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10 de outubro, de 2007 | 00:00

Padre Rocha chora a falta de água

População “na seca” há uma semana e moradores culpam Copasa pela falta de compromisso; Prefeitura e empresa falam em vandalismo

Wôlmer Ezequiel


Moradores se dizem cansados pela freqüente falta de regularidade no abastecimento
FABRICIANO - Como se não bastasse a infra-estrutura precária, a poeira e a dificuldade de transitar pela região, moradores do bairro Padre Rocha, em Coronel Fabriciano, estão às voltas com o desabastecimento de água há mais de uma semana. Com as caixas vazias, os problemas vão se acumulando. Além de não poderem tomar banho e lavar roupas, a maioria das famílias está sem condições de cozinhar, por falta de água potável e as panelas sujas.A água não cai nas caixas, de acordo com uma das moradoras, desde a terça-feira, 2. “Não é a primeira vez que esse problema acontece. Na verdade, é raro as caixas ficarem cheias por completo. Eles falam em vandalismo, que as pessoas do bairro estão destruindo as tubulações, mas não é bem assim. Na verdade, acredito que isso já aconteceu, mas desta vez é descaso da Copasa com nossa comunidade”, explica Terezinha Patrício, 56.Na Companhia de Abastecimento e Saneamento de Minas Gerais, (Copasa), a informação é que, mais uma vez, o reservatório teria sido alvo de vandalismo. Fios de energia roubados para a retirada de cobre, registros fechados e destruição de tubulações foram as explicações da estatal. Ainda conforme informações obtidas na empresa, o reabastecimento de água seria normalizado na tarde de segunda-feira, 8, mas não isso que aconteceu. Por volta das 15h de ontem, somente algumas residências tiveram o serviço restabelecido.“É um absurdo, ainda mais quando se pensa que tem crianças aqui que precisam tomar banho, beber água, se alimentar. Mas as pessoas não ficam preocupadas com a gente. Temos que andar em busca de água na casa dos outros, descer o morro e eles ainda falam em vandalismo. Muito fácil falar em vandalismo”, critica Eva Maria de Jesus.A moradora Luciléia Souza diz que com a casa suja e a cozinha sem lavar, fica difícil viver com um mínimo de dignidade. “Não tenho condições de fazer comida, as panelas estão sujas, beber água já não é tão fácil. É uma grande falta de interesse das pessoas que podem fazer algo por nós”, frisa.EducaçãoUm outro problema que atormenta algumas mães é a dificuldade para lavar os uniformes dos filhos. Com a falta de água generalizada no bairro, muitos pais resolveram não enviar os filhos às escolas. “O local onde meu filho estuda, por exemplo, não aceita quem estiver sem uniforme. Explicamos que no bairro passamos pela dificuldade, mas mesmo assim eles não quiseram saber”, diz Eva Dionísio. A reportagem foi até a escola onde estuda a filha de Eva, mas ninguém quis gravar entrevista.No bairro Padre Rocha funciona ainda o projeto Educação de Jovens e Adultos (EJA). As atividades, segundo a professora Alaíde Bernardo, foram suspensas devido à falta de água. A partir do próximo dia 16, começa a funcionar no bairro o Programa Brasil Alfabetizado.Falta de infra-estrutura no bairro e poeira para todo ladoA realidade do Padre Rocha não é muito diferente de outros bairros em Coronel Fabriciano. Conforme o prefeito Chico Simões (PT), não há projetos de urbanização programados devido à escassez de recursos. Os moradores disseram à reportagem do DIÁRIO DO AÇO que uma praça estava para ser construída em frente à Igreja Católica da Santíssima Trindade, mas o prefeito nega.“Não há compromisso da minha administração para a construção de uma praça e posso garantir que isso não foi promessa do meu governo. Gostaria de poder fazer mais por aquela comunidade, mas é inviável nesse momento”, explica o prefeito. As ruas Sempre Lustrosa, Rosa Branca e Amélia Fernandes, além da falta de água, não contam com serviços de infra-estrutura básicos. Em alguns pontos, a rede esgoto está estourada e não há pavimentação em nenhuma das três vias.Os moradores dizem que estão preocupados com a atual situação do bairro e se mostram temerosos com o período de chuvas que começa a se aproximar. “É poeira para todo lado. Na época de chuvas começa barro, lama, fica tudo uma bagunça só. É uma pena essa situação aqui no bairro, mas não há nada que possamos fazer”, diz José Tranquilim de Souza.Ainda em relação à dificuldade em conseguir água, a moradora Terezinha Patrício explica que grande parte da população tem que descer o morro até a Casa da Partilha, no Padre Rocha, trajeto complicado feito na maioria das vezes por crianças.Roberto Bertozi
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