14 de outubro, de 2007 | 00:00

Salvação para um hospital

Enxugamento de gastos e parcerias podem impedir fechamento de unidade em Galiléia

Bruno Jackson


Walter Teixeira afirma que o hospital está em fase de negociação
GALILÉIA - Um pacote de medidas emergenciais foi adotado pela gerência do Hospital Imaculada Conceição, em Galiléia, a 53 quilômetros de Governador Valadares, para evitar o seu fechamento. A instituição filantrópica pode parar de funcionar em função de dívidas trabalhistas na ordem de R$ 130 mil. O diretor-geral do Hospital, Walter Teixeira de Castro, disse que uma série de “normas de racionalização operacionais foram implantadas para com o objetivo de gerir a crise”. A redução de custos foi uma das principais iniciativas.“Conseguimos reduzir em 20% o gasto relativo à compra de material, além de reduzirmos em média 22% na conta da energia elétrica. Ou seja, estamos enxugando ao máximo aquilo que podemos”, salientou.Walter Teixeira informou que o hospital está em fase final de negociação com três operadoras de planos de saúde. Segundo ele, as três parcerias têm boas chances de se concretizar e representariam a principal investida para aliviar a dívida. “As negociações estão avançando conforme esperávamos. Estas operadoras prestam assistência a todos os seus conveniados e nos ajudariam a desafogar a nossa demanda, que é muito grande”, frisou.O Hospital Imaculada Conceição tem 30 leitos e presta atendimento a 120 pessoas por dia. A média mensal de internações é de 100 pacientes, atendendo emergência, clínica médica, cirúrgica, pediátrica e obstetrícia. A preocupação é grande porque, apesar de Galiléia ter apenas 8 mil habitantes, o hospital atende emergências oriundas de Conselheiro Pena, situada a 13 quilômetros, e recebe acidentados na MG-359, que liga Minas Gerais ao Espírito Santo.Acordo pode selar pagamento de dívidaA situação financeira do Hospital Imaculada Conceição se agravou depois que a Justiça do Trabalho condenou a instituição a pagar uma dívida trabalhista ao médico Sérgio Lacerda. O profissional entrou com uma ação judicial há cinco anos conseguiu ganho de causa. O hospital ainda deve dinheiro a outro médico, cujo nome é mantido em sigilo. “Como a Justiça ainda não deu a sentença final sobre o caso deste segundo médico, o mais prudente é não revelar seu nome ainda”, adiantou. Conforme Walter Teixeira, a Justiça reconheceu o montante da dívida em R$ 130 mil, com valores atualizados. Com isso, determinou o bloqueio da conta do hospital no Banco do Brasil e seqüestrou R$ 12 mil que estavam depositados em conta-corrente. Além disso, a partir de agora todos os valores depositados em nome da instituição serão reservados para pagar a dívida trabalhista. Contudo, o diretor-geral do hospital acredita num acordo para resolver o impasse, embora a primeira tentativa tenha falhado.“Há poucos dias nós propusemos um acordo ao médico reclamante, mas ele não compareceu à audiência. O advogado dele ouviu nossa proposta, ficou de enviá-la a seu cliente, mas ainda não deu retorno”, alegou Walter Teixeira. “Nossa proposta de acordo é pagar parte do valor de R$ 130 mil e dividir o restante em 24 parcelas”, acrescentou o gestor do hospital, sem informar o valor inicial que a instituição estaria disposta a pagar.Ameaça de demissõesA crise financeira assombra os 28 funcionários do Hospital Imaculada Conceição. Na última semana, a instituição teve que fazer uma demissão no setor administrativo. De acordo com o diretor Walter Teixeira, por enquanto estão descartadas outras demissões. “Esperamos que não haja mais demissões, até porque nossos serviços ficariam comprometidos”, disse. Segundo o diretor, o faturamento mensal do Hospital Imaculada Conceição gira em torno de R$ 18 mil, mas a folha de pagamento, sem computar os encargos, consome R$ 12 mil. O diretor-geral confirmou que, além de repasses do SUS, que seriam insuficientes, é a comunidade que ajuda na manutenção da instituição. “A população faz doações de alimentos até roupas de cama. Além disso, a Prefeitura paga os quatro médicos que trabalham em nosso hospital, o que nos ajuda bastante”, enumerou.Bruno Jackson
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