensionar o sistema de operação no Forquilha”, esclarece Franklin Mendonça.Ainda em fase final, está a construção da rede esgoto em toda a extensão do bairro. Uma vez concluída a intervenção, a Copasa será responsável por toda a interceptação e esgotamento, o que leva a empresa a cobrar uma taxa de 60% do valor da tarifa de água. “Isso é um fator que contribui para a negociação entre empresa e prefeitura, mas não posso dizer que é determinante”, pondera.Moradora pede fim de impasse“Parece que as pessoas esqueceram que o bairro Forquilha existe”, reclama a moradora Neli Álvares da Paixão, que não sabe mais o que fazer devido à rotineira falta d’água. “Há pessoas aqui com crianças, gente que precisa lavar roupa para ganhar a vida, e do jeito que está fica muito difícil sobreviver. Se existe um impasse, que ele seja solucionado, por favor”, critica Paixão.Ela lembra que, em muitas situações, o bairro ficou às vezes até 20 dias sem o abastecimento, e quem não tinha uma cisterna ou algum tipo de reservatório ficou no prejuízo. É que alguns moradores acabam abusando do fornecimento gratuito, construindo reservatórios com grande capacidade de armazenamento, pouco se importando com os demais moradores. “Períodos longos de desabastecimento na seca são comuns aqui no Forquilha. Só queremos que isso acabe”, afirma Neli Álvares da Paixão.Roberto Bertozi
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