09 de outubro, de 2007 | 00:00

Insegurança preocupa comerciantes

Associação de Moradores do Centro pede mais fiscalização, intensificação ao combate a criminosos e vigilância eletrônica

Roberto Sôlha


Para comerciantes, bares próximos à Praça 1º de Maio merecem mais policiamento
IPATINGA - Há dois meses, o comerciante Robson Wilian Morais foi surpreendido quando retornava ao seu estabelecimento, num domingo à tarde. Proprietário da lanchonete Point do Sabor, localizada na rua Mariana, no Centro, Robson foi até à loja para adiantar o serviço para iniciar a semana com tudo organizado. Ao chegar à lanchonete, percebeu que as trancas tinham sido quebradas e notou as portas entreabertas. O prejuízo, segundo Robson, foi algo em torno de R$ 8 mil. O comerciante perdeu vários equipamentos. “O ladrão levou uma balança, R$ 700 em dinheiro do caixa, um refresqueiro e vários cartões de celular. Infelizmente, nada foi recuperado até o momento”, conta. Segundo o presidente da Associação de Moradores do Centro de Ipatinga, Gerson Paulino da Silva, a incidência de assaltos e roubos vem aumentando consideravelmente nos últimos anos. “A exemplo do que aconteceu com Robson, é comum um comerciante ir ao trabalho e ser surpreendido com arrombamento. Esse problema acontece praticamente todo dia aqui no Centro”, afirma. Juntamente a um grupo formado por vereadores, policiais e advogados, Paulino assinou um documento que originou a Portaria 71/2007, protocolada na Câmara no dia 25 de abril. O objetivo é reunir esforços para revitalizar o Centro, envolvendo autoridades para a implementação de políticas públicas para o fortalecimento da segurança da área. No entanto, Paulino informa que até o momento a Comissão de Revitalização do Centro, criada através da portaria, não conseguiu se reunir com a Administração Municipal. “Infelizmente, não podemos agir sem o apoio do prefeito. Entendemos que é importante que o Centro seja mais priorizado pelos nossos gestores”, diz. No documento, as principais reivindicações são a melhoria da iluminação nas vias e praças, soluções para a presença constante de mendigos nas ruas, poda nas árvores. “Também sugerimos medidas que deram certo em outros países e já foram implementadas no Brasil. A instalação do sistema ‘Olho Vivo’, ou seja, câmaras ligadas 24 horas por dia, já é uma realidade em São Paulo e até em cidades como Itabira, que é bem menor que Ipatinga. A fiscalização de lotes vagos que podem ser usados com esconderijo de foragidos da Justiça é outra questão citada na portaria”, argumenta Paulino.A questão da segurança na área central de Ipatinga foi discutida nas reuniões que antecederam a criação da Comissão de Revitalização. Na ocasião, vereadores, comandantes das Polícias Militar e Civil, advogados e representantes da OAB e da Cemig debateram a implementação do projeto que prevê a implantação do projeto Olho Vivo. A vigilância eletrônica prevê a instalação inicial de 18 câmaras de vídeo no Centro e está orçada em R$ 1 milhão. No entanto, a suplementação da verba ainda não foi votada pelo Legislativo. Arrombamentos estão entre ocorrências mais freqüentesEm determinadas regiões do Centro, a insegurança é maior, como nas ruas próximas às praças 1º de Maio e José Júlio da Costa. Conforme os comerciantes que trabalham nas proximidades, o risco de assaltos aumenta por causa de bares que funcionam naquela região. Na rua Carangola, que corta a Praça 1º de Maio, a existência de bares é motivo de preocupação para Paulo Oliveira. Há dois meses, sua banca de revistas foi arrombada e o comerciante teve seu estoque de DVDs e cartões telefônicos roubado. “É fato que esses bares da rua Carangola atraem assaltantes, prostitutas e criminosos. Quem quiser comprovar é só passar ali a qualquer hora do dia. Pessoas bebendo na praça, brigando e perturbando os cidadãos que passam pelo local são cenas comuns do dia-a-dia”, conta.Apesar de trabalhar na mesma banca há 27 anos, ele afirma que nos últimos anos o medo de roubos e assaltos é mais presente. “Todo dia chego aqui com medo de encontrar a banca arrombada. Não tenho condições de instalar um alarme e a segurança policial deixa a desejar”, explica Oliveira.Na loja Cristal Gospel, que fica na rua Carangola e conseqüentemente mais próxima dos bares, o clima de insegurança é justificável. Com apenas um ano de existência, o estabelecimento já foi vítima de três arrombamentos, segundo informam as proprietárias, Sonaly Vital Ferreira e Cláudia Guerra Santana. “Logo na primeira semana em que a loja começou a funcionar, o local foi arrombado. Os bandidos entraram por cima e fizeram um buraco na telha. A mesma situação aconteceu outras duas vezes, e a resposta da polícia sempre foi a mesma. Nos disseram que eles estavam fazendo o seu papel, mas que provavelmente continuaremos a enfrentar o mesmo problema”, lamentam as proprietárias. Nos finais de semana, apontam os comerciantes, a situação é mais crítica. Conforme Gerson Paulino, presidente da Associação de Moradores do Centro, as viaturas policiais raramente trafegam pelas ruas durante a madrugada, facilitando a ação de criminosos. As ruas mais próximas da chamada Crackolândia, no final da rua Diamantina, são os pontos de maior risco, segundo os lojistas. “Quando a minha loja foi arrombada, uma vizinha disse ter visto uma pessoa carregando o material roubado em um carrinho de mão. A ação só pode ter sido efetuada por alguém que mora no próprio bairro. Mas mesmo assim a situação demonstra o nível de audácia dos criminosos”, conta Robson Wilian Morais, proprietário da lanchonete Point do Sabor, arrombada dois meses atrás. Na avaliação de Sonaly Ferreira, uma das proprietárias da Cristal Gospel, o maior prejuízo advindo da ação dos criminosos é a insegurança. “Nós fomos assaltadas três vezes, mas o roubo não foi tão danoso e prejudicial como já vimos acontecer com outros comerciantes aqui do Centro. Mas enquanto as autoridades não agirem para reverter essa situação, continuaremos a enfrentar a incerteza cotidiana e a rezar para que os crimes não se repitam”, finaliza.Roberto Sôlha
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