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10 de outubro, de 2007 | 00:00

“Tradição” compromete eficiência

Vital Engenharia diz que recolhimento de resíduos particulares compromete os serviços essenciais de limpeza em Ipatinga


Entulho acumulado na avenida Colatina, no Caravelas, cobre parte da via, atrapalhando o trânsito: situação comum na cidade
IPATINGA - A “cultura” de responsabilizar a Administração Municipal pelo recolhimento de todo o lixo e entulho produzido na cidade atrapalha os procedimentos prioritários da limpeza urbana em Ipatinga. A avaliação é do diretor-gerente da Vital Engenharia Ambiental, Lélis Antônio Carlos. Responsável pela coleta de lixo no município desde 2002 e pela destinação final de todos os resíduos produzidos no Vale do Aço, a empresa enfrenta dificuldades para manter um bom padrão de limpeza em função de fatores geralmente associados à falta de informação. Conforme Lélis, a população, em sua maioria, acredita que é de competência da Prefeitura o recolhimento dos entulhos gerados por construções particulares. Na realidade, segundo explica o diretor da Vital, cada munícipe tem direito ao recolhimento de uma quantidade correspondente a quatro carrinhos-de-mão. Em casos específicos, a empresa abre exceções para coletar volumes superiores. “Quando uma pessoa carente adquire um pequeno lote e vai construir, por exemplo, é uma situação diferente e nós damos um apoio. Da mesma forma, entidades de cunho social e a população menos favorecida economicamente merecem uma atenção especial. Desde que o solicitante combine e acerte tudo previamente com a empresa, não deixaremos de atendê-lo de maneira que o lixo não fique exposto por muito tempo na rua”, informa.No entanto, Lélis afirma que os serviços particulares, como obras, limpezas de lotes e demais ações que geram lixo, precisam ser exclusivos de empresas especializadas no recolhimento de entulho. “No caso de Ipatinga, existem pelo menos 10 empresas que atuam nessa área, trabalhando com recolhimento através do serviço de disque-entulho. O problema é que persiste uma ‘tradição’ de a prefeitura recolher o resíduo particular. Cobra-se uma taxa irrisória, que não paga nem o óleo diesel do caminhão, mas é recolhida aos cofres do município”. De posse dessa taxa, a Prefeitura manda uma correspondência à Vital, notificando quais os endereços onde o entulho deve ser recolhido. Segundo Lélis, a empresa vem discutindo com a Administração Municipal e a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (Sesuma) como interromper esse tipo de serviço. “O recolhimento do resíduo pago não faz parte do escopo do contrato firmado entre a PMI e a Vital. Somos contratados para resíduos públicos, mas sempre há uma demanda para o recolhimento de resíduos pagos. Estamos nos aproximando do período chuvoso, e a cidade está cheia de terra espalhada nas ruas. Conseqüentemente, a demanda para a retirada desse tipo de entulho cresce nessa época que antecede as chuvas. Apesar de não termos a obrigação de retirar esses resíduos particulares, acabamos realizando esse atendimento, desde que haja uma programação que não prejudique o serviço público para o qual fomos contratados”, explica Lélis. Aluguel de caçambas pode aliviar demanda  Segundo informa o diretor da Vital Engenharia Ambiental, atualmente a empresa tem liberado em torno de 10 a 15 caminhões por semana para cuidar do recolhimento de resíduo pago, respeitando a ordem de chegada dos pedidos. “Não é nossa prioridade e não somos pagos para isso, mas já que somos responsáveis pela maioria dos serviços gerais da empresa, acabamos fazendo. Isso compromete a limpeza urbana, porque pode acontecer de sermos notificados para limpar determinada calçada onde foi depositada uma enorme quantidade de entulho, quando existem outras prioridades que sempre terão de ser atendidas. Quem sai perdendo é o próprio morador, que pode ficar até uma semana esperando ter o lixo recolhido. Além disso, outros problemas acabam surgindo, porque muitas vezes o entulho ocupa parte da rua e atrapalha o trânsito”, contextualiza Lélis Antônio Carlos.

Lélis informa que o recolhimento do resíduo pago não faz parte do escopo do contrato firmado entre PMI e Vital
No entendimento do diretor da Vital, outro agravante é a falta de informação dos munícipes que desconhecem o procedimento correto para dar a destinação adequada aos resíduos. “Em muitos casos, a população acaba sendo instruída a jogar o lixo na rua e pagar a taxa de recolhimento. O procedimento correto seria contratar uma empresa particular. Assim como a pessoa contrata uma máquina para tirar o entulho de dentro da casa, seria melhor contratar mais dois caminhões para dar a destinação correta. Se ele quiser tirar o lixo aos poucos, o aconselhável é alugar uma caçamba. As empresas que fazem esse serviço não praticam preço abusivo”, diz. Segundo Lélis, a obrigatoriedade da coleta do entulho acontece quando a Prefeitura lavra um auto de infração, uma ação específica para coibir esse tipo de problema. Na avaliação de Lélis, a limpeza do município pode até impressionar os visitantes que passam por Ipatinga. “Na realidade, Ipatinga é uma cidade onde mais se limpa, por que a população não tem colaborado. Caso contrário, certas áreas da cidade não teria de ser limpas freqüentemente”. O diretor da Vital cita o exemplo do canal da avenida Gerasa, cuja programação de limpeza teria de respeitar uma periodicidade de duas vezes ao ano. No entanto, somente neste semestre a Vital realizou três limpezas, e necessita de mais vistorias, segundo Lélis. Apesar das freqüentes campanhas de conscientização organizadas pela Administração e pela Vital, Lélis informa que a sujeira e a poluição nas ruas da cidade têm aumentado. Ao assumir o serviço de limpeza em Ipatinga, a previsão era de que a empresa recolheria 10 mil toneladas de resíduos inertes por mês e que a Prefeitura iria aplicar recursos para diminuir esse quantitativo. “Hoje recolhemos uma média mensal de 11 a 12 mil toneladas. Esse crescimento vem acontecendo de um ano para cá, antes atendíamos uma média de sete mil toneladas por mês. Em bairros mais altos a situação é mais preocupante e estamos encontrando situações de confronto. No Bethânia, recentemente fomos limpar a escadaria da rua Turim e um morador falou que tornaria a jogar o lixo no local. No dia seguinte a escada estava novamente entupida de terra. Esse caso demonstra que uma parcela da população não tem medo de ser punida. Reconhecemos que a equipe de fiscalização da Sesuma é atuante. Em contrapartida, a impressão é que os autos de infração na maioria das vezes não são pagos pelos infratores”, explica Lélis. Processo complexoConforme a Assessoria de Comunicação da PMI, o recolhimento de resíduos de particulares através de serviços terceirizados é uma preocupação da Administração Municipal. Ainda segundo a assessoria, o titular da pasta, Eduardo Rodrigues de Souza, explicou que o objetivo é incumbir as empresas existentes no município dessa responsabilidade, embora reconheça que essa nova dinâmica é um processo complexo.
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