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10 de outubro, de 2007 | 00:00

Caixa retoma atendimento hoje

Contraproposta leva funcionários da CEF a encerrar greve nacional

Alex Ferreira


Laércio Lemos admite transtornos com a greve dos bancários
IPATINGA - Usuários dos serviços da Caixa Econômica Federal devem encontrar as agências lotadas nesta quarta-feira, quando funcionários voltam ao atendimento habitual com o encerramento da greve nacional restrita à CEF. No Vale do Aço a paralisação durou três dias, tempo suficiente para gerar transtornos a quem precisou de atendimento pessoal nas agências. Na região, apenas a agência Horto do banco manteve o atendimento inalterado.  A greve chegou ao fim, segundo explica o presidente do Sindicato dos Bancários no Vale do Aço, Laércio Lemos Guimarães, após circular a notícia de que o banco entraria na Justiça contra o direito de greve dos trabalhadores. “A Caixa alterou a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) a ser paga após a assinatura do acordo. Para os empregados não-comissionados, técnicos bancários e escriturários é de R$ 4.100. Para os comissionados, analistas, técnicos de fomento, caixas, avaliador de penhor, entre outros, é de R$ 4.362,84. É a mesma proposta aceita pelos funcionários do Banco do Brasil e bancos privados”, explica Laércio. Além disso, explica o sindicalista, até março de 2008 será creditado um valor adicional à PLR, de R$ 600, caso o aumento do lucro líquido seja superior a 15% na comparação do balanço de 2007 com 2006. Pela proposta, será aplicado o reajuste de 6% - que incidirá também sobre as verbas como tíquete-refeição, cesta-alimentação, auxílio-creche/babá, entre outros  itens acordados com a Fenaban. E também está garantida uma nova conquista incorporada à convenção coletiva: a 13ª cesta-alimentação de R$ 252,60. “A cesta-alimentação é o seguinte: o banco fornece o tíquete- alimentação e mais um valor referente a uma cesta-alimentação no valor de R$ 252,00. O banco dava essa cesta mensalmente. Agora ela está incorporada ao pagamento do abono de Natal. Então, essa proposta, se não atingiu o acordo considerado ideal, é a mais próxima possível disso que a gente poderia conseguir”, observa. TranstornosNa tarde de ontem era intenso o movimento de clientes em busca de atendimento pessoal na agência do Centro. Quem não conseguia resolver suas pendências nos caixas de auto-atendimento teve como alternativa as agências lotéricas. Uma moradora do Cidade Nobre, à procura de atendimento no setor habitacional, saiu sem resolver seu problema. Laércio Lemos admite que a paralisação na CEF logo nos quatro primeiros dias do mês causou transtorno por coincidir com o período de pagamento de salários e benefícios previdenciários. “Infelizmente a população acaba prejudicada, não só no caso dos bancários, mas diante de todo serviço interrompido por- que empregados tiveram que fazer paralisações na defesa de seus interesses. No caso dos bancos a situação é menos grave porque o cliente só precisa ir às agencias em algumas situações. Até em supermercados já se pagam contas hoje em dia. Só o fechamento de negócios demanda a presença do cliente no interior da agência”, lembra o sindicalista.Carreira perde fascínioHavia um tempo em que trabalhar em banco era uma busca em quase todas as famílias. A carreira do Banco do Brasil, por exemplo, era motivo de orgulho. Mas Laércio Lemos Guimarães confirma que, do fim dos anos 80 em diante, os empregos nos bancos foram utilizados como trampolim para que a pessoa fizesse faculdade e seguisse outras carreiras. “Já havia uma previsão de que a carreira não seria promissora. Hoje, na verdade, o perfil mudou. O bancário só ingressa em uma instituição se tiver graduação, então não vai querer um salário ruim. Por causa disso, a oferta de vagas diminuiu, mas houve também um crescimento da média salarial. O bancário ganha na medida em que produz, dentro da chamada ‘remuneração variável’. São cargos melhores, cargos executivos e praticamente não existe mais a função de escriturário em uma agência bancária”, conclui Laércio Lemos Guimarães. Esvaziamento do mercado de trabalhoPara o presidente do Sindicato dos Bancários no Vale do Aço, Laércio Guimarães, a redução de vagas de trabalho nos bancos chegou ao limite e atinge 50% em relação ao número de empregados existente há duas décadas. “De 800 mil bancários no país, na década de 80, hoje temos 400 mil”, explica. Ainda assim, acrescenta Laércio, os bancos querem enxugar mais o quadro de pessoal. Prova disso, afirma, foi decisão recente do Banco do Brasil, ao lançar campanha de incentivo à demissão para os funcionários mais antigos. Ao mesmo tempo, surgiu uma demanda com mais de sete mil vagas no BB. “Então, o mercado de trabalho para o bancário hoje ficou estabilizado. Há uma rotatividade normal”, pontua. Laércio afirma que há uma estratégia dos banqueiros para que, cada vez mais, o cliente faça o auto-atendimento, seja nas máquinas nas agências ou pela rede nos computadores em casa ou nas empresas. Neste sentido, o sindicalista afirma que vê como procedente uma reclamação ouvida pela reportagem dentro de uma agência bancária, onde um cliente afirmou que além de pagar “um monte de taxas”, ainda era obrigado a operar o caixa. “O cliente está correto nessa afirmação. Tivemos casos na Europa em que os clientes precisaram recorrer à Justiça para ter atendimento humanizado. A máquina não pode substituir o ser humano”, insiste Laércio. O sindicalista se diz pessimista em relação ao assunto porque vê a automação cada vez maior no sistema bancário brasileiro, que além de um dos mais modernos do mundo também é o mais lucrativo. “O Brasil é o paraíso dos banqueiros. Não é à toa que a gente vê, a cada dia, a chegada de mais bancos estrangeiros aqui”, afirma.O caso mais recente é o crescimento do Santander. O grupo espanhol acaba de comprar 72% do Banco Real, do grupo holandês  ABN Amro. O negócio, confirmado esta semana, gera preocupação para os trabalhadores do setor. Laércio acredita que, nos grandes centros, o mais provável é a tendência de acabar com as agências sobrepostas, na mesma rua ou mesma esquina e certamente haverá fechamento de unidades, com demissão de pessoal. Esse, no entanto, não deve ser exatamente o caso de Timóteo, onde o Santander tem uma agência de um lado da Alameda 31 de Outubro e outra bem em frente, do outro lado. “Lá, o Santander possui apenas uma agência pequena, recente, simplesmente para pegar a folha de pagamento de uma empresa. Então, não era uma agência comercial como as outras dos grandes centros. Eles garantiram dois anos sem demissões, mas isso passa rápido e depois pode haver enxugamento”, avalia.
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