16 de outubro, de 2007 | 00:00

Organizar para preservar

Autor do livro ‘Ipatinga 42 anos’ propõe criação de entidade para manter viva a história de Ipatinga

Alex Ferreira


José Augusto: elaboração de livro sobre Ipatinga mostrou necessidade de organizar acervo histórico
IPATINGA - Autor do livro “Ipatinga 42 anos”, José Augusto de Moraes propõe a criação de uma entidade que preserve o material histórico do município. Embora a cidade seja nova, José Augusto afirma que, com o passar do tempo, o acervo de documentos, fotografias e filmes e os pioneiros tendem a desaparecer. O escritor conta que só teve consciência dessa situação quando preparava o livro, publicado no ano passado, e na elaboração de uma nova obra, em andamento.Na avaliação do escritor, o município está sem condições de guardar a própria memória histórica. No seu entendimento, muita coisa já se perdeu e atualmente já há dificuldades para os estudantes encontrarem material de pesquisa. “Sou procurado freqüentemente por estudantes do ensino médio e até de cursos superiores em busca de dados históricos para fazer monografias. A nossa proposta é fazer uma reunião com pessoas ligadas a todos os segmentos, pioneiros e filhos de pioneiros, para que seja constituída uma associação não governamental que ficaria responsável por juntar documentos e objetos históricos”, explica.AssociaçãoComo solução, José Augusto propõe a criação da Associação Pró-Resgate da História de Ipatinga (Apreship), que lutaria pela preservação do acervo. Para isso, seria necessária a formação de uma comissão para ir às casas dos pioneiros em busca de todo material histórico, como fotografias, cópias de documentos, microfilmagem, depoimentos em áudio e vídeo dos pioneiros, para que ficasse reunido em um único local e disponibilizado para pesquisas. “Faríamos um inventário histórico de tudo o que há em termos de registros da cidade. Eu defendo que isso seja feito por uma instituição não governamental, porque os prefeitos e vereadores passam e a história continua. Agora, o pano de fundo dessa organização é caminhar rumo à criação de um museu para Ipatinga”, defende o escritor.Livro vira fonte de novas pesquisasJosé Augusto de Moraes conta que durante as pesquisas para escrever o livro “Ipatinga 42 anos” teve acesso a muitos documentos e objetos que já estão em seu poder. A intenção é buscar apoio junto aos segmentos organizados para que o material seja somado a outros e disponibilizado em algum lugar. “Vamos chamar representantes de associação de moradores, sindicatos, familiares dos pioneiros e o movimento artístico. A entidade até pode receber ajuda do poder público municipal, estadual ou federal. Não importa quem quer ajudar. O que importa é levantar a consciência sobre essa necessidade da preservação da história de Ipatinga e do Vale do Aço. Só não podemos é criar dependência”, defende.Ainda segundo José Augusto, o seu próximo trabalho está intimamente ligado à questão da preservação da memória da cidade, pois vai tratar das pessoas que nomeiam equipamentos e logradouros. “Tenho passado em cada escola de Ipatinga para pesquisar se os estudantes sabem quem são as pessoas que dão nomes às vias públicas, praças e escolas. Por exemplo, na Escola Bemvinda Moreira Pacheco as pessoas nem sabem quem foi a pessoa que dá aquele nome. Na Escola Manoel Izídio, embora haja um retrato do homenageado, não há nenhum dado sobre ele. A professora não sabe explicar isso e nem tem como pedir aos seus alunos para pesquisarem, porque não existe material disponível. Mas ainda está em tempo de mudar essa situação”, acredita o escritor.ReferênciaNa falta de outra fonte de pesquisa, o livro “Ipatinga, 42 anos” torna-se uma referência importante para pesquisas. Segundo José Augusto, após a publicação já foram feitas cinco monografias com base no livro e uma sexta, de um estudante da Universidade Federal do Espírito Santo, que já agendou entrevista com o escritor em busca de dados históricos para mais um trabalho acadêmico. “Costumo explicar que eu só tive acesso aos documentos para fazer o livro porque conhecia as pessoas ou os descendentes que fizeram a história de Ipatinga”, reconhece.José Augusto mora em Ipatinga desde 1962 e, na proposta de montar o acervo histórico da cidade, afirma que a partir da publicação da reportagem espera poder contar com a participação de mais interessados na proposta.Professor organiza museu em FabricianoNo mesmo caminho de dificuldades para juntar material histórico, o professor de História do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste), Renato Santos Lacerda, teve muito trabalho na elaboração da sua dissertação de mestrado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Com o título “Rotary Club: poder invisível na Terra Prometida”, a monografia tratou das relações do clube de serviço na formação do Vale do Aço. Segundo o professor, também em Coronel Fabriciano os documentos estão espalhados em várias casas, o que dificulta o acesso para pesquisa. Neste sentido, o professor já trabalha na organização do acervo do Museu Padre José Maria de Man, que já se encontra instalado dentro do campus do Unileste em Coronel Fabriciano.Alex Ferreira
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário