17 de outubro, de 2007 | 00:00

Falta d’água revolta usuários do Industrial

Roberto Sôlha


Auzeni reclama do abastecimento irregular, da taxa cobrada e de cloro na água
SANTANA DO PARAÍSO - Apesar de a Companhia de Abastecimento e Saneamento de Minas Gerais (Copasa) ter anunciado recentemente que irá investir R$ 12 milhões em obras para o tratamento de esgoto no município, a população do Paraíso continua reclamando de um problema crônico no município: a deficiência no serviço de abastecimento de água. Moradores das ruas localizadas no alto do Industrial, bairro que faz divisa com Ipatinga, são os mais castigados pelo problema. A maioria queixa-se de cobranças indevidas e pela constante falha na distribuição da água. Antes da Copasa, a empresa responsável pelo abastecimento de água no Paraíso era a Consae (Concessionária de Abastecimento de Água e Esgoto). Os munícipes ouvidos pelo DIÁRIO DO AÇO afirmam que a prestação de serviços pela Consae era mais satisfatória. “Eles cobravam uma taxa que variava conforme o tamanho da residência e sempre avisavam eventuais cortes no abastecimento, explicando quais eram os problemas técnicos. Hoje a situação é outra. Vivemos um jogo de empurra. A Prefeitura e a Copasa não explicam e não se responsabilizam pelo que está acontecendo”, queixa-se a comerciante Auzeni Aparecida de Almeida, moradora do Industrial. Proprietária de um bar na avenida Minas Gerais, Auzeni conta que, desde que se mudou para Santana do Paraíso, há 12 anos, a água sempre chegou de maneira irregular às residências da rua Suíça, onde mora com os dois filhos. Os moradores afirmam que tiveram que se adaptar a mudanças constantes impostas pelos responsáveis pelo serviço de abastecimento. Antes da Consae, o serviço não era cobrado da população, mas havia uma queixa generalizada a respeito da qualidade da água, que chegava escura em boa parte das residências do bairro. Quando a Consae ganhou a concessão pelo serviço de abastecimento, as reclamações continuaram, mas a empresa conseguiu sanar algumas deficiências, levando água a localidades até então desprovidas do serviço. “Com o tempo, a Consae melhorou os seus serviços e estava progredindo. No entanto, a partir do momento que a Copasa se instalou no Paraíso, houve uma regressão. As contas ficaram mais caras e os valores não obedecem a uma média, sempre variam muito entre um mês e outro”, afirma Auzeni de Almeida. A dona-de-casa Maria Timóteo Ramos, moradora do Centro, cita outro problema em relação à Copasa. Segundo ela, a empresa deixou de entregar contas referentes aos dois últimos meses e a dona-de-casa precisou tirar a segunda via para evitar o corte. Juntamente aos comerciantes Rosangela Pereira Souza e Domingos Orlando Anício, Auzeni divide as contas do prédio onde funciona o seu bar. Eles contam que pagavam uma média de R$ 60 por mês. Agora, este valor gira em torno de R$ 220. Em sinal de protesto, Auzeni decidiu suspender o pagamento das três últimas contas de água de sua residência. “Ninguém pode me obrigar a pagar por algo que não recebo direito. Do que adianta ser correto se somos desrespeitados. A água que chega lá em casa começa a pingar na caixa d’água por volta da meia-noite e vai até umas duas da manhã. E ela vem com cheiro forte de cloro, ou seja, nem tratada direito ela é. E ainda querem que paguemos essas contas?”, questiona Auzeni.PrejuízoAlém dos transtornos que o desabastecimento causa na vida doméstica, a falta d’água também traz conseqüências a quem depende diretamente do líquido para trabalhar. É o caso de Rosângela Pereira Souza, que vende marmitas. “Dependo da água para tudo. Meu sustento vem da comida que vendo. A gente acaba se adaptando a essa dura realidade e tentando se manter de um jeito ou de outro. Eu só uso pratos descartáveis, porque se usar a água para lavar os pratos, mais tarde ela irá faltar e não terei como usá-la para fazer comida”, conta. Como a distribuição de água é eficiente em alguns bairros, os moradores do Industrial acreditam que uma boa parcela da população não se sensibiliza com a constante falta d’água naquela localidade. “Infelizmente, essa cidade ainda não teve um prefeito ou alguma empresa que propusesse soluções efetivas para dar fim a essa situação lamentável. Se houvesse uma mobilização por parte de todos os cidadãos que sofrem com a falta d’água e com a cobrança indevida, acredito que poderíamos pressionar os responsáveis”, finaliza a comerciante Auzeni Aparecida de Almeida.
Arquivo/DA


Franklin Mendonça: projeto definitivo corrigirá distorções
Gerente confirma obras em caráter definitivoConforme Franklin Mendonça, gerente da Copasa no Vale do Aço, a política tarifária praticada em todas as localidades operadas pela empresa é definida pelo Decreto Estadual 43.754, de 19 de fevereiro de 2004, atualizado pelos decretos 44.249 de 23 de fevereiro de 2006 e 44.468 de 16 de fevereiro de 2007. “Quanto às reclamações de falta d’água, mantemos procedimento de divulgação através de carros de som, das rádios e de outras mídias em caso de manutenções programadas ou no caso de manutenções corretivas que atinjam um grande número de consumidores”, diz Franklin.Segundo o gerente da Copasa, as manutenções de menor porte (correção de vazamentos, por exemplo) cujo tempo de execução médio seja em torno de 3 horas e que têm impacto em pequenas áreas não são objeto de comunicação através da mídia. “Para estes casos, disponibilizamos a Central de Relacionamento com Clientes 115, com atendimento 24 horas e também as agências de atendimento, que funcionam no horário de 8h às 17h”, informa. Conforme Franklin Mendonça, o sistema de informação da Copasa registrou, nos últimos 90 dias, 37 ocorrências de falta d’água nas ruas Dinamarca, França, Suíça e Finlândia, que estão entre os pontos mais críticos apontados pelos moradores ouvidos pelo DIÁRIO DO AÇO. Investimentos Ainda conforme Mendonça, os recursos do Programa de Investimentos da Copasa contemplam a execução de obras de reabilitação, ampliação e melhorias dos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário de todos os bairros de Santana do Paraíso. “Entretanto, para que estas obras sejam executadas com qualidade e tragam benefícios duradouros para a população, faz-se necessário que sejam fundamentadas em projetos bem elaborados. Estes projetos estão em fase de contratação, conforme aviso de licitação publicado em 17 de junho passado”, explica.O gerente também informa que a empresa está realizando serviços e obras necessários para adequação dos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário existentes, com o objetivo de melhorar a prestação dos serviços. “Para que possamos identificar os pontos críticos e adotar as medidas corretivas necessárias, contamos com as informações e solicitações de serviços direcionadas ao telefone 115. É com base nestas informações que as equipes operacionais e a área de engenharia da Copasa direcionam suas ações para melhorar a qualidade dos serviços prestados”, conclui Franklin Mendonça.
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