16 de outubro, de 2007 | 00:00

Investimento em educação atrelado à gestão pública

Arquivo/DA


Amilar da Silveira: os programas educacionais devem estar atrelados a um projeto de Estado
IPATINGA - Discutir a educação nos mais variados níveis é uma tarefa não muito fácil, mas conhecida a atual situação educacional do Brasil torna-se cada vez mais necessário. A constatação é do professor José Amilar da Silveira, diretor do Colégio São Francisco Xavier, em Ipatinga, ao analisar os dados que revelam a situação preocupante do ensino em todo o país.“Se analisarmos os indicadores da educação no Brasil é possível ter a noção de que as coisas não vão bem. O Sistema de Avaliação do Ensino Básico (Saeb), do Governo Federal, que pega algumas turmas consideradas chaves em termos de análise, como a 4ª e 8ª séries do ensino fundamental e o 3º ano do médio, e avalia as disciplinas de Português e Matemática, a situação demonstra que a educação no Brasil está abaixo da média. Da mesma forma, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), um sistema de avaliação muito válido, também revela que uma situação preocupante”, analisou Amilar da Silveira.O Saeb, realizado a cada dois anos, foi implantado em 1990 e conta com a participação das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação de todo o país. De acordo com o diretor do CSFX, a análise dos resultados permite acompanhar o desenvolvimento dos alunos e dos fatores que incidem na qualidade do ensino. “É uma tentativa pertinente de definir ações e políticas de aperfeiçoamento nas práticas aplicadas em sala de aula, mas deve ser analisada pelos gestores em educação com mais seriedade. Além do mais é necessário criar mecanismos para corrigir os problemas apresentados”, frisou.Em relação ao Enem, Amilar acredita que é um sistema de avaliação interessante, mas a divulgação dos últimos resultados mostra um retrato lamentável da educação nacional. “Os indicadores são fundamentais e sou totalmente a favor o Saeb e do Enem, uma vez que são mecanismos importantes na formatação dos projetos para a educação nacional”, analisou.PosiçãoBaseado em pesquisas divulgadas em revistas de educação, José Amilar da Silveira disse que, em relação a outros países, o Brasil está em 72º lugar nos quesitos qualidade na educação e aproveitamento escolar. “O resultado do Saeb também coloca o Brasil numa situação lamentável, mostrando que estamos em declínio. São resultados que nos deixam preocupados e que nos remetem a um novo modelo educacional”, reforçou.Para o professor, os problemas são complexos e torna-se difícil apontar um único caminho para a solução da questão referente à falta de qualidade na educação nacional. Mesmo assim, Amilar da Silveira acredita que é necessária a criação de um projeto educacional de Estado, de forma que os governos cumpram e dêem continuidade ao projeto estabelecido. “É preciso criar metas e medidas para se obter mudanças na educação. E devemos agregar isso a um projeto de Estado e não a um projeto de governo, porque senão vamos ter um plano de educação diferente a cada quatro anos. Foi assim no governo FHC e agora na gestão Lula, onde existem alguns projetos parecidos, mas com nomes diferentes. Isso não é um projeto de Estado. Não temos nenhuma garantia de que, a partir das próximas eleições, caso mude o governo, que o atual programa de educação vai continuar sendo implantado”, criticou o diretor do CSFX.Explosão de universidades é motivo de preocupaçãoOutro sistema de avaliação considerado importante é o Enade, o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, que testa a qualidade da escola de nível superior e dos alunos. “Participam alunos que já têm alguma parte da carga horária cumprida e aqueles alunos que já estão em fase final de curso, com pelo menos 80% da grade curricular. Isso é uma tentativa de ver o que a educação superior está agregando na vida do aluno”, analisou.Para o diretor do CSFX, a “explosão” de universidades e centros de educação superior no Brasil é um fator preocupante. Por um lado, essas instituições estão nas mãos de pequenas elites, preocupadas mais com o lado financeiro do que com a educação em si. Além do mais, a concentração das faculdades nas regiões Sudeste e Sul mostra que grande parte do Brasil não tem acesso a carreiras superiores. “Seria interessante se poder público regulasse o ensino superior no Brasil, que está à deriva. A partir de projetos mais bem esclarecidos, pode se tornar não só mais abrangente como de melhor qualidade para os estudantes”, finalizou.Roberto Bertozi
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