07 de outubro, de 2007 | 00:00

Sonho do outro lado do mundo

Após passar em seleção nacional, timotense viaja na terça-feira para estudar Medicina em conceituada universidade russa

TIMÓTEO - Na próxima terça-feira, 9, 41 estudantes de 25 cidades embarcam com a Aliança Russa de Educação para fazer graduação e pós-graduação em instituições de ensino superior da Rússia. Com cursos de Medicina, Engenharia Mecatrônica, Ciência Biológica, Direito Internacional, entre outros, os brasileiros vão morar e estudar nas cidades de Belgorod, São Petersburgo e Moscou. A qualidade de ensino e baixo custo atraem cada vez mais estudantes brasileiros para instituições de ensino superior russas. Na turma que vai este ano está o estudante Flávio Seixas Leal, 17 anos, de Timóteo. Na loja do pai, o comerciante Flávio Leal, no Centro Comercial Acesita, Flávio recebeu a reportagem do DIÁRIO DO AÇO para uma rápida entrevista. Ele contou que soube da seleção no meio do ano, quando já se aproximava a sua preocupação com o vestibular, uma vez que está concluindo o ensino médio no colégio Lúcia Casasanta. “Gosto muito de ler jornal e, durante uma dessas leituras, soube da seleção da Aliança Russa. Fiz a inscrição pela internet mesmo e depois participei de entrevistas e análise de currículo escolar”, explicou.ExperiênciaAntes de embarcar, Flávio Seixas pesquisou sobre a qualidade do ensino na Universidade Estatal de Belgorod. “É uma instituição de ensino muito conceituada e eu estou na expectativa dessa experiência. Sei que a região lá tem um padrão bom de vida. Não se trata de um país tão desenvolvido, mas é como nos padrões brasileiros. Então acho que ir para lá será a realização de um sonho meu, que é estudar fora do país, e estou feliz”, afirmou. O estudante disse que os colegas e amigos levaram um susto quando souberam de sua viagem para a Rússia, mas depois se acostumaram, até porque, recentemente, uma colega já havia embarcado para estudar na China. Apoio familiar à distânciaO comerciante Flávio Leal confirmou que sua família vive grande expectativa com a viagem de Flávio Seixas para a Rússia. “A ansiedade não deixa de estar presente no coração da gente mas, por outro lado, também existe uma expectativa positiva, porque é um desafio novo, uma conquista muito grande para o Flávio, profissionalmente e pessoalmente. Sempre buscamos, na família, preservar os valores e conciliar o crescimento com integridade, honestidade, visando sempre os valores humanos”, afirmou. O pai acredita que, mesmo distante geograficamente, será possível manter-se perto do filho, de forma a preservar a proximidade que sempre foi muito forte entre eles. Ele acrescentou que, no processo de aprovação do seu filho pela Aliança Russa, receberam peso significativo critérios como desempenho, freqüência, comportamento e notas obtidas ao longo da vida escolar.Vida de estudante na ex-república comunistaNa Rússia, o estudante Flávio Seixas terá que arcar com os custos de hospedagem, como se fosse estudar no Brasil em alguma universidade federal. A diferença será o gasto com passagens aéreas. O desconhecimento do idioma não chega a ser um problema, pois as universidades russas possuem faculdades preparatórias para o ensino da língua nativa. O tempo dessa preparação depende de cada um, e varia de sete a 16 meses. Depois de um teste de proficiência, o estudante inicia a faculdade. A pessoa pode morar nos dormitórios da própria instituição.Mais do que um curso e um novo idioma, quem vai para a Rússia tem a chance de estar próximo de uma das mais intensas culturas do mundo. Para quem está acostumado com as montanhas de Minas ou o calor das praias e cachoeiras, o frio russo pode gerar preocupações. A busca do ensino superior fora do Brasil não é tão incomum quanto parece. Terça-feira passada, a reportagem do DIÁRIO DO AÇO mostrou a luta da enfermeira Adriane Duarte, 25 anos, e Rômulo Oliveira Alves, 19 anos, que deixaram Ipatinga dia 22 de setembro para estudar Medicina em Cuba.   Rússia é pólo de estudo mundialA Aliança Russa é a representante oficial das principais universidades russas no Brasil desde 2005. Seu trabalho é promover a seleção dos candidatos, orientando sobre o processo de escolha da faculdade, obtenção da documentação necessária e inscrição da universidade, além de assessoria durante a viagem até a chegada do estudante ao seu local de destino.Reconhecida mundialmente como um centro de excelência em ensino superior, a Rússia atrai também pelo baixo custo dos estudos, que é parcialmente subsidiado pelo governo. O valor é consideravelmente mais barato se comparado com outras instituições mundiais, ou mesmo com universidades particulares brasileiras. Uma outra vantagem é que os estudantes estrangeiros têm vagas preferenciais. Se o interessado atender a todos os requisitos, ele entra na universidade sem vestibular. Os brasileiros têm a opção de estudar em quatro instituições de ensino superior russas: a Universidade Estatal de Belgorod, para onde vai o timotense Flávio Seixas Leal, a Politécnica, de São Petersburgo, e as moscovitas Universidade da Amizade dos Povos e Academia Médica Sechenov, considerada pela UNESCO a segunda melhor faculdade de Medicina do mundo.Ao retornar ao Brasil após a graduação, o estudante submete o diploma adquirido a um processo de reconhecimento em uma universidade brasileira. Trata-se de procedimento padrão para qualquer brasileiro que faça graduação em algum centro de ensino estrangeiro. A partir de 2010, os diplomas das universidades russas serão reconhecidos em toda União Européia, o chamado Diploma Único de Estudos Superiores da Europa.Alex Ferreira